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Feminismos é Igualdade

14
Dez21

Regulamento do I Concurso Literário Maria Conceição Pereira (NOVA DATA!)


umarmadeira

cartaz concurso literario 2022

I CONCURSO LITERÁRIO

MARIA CONCEIÇÃO PEREIRA

 

REGULAMENTO

 

O Concurso Literário Maria Conceição Pereira é promovido anualmente pela União de Mulheres Alternativa e Resposta, Núcleo Regional da Madeira, com o objetivo de revelar novos talentos no domínio da criação literária, promover a criatividade e a utilização da escrita na emancipação e empoderamento feminino. É, ainda, um tributo a Maria Conceição Pereira, uma das fundadoras da UMAR, falecida em 2020.

Maria Conceição Pereira nasceu em abril de 1936, na freguesia do Seixal, na Madeira. Durante a juventude teve que conciliar o trabalho com a sua enorme vontade de estudar. Conseguiu enfrentar as contrariedades e tornou-se ela própria regente escolar. Trabalhou na Câmara do Funchal e no âmbito dos organismos operários da Ação Católica envolveu-se na luta antifascista. Em 1972, decidiu ir para França onde trabalhou e estudou regressando à Madeira em 1975 com um diploma da Alliance Française. De empregada doméstica em França a professora no Funchal, a sua experiência de vida é um ensinamento. Mulher de luta, envolveu-se nas questões políticas e sociais durante o Verão Quente enquanto conquistou habilitação própria e a profissionalização. Sindicalista desde que começou a lecionar, Maria Conceição Pereira bateu-se sempre pelos direitos das mulheres. Como cofundadora, ajudou a criar, com Guida Vieira e Assunção Bacanhim o núcleo da UMAR Madeira em 1976, mantendo-se ativa durante décadas, mesmo em idade muito avançada.

Apaixonada pela escrita, utilizava as palavras para retratar muitas das lutas vividas e as suas experiências, dando destaque às histórias de mulheres que foi conhecendo ao longo da sua vida.

Para 2021-2022, a proposta é a escrita de textos, que abordem os “Direitos Humanos das Mulheres”, em prosa ou poesia, de ficção literária ou não ficção, que respeitem os princípios da associação.

Prevê-se a atribuição de 6 prémios monetários: 3 para trabalhos em prosa, e 3 para trabalhos em poesia.

 

Art.º 1

As concorrentes

Ao referido concurso poderão concorrer todas as mulheres, a partir dos 16 anos de idade, residentes na Região Autónoma da Madeira.

 

Art.º 2

Os trabalhos

Apenas serão considerados para efeito de concurso as obras que cumprirem as condições gerais a seguir indicadas:

  1. O tema é “Direitos Humanos das Mulheres”. A apresentação do tema fica ao critério e criatividade das participantes e os textos podem ser escritos em prosa ou poesia, com o género literário à escolha (ficção ou não ficção);
  2. As obras devem ter um mínimo de 3 (três) e um máximo de 10 (dez) páginas em qualquer das modalidades;
  3. As obras concorrentes devem ser inéditas.
  4. As obras têm de ser escritas em Língua Portuguesa. O Acordo Ortográfico fica ao critério da participante;
  5. Os textos devem ser em formato A4, escritos com o tipo de letra “Times New Roman”, tamanho 12, espaçamento 1,5 e páginas numeradas;
  6. As obras devem apresentar uma folha de rosto (folha em branco) contendo, apenas, o título, a modalidade (Prosa ou Poesia) e pseudónimo da participante;
  7. Cada concorrente só pode apresentar um trabalho.

 

Art.º 3

A candidatura

As obras deverão ser enviadas até ao dia 18 de abril de 2022, para o e-mail umarmadeira@gmail.com, obedecendo aos seguintes critérios:

  1. No assunto do e-mail: “Concurso Literário Maria Conceição Pereira_Título da obra”;
  2. Em anexo: documento Word ou PDF da obra (este deve ser nomeado apenas com o título da obra) e documento Word ou PDF (este deve ser nomeado com o título da obra e pseudónimo) contendo as seguintes informações:

- Pseudónimo;

- Título da obra;

- Nome completo;

- Morada;

- Data de nascimento;

- Contacto telefónico;

- E-mail.

Em alternativa, os trabalhos poderão ser entregues pessoalmente, na sede da Associação (Avenida Calouste Gulbenkian, Edifício 2000, 9º andar), devendo ser feito o agendamento através do contacto 93 0418256. Para o efeito, os trabalhos devem ser entregues da seguinte forma:

- Um envelope A4 contendo, no seu interior, 3 cópias da obra, agrafadas, e outro envelope menor e fechado, com os dados pessoais anteriormente descritos. O envelope A4 deverá ter, no seu exterior, apenas o título da obra e pseudónimo da participante.

 

Art.º 4

O júri

A apreciação das obras a concurso é efetuada por um júri constituído por elementos do secretariado e personalidades convidadas pela associação.

O júri decide por maioria e poderá não atribuir prémios se não se verificar a qualidade desejada.

Das decisões do júri não há recurso.

 

Art.º 5

Atribuição de Prémio

O critério de atribuição de prémios privilegiará, genericamente, a qualidade literária, a criatividade e a imaginação, sendo que os textos devem abordar claramente o tema do concurso.

As obras premiadas ficarão na posse da UMAR Madeira.

 

Art.º 6

Os prémios

Serão atribuídos os seguintes prémios:

  1. a) 1º Prémio Prosa: 250 euros.
  2. b) 2º Prémio Prosa: 150 euros.
  3. c) 3º Prémio Prosa: 100 euros.
  4. d) 1º Prémio Poesia: 250 euros.
  5. e) 2º Prémio Poesia: 150 euros.
  6. f) 3º Prémio Poesia: 100 euros.

 

Art.º 7

Os resultados

O anúncio dos resultados será feito em sessão pública, em data a decidir. Todas as participantes serão informadas via e-mail ou telefone.

 

Quaisquer casos omissos no presente Regulamento são resolvidos pela União de Mulheres Alternativa e Resposta, Núcleo Regional da Madeira.

06
Dez21

Um Longo Caminho


umarmadeira

ARTIGO DE CARINA DE CÁSSIA JASMINS

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A humanidade tem percorrido um enorme caminho, desde os primórdios das sociedades, na sua conceção mais rudimentar, a força física sempre teve uma grande importância para a sobrevivência da nossa espécie. O sexo masculino manteve, assim, quase sempre ao longo da história, o poder, salvo algumas exceções em sociedades onde o poder feminino era reconhecido.

A sede de poder manteve-se ao longo dos tempos, com guerras, batalhas, conflitos onde sempre dominou a luta pelo poder, a força masculina e o patriarcado. As mulheres pouco tinham a dizer e o seu valor era pouco ou mesmo nenhum, apenas serviam para a vida doméstica e para cuidar dos filhos. Não interessava a sua opinião, nem as suas ideias, viviam uma vida sem horizontes, em que os seus sonhos eram apenas fantasias, fechados nas gavetas da mente, onde sonhar com uma vida onde fossem senhoras do seu destino era impensável.

E assim permaneciam, amordaçadas e abafadas em vidas, muitas vezes, vazias de sonhos, de realização pessoal. Algumas arriscavam expressar em voz alta o que lhes ia na alma, mas quase sempre eram silenciadas. não interessava que ganhassem voz, o poder permanecia nas mãos de quem sempre o teve. Algumas mulheres mais abastadas, muitas vezes, tinham o privilégio de receber instrução e uma boa educação, mas sempre com o objetivo de entreter o marido e os convidados nos seus círculos de convívio e nunca para a sua própria realização.

Algumas dessas mulheres que conseguiam estudar e que lhes era permitido ter uma nova visão do mundo, muitas vezes manifestavam a sua insatisfação em relação à desigualdade, injustiça e indiferença a que o sexo feminino era votado.  Algumas delas, escreveram livros, revoltaram-se, falaram, mas o poder masculino não dava a mínima hipótese dessa insatisfação crescer e multiplicar-se na sociedade. Eram silenciadas, ameaçadas e, muitas vezes, morreram na defesa dos valores que achavam justos. Apenas desejavam uma sociedade igualitária, em que a voz das mulheres fosse ouvida e tida em conta, que tivessem um papel a desempenhar além do doméstico e que pudessem ser livres para sonhar e realizar os seus sonhos.

Muitas mudanças foram ocorrendo nas sociedades, mas o papel das mulheres mantinha-se quase inalterado ao longo dos tempos. Até mesmo durante o Iluminismo, com os ideais que inspiraram a revolução francesa e uma nova sociedade, as mulheres eram impedidas de manifestar as suas ideias por aqueles que supostamente traziam a mudança, como Rosseau, que via a mulher como frágil e submissa, devendo cingir-se apenas ao seu papel doméstico. As mulheres eram impedidas de integrar os grupos que se juntavam para discutir estas novas ideias, muitas delas formavam grupos apenas de mulheres para puderem falar e discutir sobre as novas ideias que surgiam. Uma das mulheres que pagou com a própria vida o facto de ter manifestado as suas ideias e desafiado o poder instituído da sociedade patriarcal foi Olympe de Gouges, que por lutar pela igualdade das mulheres, foi condenada à guilhotina.

Apenas com a Revolução Industrial e com a extrema desigualdade de condições entre homens e mulheres nos trabalhos exercidos nas fábricas, começou a surgir uma grande revolta que gerou uma força impulsionadora na luta pelos mesmos direitos. Muitas mulheres uniram-se nessa luta para que algumas mudanças pudessem ocorrer, o seu trabalho foi difícil, lutando contra um poder instituído durante séculos, foi uma luta muitas vezes inglória, mas graças à sua garra, coragem, persistência e resiliência foram conseguindo, aos poucos, pequenas mudanças e mais justiça na sociedade.

Ao longo da História, muitas mulheres deram a vida para que os direitos das mulheres existissem e fossem implementados, a elas agradecemos, nos dias de hoje, podermos ser livres de escolher o nosso caminho. Pelo menos na Europa já se pode considerar que existe uma maior igualdade, embora ainda seja necessário continuar a trabalhar para que seja fortalecida.

Infelizmente, em muitas partes do Mundo, os direitos das mulheres ainda são muito pouco respeitados e em alguns países estes quase não existem, é uma luta quase interminável, mas, embora demorada, um dia será uma realidade em muitos mais países.

Comemora-se amanhã, dia 25 de novembro, o dia para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Este dia lembra-nos do trabalho que ainda há a fazer na nossa região, no nosso País e no Mundo para que as mulheres possam ser respeitadas e ouvidas.

Infelizmente, ainda para muitos homens, o valor das mulheres é pouco ou nenhum, são maltratadas e, muitas vezes, mortas de maneira violenta e atroz. Que nunca seja esquecido o valor das mulheres, muitas vezes podem ter menos força física, mas têm muita força interior, aquela que vem do coração, são muitas vezes o alicerce da família, da sociedade e do mundo. Porque com a evolução da sociedade, não é a força física que vai construir um Mundo melhor, mas sim, cada vez mais, a força do Bem, da Justiça e da União entre todos e todas.

A luta não é a da supremacia das mulheres, mas sim a da Igualdade, caminhando para uma sociedade mais justa em que todas/os usufruam dos mesmos direitos, caminhando lado a lado.

Desejo que, no futuro, haja uma verdadeira união, que mulheres e homens trabalhem em conjunto por um Mundo Melhor, respeitando-se e olhando-se como iguais, dando as mãos. Nesse futuro distante que o meu coração prevê ser possível, a humanidade trabalhará como um todo, em conjunto, sem distinções, nem diferenças e cada um dará o melhor se si, colocará os seus talentos, dons e qualidades na transformação de si próprios e de todos, construindo um Mundo mais justo e mais feliz.

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09
Nov21

Que a mobilização pela dignidade vença a inércia e a indiferença!


umarmadeira

ARTIGO DE LUÍSA PAIXÃO

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«Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar»

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

Recordando Sophia, na semana do seu aniversário, permito-me pedir emprestadas as suas palavras.

O poema “Cantata da paz”, apesar de ter sido escrito e publicado numa época em que abundavam as ditaduras e o imperialismo europeu e americano ainda era “vendido” como inevitável num processo que calava a dor e o sangue derramado com a desculpa de um bem maior que, afinal, nada mais era do que a linguagem do terror, adequa-se, igualmente, à realidade do século XXI, representando quiçá o retrato que todos as forças políticas deveriam, mais do que analisar, vivenciar de perto, antes de se apresentarem aos eleitores, nas eleições que se avizinham.

Os relatórios da fome, de que nos fala Sophia, não podem continua a ser ignorados e urge denunciar a alta voz e em uníssono a vergonha que representam, para que não continuem a ser silenciados pelas jogadas de bastidores e por programas abstratos que ninguém lê.

Mas a população em geral, que vota e elege não está, igualmente, isenta de responsabilidades, pois ninguém tem o direito de substituir as suas responsabilidades cívicas pela sedução do discurso fácil e da passerelle onde desfilam as vaidades individuais e de grupo, nem pelas agendas voláteis, que se evaporam assim que as sondagens o exijam.

Em Portugal uma em cada cinco pessoas é considerada pobre, taxa que na Madeira é de um para cada três, dos quais um terço aufere salário. A partir destes resultados, podemos concluir que, no nosso país e na nossa região, trabalhamos para ser pobres, ou seja, o adjetivo pobre ganhou uma dimensão que, vergonhosamente, aproxima o Portugal do século XXI do Portugal do Estado Novo. Por outro lado, a própria condição de pobre, ganha uma hierarquia, entre os que trabalham ou recebem subsídio de desemprego e os que não têm qualquer tipo de rendimento.

Mas, a situação piora se estivermos a falar das mulheres, das crianças e das pessoas idosas a taxa de pobreza atinge percentagens ainda mais preocupantes, nomeadamente no caso das mulheres em que atinge 20%, situação que a epidemia veio agravar devido às desastrosas políticas sociais mal direcionadas.

Já no que diz respeito às crianças, herdeiros involuntários do Pecado Organizado de que nos falava Sophia, herdaram a pobreza financeira, mas também estão a herdar a pobreza da qualidade ambiental e da qualidade de vida, sendo estas duas últimas comuns a todas as crianças, independentemente do seu estatuto socioeconómico.

Mais uma vez, teremos a oportunidade de escolher o que queremos para o futuro do nosso país. Que a mobilização pela dignidade vença a inércia e a indiferença, porque cada vez que calamos a nossa indignação estamos a remeter para a invisibilidade social aquelas e aqueles que, pela extrema fragilidade em que sobrevivem, não têm voz.

Afinal, para que o mal triunfe basta que os bons não façam nada. Mas será que quem nada faz merece esse nome?

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01
Nov21

Invisibilidade das mulheres – mito ou realidade?


umarmadeira

ARTIGO DE MADALENA SACRAMENTO NUNES

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Vivemos num mundo tão concebido e filtrado pela visão masculina que nem nos damos conta de como ele pode discriminar as mulheres, colocando-as em risco, sem ninguém se aperceber disso. Nem mesmo elas. Trago-vos alguns dados que resultam de investigações variadas e que ajudam a perceber o que acabei de afirmar.

Começo pelo mundo automóvel. Os automóveis são desenhados maioritariamente para os homens. São 71% menos seguros para elas do que para eles. Porquê? Porque o corpo masculino é a referência para todos os equipamentos de proteção do automóvel e os algoritmos ou testes que ajudam a calcular os riscos e o desenho dos equipamentos de proteção têm por base a noção de “ser humano” que se baseia no padrão do corpo masculino, que é anatomicamente muito diferente do feminino. Por isso, as mulheres estão mais expostas a acidentes rodoviários fatais. Não se compreende como, sendo as mulheres a maioria da população mundial, continuem a ser excluídas de testes e estudos que servem de base à melhoria das condições de segurança rodoviária, continuando esses estudos a usar quase exclusivamente os homens ou bonecos com a sua estrutura padrão. Por isso as mulheres têm mais 47% de probabilidade de ficarem feridas num acidente automóvel do que os homens, mais 71% de probabilidades de ficarem com lesões graves e mais 17% de probabilidades de morrerem.

Caroline Criado Perez fez investigação em diversas áreas e, no seu livro “Mulheres Invisíveis: Como os dados configuram um mundo feito para os homens”, relata uma série de casos em que se perceciona claramente que, no século XXI, o padrão em que se constrói o mundo continua a ser o masculino. De vários exemplos que ela dá refiro os seguintes:

  • Padrão de temperatura dos escritórios nos Estados Unidos – a fórmula usada para a calcular foi estabelecida em 1960 e tomou como padrão o metabolismo basal de um homem de 40 anos e 70kg de peso. Contudo, estudos recentes provam que as mulheres quando trabalham num escritório têm um metabolismo muito mais baixo, o que as leva a bater o dente e a embrulharem-se em casacos e cachecóis dentro do escritório, em pleno Verão, enquanto os homens andam de manga curta e se sentem confortáveis.
  • Coletes oficiais de proteção balística – concebidos para o corpo masculino, não se ajustam ao peito das mulheres, nem ao tamanho dos seus corpos, acabando por desprotegê-las e dificultar o seu trabalho. Relata aliás um caso de uma agente policial espanhola que adquiriu um colete no mercado particular que se ajustava ao seu corpo e que lhe custou 500€, para poder trabalhar de forma eficaz e segura. Teve de enfrentar um processo disciplinar.
  • Reconhecimento de voz – Em 2016, Rachel Tatman concluiu que o software da Google tinha mais probabilidade de reconhecer vozes masculinas (70%) do que femininas. Ou seja, quando muitas mulheres davam ordens o equipamento não obedecia, nem reconhecia a ação que lhe estava a ser ordenada. Se pensarmos na medicina, em que esta tecnologia é cada vez mais usada, o tempo para tentar que o software reconheça a instrução dada, pode ter consequências graves nos pacientes e reverte negativamente para as mulheres que o usam, pois acabam por demorar mais tempo a corrigir os enviesamentos tecnológicos pensados para os homens, podendo ser acusadas de serem mais lentas e menos eficazes na resolução das tarefas do que os seus colegas homens.

A tecnologia reforça esta discriminação de género, levando a que se cometam erros graves, pois os cálculos baseiam-se em dados do tal “ser humano” que mais não é do que a referência padrão do corpo masculino, fazendo com que os equipamentos de diagnóstico médico induzam em erro quem lê esses dados. Do diagnóstico ao tratamento, as mulheres correm riscos muito mais díspares do que os homens, precisamente pelos enviesamentos introduzidos nos cálculos e nos dados submetidos a exame.

A desigualdade de género está presente em todas as áreas da vida quotidiana, mesmo que não tenhamos consciência disso. Quanto mais percebermos que ela existe, mais nos envolveremos para a combater. Quanto mais lutarmos para que as mulheres estejam representadas em todas as áreas profissionais e políticas, mais garantias teremos de que o défice informacional de género diminua. Há casos de que os homens nem se lembram, pois não sentem essa necessidade, ou que acham nojentos. Pensemos, por exemplo, nos extratores de leite materno, nas soluções variadas para os dias em que a mulher está menstruada e que geraram a tantos homens nas direções das empresas esgares de nojo e repulsa, perante os projetos que várias mulheres lhes apresentaram.

Combatamos a invisibilidade das mulheres com a sua maior representatividade nas diferentes estruturas de poder e do conhecimento. Fazê-lo é garantir que a investigação não as esquece, de que elas estarão presentes na tomada de decisões e ajudarão a quebrar o enviesamento masculino que ainda existe em todos os setores das nossas sociedades.

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13
Out21

Só com Mudança de mentalidades é possível conciliar a vida profissional, familiar e pessoal!


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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A já longa situação Pandémica de COVID19, que se abateu no mundo e que nos afectou a todas/os, mas que hoje, felizmente, já está a caminhar para a sua quase normalidade, mas temos de continuar com alguns cuidados, mesmo assim, por mais algum tempo, e passados que são quase dois anos, tem trazido ao de cima algumas reivindicações que se encontravam adormecidos tais como: os horários de trabalho e a conciliação da vida familiar e pessoal. Embora sejam uma questão crucial das sociedades actuais com reflexos a vários níveis e em múltiplas dimensões da vida das/os trabalhadores, desde a questão da demografia e os problemas decorrentes da baixa natalidade para a sustentabilidade da economia e do sistema de protecção social, aos problemas da igualdade entre mulheres e homens no trabalho, na família e na sociedade e os estereótipos de género que continuam a atribuir o papel de principal cuidadora, limitando ou menorizando o seu papel social e profissional enquanto mulher.

A taxa de empregabilidade da mulher é grande, mas apesar de haver sinais positivos sobre a participação dos homens ao nível da partilha de responsabilidades na vida familiar, existe uma grande distância entre a partilha equilibrada de responsabilidades e as realidades quotidianas. São as Mulheres que mais dificuldades sentem na conciliação do trabalho com a vida familiar e pessoal. Algumas veem-se forçadas a suspender as suas carreiras profissionais para cuidar dos/as filhos/as e não é por acaso que a maioria das/os cuidadoras/es informais são mulheres, abdicam a título temporário ou definitivo do trabalho remunerado para prestar assistência a cônjuge, pais, filhos ou outros familiares em condição de fragilidade ou de dependência. E são as Mulheres que mais recorrem ao apoio extraordinário à família, o que torna mais claro as assimetrias que continua a marcar a prestação de cuidados no seio familiar.

 

Neste contexto, os efeitos causados pela pandemia e o teletrabalho para um grande número de mulheres, aprofundaram ainda mais as dificuldades já existentes com a conciliação entre trabalho e vida familiar e profissional.

Na prática, o prolongamento generalizado e a constante irregularidade dos horários e tempos de trabalho são claramente incompatíveis com a necessidade de conciliar diariamente a vida profissional com a vida familiar e pessoal, não favorecem a efectivação do direito ao lazer e à cultura e, muitas vezes, têm repercussões negativas na saúde dos/as trabalhadoras/es.

Gostava de dizer que, apesar dos significativos progressos registados, a verdade é que a sociedade parte ainda do pressuposto que cabe à mulher assumir a quota principal das responsabilidades da família, que sejam as mulheres a gozar maioritariamente todas as licenças, faltas e dispensas relacionadas com o apoio à família, enquanto relativamente aos homens, tais práticas continuam a ser mal vistas e mal aceites.

Por outro lado, assiste-se a uma contínua degradação dos serviços públicos, sendo uma fonte de preocupação para as famílias que acaba por afectar as questões da conciliação. Porque a conciliação da vida profissional e familiar é um direito fundamental de quem trabalha e que as entidades empregadoras têm o dever de respeitar e facilitar, porque é necessário identificar as necessidades das mulheres e homens e das suas famílias e dar-lhes uma resposta urgente e cabal e não é isso o que se passa, infelizmente.

A dificuldade em conciliar as diferentes esferas da vida é uma realidade quotidiana que afecta e condiciona diariamente a vida de quem trabalha e das suas famílias, complicando o dia-a-dia, e provocando a destabilização  das relações entre as pessoas, perturbando a educação e o desenvolvimento harmonioso das crianças e jovens, distorcendo as vivencias familiares e sociais , fazendo crescer fenómenos como o stress, depressão, ansiedade, burnout e a falta de motivação. Estes são cada vez mais relatados por um significativo número de trabalhadoras/os face à enorme pressão para responder às exigências do ambiente de trabalho moderno e à actual situação pandémica. Tal ocasionou repercussões, não só na vida profissional como também na vida pessoal, familiar e social.

Por isso, sem discutir-se o tempo de trabalho e a organização do tempo de trabalho e sem se procurar um justo equilíbrio entre tempos de trabalho e tempos de não trabalho, não se pode discutir a conciliação entre as várias esferas da vida das/os trabalhadoras/es.

Enquanto as leis que se aprovam não tiverem aplicação à vida concreta das famílias e a conciliação for vista pelo prisma do interesse das empresas e não for reconduzida ao plano das necessidades e interesses das pessoas e das famílias, também não é possível discutir e, muito menos, concretizar qualquer tipo de conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal, do meu ponto de vista. É preciso combater a instabilidade e a precariedade dos vínculos laborais, dando vínculo de trabalho efectivo que garanta estabilidade a quem trabalha. É preciso adequar ao exercício das responsabilidades familiares o cumprimento das normas laborais de protecção das mães e dos pais trabalhadores. Há que investir e melhorar os serviços públicos nas áreas sociais, da saúde, dos transportes e da habitação, a fim de proporcionar a quem vive do seu salário e às suas famílias maiores facilidades de conciliação e das suas responsabilidades familiares com a sua vida profissional.

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06
Out21

A chama digital


umarmadeira

ARTIGO DE FÁBIO DINIZ

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No nosso quotidiano somos invadidos a cada minuto por uma enchente de informação, conteúdos, alertas e notificações, nos vários dispositivos presentes em nossas vidas.

As redes sociais passaram a ser um hábito vicioso, de tal forma que, tornamo-nos dependentes desses meios para divulgar e demonstrar o que em nossa rotina acontece.

Os “likes” sinalizam a aprovação dos conteúdos manifestados em nossas cronologias e perfis, mas sem os mesmos tudo fica invalidado e inexistente. Sim, vejamos bem que, as selfies tornaram-se algo tão banal que, estranho é daquelxs que não as utilizam.

Tudo isto, se bem utilizado, de forma saudável e equilibrada não nos traria qualquer problema. Em contrapartida, o sistema digital produz o efeito contrário, tornando-nos adictos e reféns.

É uma era e um tempo que vamos almoçar ou conviver com família e/ou amigxs e o bombardeamento de notificações e sons é constante. Isso causa um distanciamento entre nós, humanos e, consequentemente com toda a Natureza.

As crianças e os jovens têm já um contacto tão íntimo com os aparelhos e dispositivos eletrónicos que, assusta e impressiona toda a ancestralidade.

Lamentavelmente sofremos solidão, carência, ainda que tenhamos humanos e pessoas próximas, mesmo aquelas que estão ao nosso lado fisicamente, naquele momento.

Os telemóveis nos distanciaram, deixaram a frieza mais evidente em vários e inúmeros ambientes.

Será que necessitamos utilizar tantas horas por dia as redes sociais? E os aparelhos eletrónicos e dispositivos móveis?

Os nossos afetos, as nossas relações, sejam connosco ou com o próximo, até que ponto estão comprometidos?

Aqueles momentos de meditação reflexiva, do olhar atento e carinhoso com o companheiro, o abraço na mãe, a atenção e o cuidado com o gato… quando iremos resgatar?

A chama digital nos tem afastado de nós mesmxs, dxs nossxs entes queridxs, daquelxs que mais gostamos, sejam animais humanos ou não humanos, da Natureza e da nossa Terra. Lutamos e corremos por um “like”, por um comentário e/ou por uma aprovação meramente idealizada e irreal.

Talvez tenha chegado o momento de revermos a utilização e a importância que atribuímos aos dispositivos móveis, aos ecrãs digitais e às redes sociais.

“Nunca as pessoas tiveram tão próximas nas redes sociais e, ao mesmo tempo, tão distantes de si mesmas. Eis a era da solidão.” – Augusto Cury.

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27
Set21

Votar: o verdadeiro superpoder do ser humano.


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ARTIGO DE VALENTINA SILVA FERREIRA

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Imagem retirada do Gabinete Alunos Engenharia Biomédica, UMinho

 

Ontem, aconteceram as Eleições Autárquicas no nosso país. Segundo os dados disponibilizados no site da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, quando 99,58% dos votos estavam já contados, a taxa de abstenção era de 46,3%, a segunda taxa de abstenção mais alta desde as primeiras eleições autárquicas, em 1976. E recuemos a esse ano. Foi a 25 de abril de 1976, que os portugueses e as portuguesas puderam votar para eleger, pela primeira vez, os seus representantes na Assembleia da República, o órgão legislativo nascido no recente regime democrático. O desconhecimento pela função do novo órgão legislativo e a iliteracia política poderão ter justificado esse valor. Precisamente um ano antes, essa participação terá sido esmagadora: 91,7% dos 6,2 milhões de eleitores/as recenseados/as elegeram os deputados que prepararam e aprovaram a nova Constituição. Foi o valor mais elevado de participação em eleições democráticas em Portugal. Como era preciosa a liberdade e a participação política! Recorde-se que, durante o Estado Novo, o voto estava limitado ao comum dos cidadãos, sendo que as restrições impediam o voto geral e universal, sem a ocorrência de eleições livres, justas e democráticas. Relativamente ao voto das mulheres, os obstáculos eram maiores e tornavam praticamente impossível a participação da mulher no ato eleitoral.

Ontem, no rescaldo dos resultados, falava-se na importância do voto obrigatório. Sem ter feito muita reflexão sobre o assunto, confesso, no imediato questiono se não será perigoso levar às urnas cidadãs/cidadãos pouco interessadas/os com a política e haver riscos de aumentos de participação eleitoral concentradas em propostas, partidos ou políticos/as populistas e extremistas. Parece-me mais sensato alargar, por exemplo, a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento ao Ensino Secundário, cujos/as jovens estão mais perto da idade de votar, e apostar na consciencialização para essa participação consciente e democrática. De momento, é, apenas, uma componente do currículo desenvolvida transversalmente com o contributo de todas as disciplinas e componentes de formação no ensino secundário, o que significa que, sem querer retirar nenhum mérito às professoras e professores das diferentes disciplinas, não haverá uma maior preocupação – e, sejamos justas/os, o tempo letivo é curto para tanto objetivo - no cumprimento do currículo das próprias disciplinas do que nos temas que a Cidadania e Desenvolvimento propõem? Enquanto disciplina autónoma nos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico, não faria sentido alargar e incluir projetos de educação de diferentes Associações relacionadas com os Direitos Humanos, como aliás, já acontece com o Projeto ART’THEMIS+, da UMAR? Estamos em algumas turmas de algumas escolas da RAM, mas somos poucas, e mesmo voluntariosas em muitos dos pedidos (que vai além das horas e ordenado previstos em contrato), não conseguimos chegar a todo o lado, infelizmente. O investimento nessa área não deveria ser maior? Associações que trabalham, através de Técnicas/as especializadas/os, profundamente e na prática, estas questões não deveriam ser mais valorizadas? Não deveriam ser incluídas no âmbito da Secretaria Regional de Educação? Eu iria, até, mais longe relativamente à disciplina de Cidadania e Desenvolvimento: esta não deveria ser incluída, enquanto cadeira, nas diferentes Licenciaturas?

Contornar um trabalho de educação e de prevenção para preferir uma “solução imediata” – e para chorar abstenções, por exemplo - dá, realmente, mais encargos (humanos, logísticos, financeiros…), mas não deveria essa mesma educação para a cidadania ser privilegiada? Ficam as reflexões. Votar é o verdadeiro superpoder do ser humanos, mas as pessoas também precisam ser educadas para isso.

Ontem, no Funchal, local onde a UMAR tem desenvolvido grande parte do seu trabalho, embora, mais uma vez, os nossos braços tentem chegar a outros concelhos, ganhou a coligação Funchal Sempre à Frente (PSD/CDS). Eu não poderia terminar este artigo sem deixar de agradecer ao Miguel Silva Gouveia e a todo o seu executivo pelo enorme trabalho realizado em prol das cidadãs e dos cidadãos funchalenses no último ano, sobretudo, e ao que à UMAR diz respeito, a possibilidade de existir uma sede de trabalho; a possibilidade de podermos concorrer ao Apoio ao Associativismo e, com isso, alargarmos o nosso âmbito de atuação; a possibilidade de termos uma Feira semanal que permite que algumas dezenas de mulheres, artesãs e sem outros rendimentos, vendam os seus produtos e tenham alguma independência económica; a possibilidade de criarmos parcerias entre o Município e as suas entidades, como é o caso dos Centros Comunitários, no desenvolvimento de ações concretas; a possibilidade de coorganizarmos o Madeira Pride, em conjunto com outras associações; entre outras.

Ao novo Executivo Camarário, deixo os parabéns e votos de bom trabalho e que possamos continuar, juntos/as, esta caminhada por uma sociedade mais justa, igualitária e responsável.

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20
Set21

Sometimes I Might Be Introvert


umarmadeira

ARTIGO DE PAULO SOARES D'ALMEIDA

foto artigo paulo

Ainda há muitos álbuns que irão ver a luz até ao final do ano que, certamente, serão marcantes, mas acredito piamente que o Sometimes I Might Be Introvert, da britânica de origem nigeriana, Little Simz, figurará em grande parte das listas de melhores discos do ano.

Muito precoce e prolífica, nascida em 1994, estreou-se com a mixtape Stratosphere, em 2010. Desde então, já conta no seu curriculum com 4 mixtapes, 8 EP´s e 4 LP´s. A Curious Tale of Trials + Persons, de 2015, o seu primeiro longa-duração, mostrou que estávamos perante um diamante em bruto. Um ano depois, lança Stillness In Wonderland, um disco conceptual inspirado no clássico Alice In Wonderland, de Lewis Carroll. Simz usa a história infantil de Alice como metáfora para fazer uma viagem de auto-descoberta, utilizando as suas ambições e inseguranças como tinta para pintar este quadro. GREY Area chega em 2019 e seria o seu álbum mais aclamado pela crítica. A diversidade, capacidade de escrita e densidade da obra reuniu consenso de todos os entusiastas da música e colocaram Simz como um dos maiores talentos da sua geração.

Com os holofotes todos apontados a si, Simbi – alcunha pela qual é conhecida e que dá o acrónimo do seu último LP -, regressa com um pontapé na porta. O primeiro single, Introvert, é uma obra-de-arte onde a rapper usa a sua poesia de um jeito interventivo sobre o estado actual do mundo. Segue-se Woman, um tema que escreveu como tributo à sua mãe e a todas as mulheres que a inspiram. É um hino de empoderamento e de celebração do que é ser mulher. Rolling Stone foi o terceiro single, onde vemos a britânica explorar sonoridades. O penúltimo single foi o tema I Love You, I Hate You, que a autora confessou no programa Tiny Desk ter sido o mais complicado de escrever por tê-la obrigado a ir a sítios e a mexer com sentimentos do seu âmago. Quinto e último tema antes do lançamento, Point And Kill, acompanhada pelo nigeriano Obongjayar, onde o afrobeat revolucionário de Fela Kuti e as suas raízes nigerianas, concretamente do grupo étnico ioruba, são celebradas. O tema ganha ainda mais alma no disco, pois tem uma continuação na faixa seguinte, Fear No Man.

 

Little Simz, com este disco, confirma que é uma das artistas contemporâneas mais entusiasmantes. Consegue conciliar uma paleta interminável de sonoridades (desde o rap ao R&B; do afrobeat à neo-soul ou do grime ao funk) a uma sensibilidade poética na sua escrita, que tanto consegue ser vulnerável e auto-reflexiva, como assertiva e corrosiva na forma como aborda problemas da actualidade como o machismo, o racismo ou a política. Sobra-lhe, ainda, tempo para celebrar isto de estar vivo, com todos os seus prós e contras. Como tal, celebremos Simz e todas as “Simz” que se empoderam e têm orgulho nas suas raízes.

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26
Jul21

A simbologia das identificações preconceituosas


umarmadeira

ARTIGO DE GUIDA VIEIRA

fraldario

Há muita gente que não olha para os símbolos que identificam os sexos com um olhar crítico, ou criterioso, como se queira chamar. Até acha graça na forma como alguns deles estão construídos, e considera as nossas críticas ridículas ou “fofoquices politiqueiras”.

No entanto, eu aprendi ao longo da minha vida que nada acontece por acaso. Por detrás de uma imagem ou de um símbolo, está um significado e um objetivo.

Quando no chão dos parques de estacionamento ou nos fraldários das casas de banho as identificações para transportar ou cuidar das crianças estão todas com uma conotação feminina, isso quer dizer que ainda existe um preconceito em relação aos homens que deve ser desmistificado, até porque hoje muitos deles já mudam as fraldas e carregam os/as filhas para passear, ou mesmo ao médico e à escola. Não é correto ligar tudo o que se refere às crianças apenas às mães. Não devemos aceitar este estereótipo sem refutar a mentalidade preconceituosa e machista que está por detrás dele. Até a lei mudou de “Maternidade” para “Parentalidade”, exatamente para chamar a atenção que tudo o que se refere aos/às filhos/as tem a responsabilidade de ambos os progenitores.

Claro que sabemos que hoje existem casais do mesmo sexo também com crianças e que devem sentir na pele ainda mais preconceitos. Imagino o dilema de dois pais perante um fraldário que nem tem uma imagem masculina e que fica, muitas vezes, dentro da casa de banho das mulheres. Temos que estar atentas/os a estas questões que parecem pormenores mas que, na realidade, mexem muito com as nossas vidas e o nosso quotidiano.

Também não podemos aceitar como normal que num restaurante a casa de banho das mulheres esteja identificada com “Shopping”, e a da casa de banho dos homens esteja sinalizada com “Futebol”. Há muitas mulheres e homens que não se revêm nem se encaixam nestes rótulos. Sabemos que existem mulheres que gostam de futebol, assim como existem homens que gostam de Shopping. Este tipo de identificação trata as pessoas como “burras” e “fúteis”, quer sejam homens quer sejam mulheres.

Parece uma coisa de pormenor ou de brincadeira, o que não era pois eu própria vi, e mesmo se assim fosse não devemos admitir. Quem me chamou a atenção para este facto foi um homem. Apetecia entrar propositadamente na casa de banho onde nos identificássemos com o interesse proposto. Mas se o fizéssemos, estaríamos a diminuir a importância desta questão.

O mesmo se passa com o nosso cartão de identidade, que trata todas as pessoas no masculino. Dizem que somos radicais, mas eu quando me refiro à minha identidade faço-o sempre no feminino porque sou mulher e não admito que me tratem como homem. Já perguntei a muitos homens: e se fosse ao contrário? Se em vez de ser cartão de cidadão fosse, para toda a gente, cartão de cidadã? Claro que nenhum deles se identifica e fica a olhar, sem qualquer argumento.

E em relação ao cumprimentar no masculino? Será que os homens iriam se sentir representados quando, numa sala antes de um evento, alguém dissesse “bom dia a todas”? Parece que estou a ver o escândalo que seria, sobretudo se a cerimónia fosse pública. Nunca o fiz, mas já me apeteceu fazê-lo várias vezes. Ainda assim, acho que o mais correto é sempre cumprimentar no feminino e no masculino. Os ingleses foram pioneiros quando, desde há muito tempo, utilizam o seu famoso “Ladies and Gentleman”.

Os preconceitos estão tão enraizados nas nossas vidas que muitas vezes somos preconceituosos/as sem sequer termos consciência disso.

É necessária muita atenção e vigilância, porque é nos chamados “pequenos pormenores” que tudo começa.

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