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Feminismos é Igualdade

29
Ago18

Uma perspetiva feminista nos desenhos animados...


umarmadeira

ARTIGO DE CARINA TEIXEIRA

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Para este meu segundo artigo, trago-vos um tema que me é muito especial e, com certeza, também para muitos/as de vós: falar sobre a perspetiva feminista nos desenhos animados. Após ter feito alguma pesquisa sobre variados filmes, que têm na sua essência perspetivas feministas, decidi escrever sobre Mulan.

A primeira vez que vi o filme Mulan tinha eu os meus 9 anos e, obviamente, que me encantei pela história, especialmente porque existe uma constante busca de identidade e um querer, também ele constante, de salvar a vida do seu pai. Até hoje não se sabe se Mulan foi real ou apenas uma lenda chinesa, mas Mulan, ainda hoje, navega pelos séculos e promove reflexões sobre os verdadeiros valores da vida.

O filme Mulan representa e aponta diversas situações que, nós mulheres, ainda continuamos a enfrentar. O primeiro caso é a “ditadura da beleza”. Para agradar o seu futuro marido, Mulan teve, contra a sua vontade, de colocar batom, sombra, lápis, penteados, vestidos com faixas apertadas para afinar a silhueta e tudo o que fosse necessário para que se tornasse numa boneca.

Após ter sido maltratada, de ter vergonha de si própria por não se encaixar nos padrões da realeza, Mulan faz uma auto-reflexão para perceber o que se passava de errado com ela. É neste momento que se inicia o processo de empoderamento de Mulan. É uma cena de libertação, em que a futura heroína da China representa todas as mulheres que estão cansadas de tentar ser o modelo perfeito para a sociedade.

Mulan, sabendo que seu pai tinha sido convocado para a guerra mesmo estando doente, ela vai contra todos os padrões da sociedade e não deixa de agir por causa do conservadorismo. Ela livra-se do tal padrão de beleza, corta o cabelo e veste a armadura do seu pai, mesmo sabendo que poderia ser punida de morte se alguém a descobrisse. Estando no meio de um exército masculino, Mulan torna-se a melhor guerreira e salva o exército chinês, sendo descoberta de seguida.

Embora muitos reconheçam que o facto de ela ser mulher não impedir, em nada, o seu desempenho no exército, o conselheiro imperial, conservador até à ponta dos cabelos, não perdoa e é violento. Aqui, temos um paralelo com os conservadoristas do século XXI, que se agarram às suas crenças e impedem o avanço dos direitos sociais.

Contudo, mesmo tendo sido abandonada nas montanhas, Mulan descobre que os inimigos do Império sobreviveram e tenta alertar os demais, mas ninguém acredita nela, por simplesmente ser mulher. Mas isso não a impede de lutar pelos seus objetivos e, conseguindo uma maneira das pessoas a ouvirem, os seus amigos ajudam-na a seguir com o seu plano e vestem-se de mulheres, tornando-se heróis junto com ela.

Mulan é finalmente reconhecida pelos seus atos, referindo o imperador que ela trouxe honra à sua família e ao seu país e, nesse momento, verificamos que o conservadorismo cai de joelhos perante o feminismo, pois todos estavam ajoelhados perante uma mulher (o que era impensável na altura).

Toda a mulher, aliás, todo o ser humano deveria ter um pouco de Mulan. A luta é árdua, mas lembremos: “A flor que desabrocha na adversidade é a mais rara e bela de todas” (Mulan).

 

bannerCarina

 

24
Ago18

As Pessoas Idosas


umarmadeira

ARTIGO DE CÁSSIA GOUVEIA

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Começo por chamar pessoas idosas e não pessoas velhas, pois são duas coisas que aos meus olhos são bem diferentes. Idosa e velha podem até ter a mesma idade, mas a juventude está no interior.

Nenhuma fase da nossa vida é mais importante do que a outra, ou seja, a infância, adolescência, juventude, adulto e terceira idade, todas elas, têm o seu encanto, crescemos, aprendemos, amadurecemos, mas acima de tudo vivemos.

As pessoas idosas alimentam sempre a esperança de que nunca vão ficar velhas, porque velhas são as pessoas que perderam os seus ideais, que pararam no tempo, que vivem fechadas em si próprias, que são más e rancorosas e que não perdem a oportunidade de atacar. Quantas histórias bonitas e ricas tem uma pessoa idosa para nos contar? A pessoa idosa tem esta riqueza para nos oferecer, a experiência de vida que nos convence que vale a pena lutar no que acreditamos.

Um dia, serei pessoa idosa e quero continuar a ter uma vida ativa, com alguns projetos cheios de esperança, sei que o tempo passa rápido, mas para mim a velhice nunca há-de chegar, a juventude está no interior, independentemente do aspeto físico que eu tiver.

Faz-me imensa confusão, e que me perdoem se eu ferir sentimentos, mas devido à minha educação, encaro o abandono de uma pessoa idosa, igual ao abandono de um/a filho/a. Não me imagino, nem consigo aceitar a ideia de um dia saber que os meus pais estão mal, ou a precisar de mim, e eu ignorar. Vejo nas notícias, lares e hospitais abarrotados de pessoas idosas porque a família as deixou lá à sua sorte. Isto é inaceitável! No entanto, há uma coisa curiosa, na resolução aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas a 16/12/1991, direitos dos/as idosos/as, alínea 10 “Beneficiar da assistência e proteção da família e da comunidade.” Agora pergunto, onde está a família e a comunidade quando as pessoas idosas mais precisam de proteção?

Há uns tempos, fiz uma pesquisa para a elaboração de um projeto sobre empoderamento das mulheres idosas e deparei-me com vários artigos sobre o estatuto da pessoa idosa, e qual não foi o meu espanto quando percebi que, em Portugal, as pessoas idosas, em termos de legislação, não são tratadas como pessoas de família. Quer nas leis da família, quer nos tribunais de família, os/as idosos/as, sejam os pais, avós ou outros parentes, são completamente ignorados.

Infelizmente ao contrário de muitos outros países mais desenvolvidos, a preocupação das famílias portuguesas são as heranças e os bens. Vivemos numa sociedade materialista! Que vergonha! As pessoas idosas são vistas e consideradas como um estorvo e um incómodo e só terão valor depois de mortas.

Nem todos/as temos o privilégio de envelhecer, mas paremos para refletir, as pessoas idosas merecem respeito e carinho, não só no dia dos avós, que tiram selfies e partilham nas redes sociais, mas sim todos os dias! Um dia seremos nós.

Cresci e alguns de vós também, a ouvir dos pais para respeitar as pessoas idosas, então está na hora de agirmos e não de ouvirmos, já dizia a minha avó “hoje és filho/a e pai/mãe serás, tudo o que fizeres receberás”.

bannerCassia

 

20
Ago18

Nanette: Porque todas as histórias merecem que o seu final seja ouvido


umarmadeira

ARTIGO DE PAULO SOARES D'ALMEIDA

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Certamente que já se depararam com a palavra "Nanette" nas vossas odisseias pela internet. Uns foram ver do que se tratava, outros continuaram com o scroll. É para estes últimos que me dirijo: Não! Não fechem os olhos a este nome, pois esse cerrar é o responsável por estas histórias serem um habitué.
 
Hannah Gadsby, a cara, corpo e alma deste especial de stand-up, é uma mulher lésbica e gorda - sim, esta informação é crucial para a história e não preconceito gratuito da minha parte - proveniente da Tasmânia, essa bela ilha australiana onde a homossexualidade foi crime até ao "remoto" ano de 1997.
 
Hannah chega à maior plataforma de streaming da actualidade com um intuito, no mínimo surpreendente: este especial é o seu adeus à comédia. E porquê? Por estar farta de apenas ter conseguido ser ouvida pelo seu humor auto-depreciativo, subgénero, esse, que é tão válido como qualquer outro, sendo, para muitos, uma catarse onde conseguem aceitar as suas características mais risíveis (para os outros, obviamente). Neste caso foi auto-destrutivo. 
Entre gargalhadas e lágrimas, Hannah fala sobre as dificuldades de ser dona daquele corpo e da sua orientação sexual e de como é viver a odiar tudo o que se é.
 
Para muitos, não se trata de um stand-up porque a piada não é a principal meta. Para outros, significa a representação de todo o sofrimento que foi silenciado pelo seu meio.
Para mim, pode ser o que quiserem, desde que dêem uma oportunidade ao espectáculo e, no fim, se sentem um bocado, reflictam sobre o que aconteceu e vejam se são parte do problema ou da solução.
 
Tal como Nanette, este texto não vai terminar com uma punchline. Lidem com a tensão.
 
 

bannerPaulo

 

14
Ago18

Pode o Feminismo ser especista?


umarmadeira

ARTIGO DE VALENTINA SILVA FERREIRA

animais

Começo este meu primeiro artigo no blog sabendo, de antemão, que levantarei polémica. Antes de mais, quero que encarem estas palavras como uma reflexão e, jamais, como um dedo apontado a qualquer escolha. Até porque eu sou fruto de reflexões e mudanças diárias e aquilo que encaro como certo, hoje, pode não ser escolha para o futuro. No entanto, no último ano, tenho vindo a estudar as ligações entre as opressões de género e espécie. Mas o que tem a ver uma coisa com a outra, perguntam. Acho que tudo.

A indústria do leite é medonha. As vacas são emprenhadas à força, numa prática que é altamente invasiva, em que os agricultores colocam quase todo o braço no reto delas. Um procedimento que é repetido a cada 12 meses. As vacas leiteiras são mantidas num ciclo constante de gravidez, parto e lactação, produzindo quantidades anormais de leite. Esta produção não natural, combinada com a falta de cuidado que o equipamento de ordenha faz no corpo do animal, gera mastites, infeções mamárias dolorosas. Para além disso, ao mesmo tempo que as vacas sofrem fisicamente, a cada parto, os bezerros são retirados das mães, poucas horas após o nascimento, o que faz com que as fêmeas, cheias de ocitocina (hormona que está relacionada à ligação mãe-bebé), fiquem tristíssimas. As porcas também sofrem esta perda brutal quando os seus leitões são retirados, ainda em fase de amamentação, para abate. Essa separação forçada, normalmente, faz com que as fêmeas chorem por horas, à procura das suas crias. Finalmente, neste longo processo de vida infeliz, as vacas leiteiras mais velhas são, a maior parte das vezes, brutalmente espancadas (dizem que torna a carne mais macia) antes de serem abatidas e processadas como carne moída. Quem fala em vacas, refere-se, também, a cabras e ovelhas, embora em quantidades menores.

Conhecem a indústria dos ovos? As galinhas vivem a sua vida toda em gaiolas minúsculas, onde mal podem esticar as asas, não podem socializar e sofrem graves lesões como ossos fraturados, pés mutilados e problemas musculares. Ainda bebés, os pintainhos fêmeas são mutilados nos seus bicos, a sangue frio, para evitar o canibalismo, fruto dos elevados graus de stress. As galinhas poedeiras desta indústria não vivem mais que 2 anos, quando o normal seria entre 10 a 12.

Poderia continuar a falar nos terrores da indústria animal mas remeto-me a um último exemplo: a criação de cães e gatos de raça, sem qualquer cuidado com a progenitora, colocando-a sob altos níveis de cansaço físico e psicológico, em que são violadas quando ainda estão a amamentar as crias do último parto. Este aleitamento constante faz com que, tantas vezes, problemas de saúde mamários surjam.

Todos estes casos servem para eu chegar à minha conclusão: através da dominação e manipulação da sexualidade e dos sistemas reprodutivos femininos, o patriarcado apropria-se do poder geracional da sociedade. A mulher tem vindo a ser encarada como um ser quase assexual, cuja finalidade da sua sexualidade é, primeiro, a reprodução e, segundo, o prazer ao homem. As fêmeas, de que espécie for, seguem uma mesma linha – o controlo da sua vida sexual, pela indústria, é completo e absoluto. Mulheres e animais, com especial incidência nas fêmeas, partilham, em níveis diferentes, de situações similares de violência, de controlo das suas vidas, das suas possibilidades de escolha, das suas sexualidades. Por isso, cada vez mais, assombra-me esta pergunta: pode o feminismo ser especista?

bannerValentina

 

09
Ago18

Passar das Palavras aos Actos


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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Continuamos a assistir diariamente a várias tentativas, no País e na Região, da vulgarização e aceitação de expressões de violência contra as mulheres, no trabalho e na vida.

As mulheres continuam a ser a maioria dos/as desempregados/as, sendo a precariedade uma constante, sobretudo entre as mais jovens e pratica-se uma pobreza salarial, dado que cada vez mais se empobrece a trabalhar e são as mulheres que auferem maioritariamente o salário mínimo e, mais tarde, vão auferir de baixas pensões de reforma.

Como se não bastasse, continuam as discriminações salariais, a desvalorização das actividades profissionais e das qualificações das mulheres, existe pressão, intimidação e diversas formas de assédio no trabalho.

Temos, até, acórdãos impregnados de preconceitos e estereótipos que tendem a reduzir a mulher a um papel subalterno e a desvalorização do drama da violência doméstica.

O combate à violência contra as mulheres passa também por promover a sua emancipação e igualdade no trabalho e na vida.

Se a independência económica das mulheres é a sua melhor protecção contra as várias formas de injustiças, lutar pela valorização do trabalho de mulheres e homens, significa exigir a quem de direito medidas e acções políticas concretas de combate às causas e origens da violência.

 Temos de agir todos os dias, quer seja no trabalho, na sociedade ou na família, para que a eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres seja uma realidade nas nossas vidas.

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03
Ago18

O Assédio e a FIFA


umarmadeira

ARTIGO DE CLÁUDIO PESTANA

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A poucos dias da final do campeonato do mundo de futebol masculino sénior a FIFA recomendou aos produtores das principais estações televisivas que evitassem transmitir imagens de mulheres atraentes nas bancadas dos estádios. Assim que se começou a falar do assunto, confesso que não compreendi a diretiva pois não posso negar que uma mulher bonita num estádio de futebol chama a atenção dos olhares, quer sejam mais discretos ou não. Ainda assim fiz o que me competia e esmiucei as verdadeiras intenções daquele organismo e acontece que as razões prendem-se com um aumento substancial de casos de assédio sexual às mulheres durante o torneio e em especial às jornalistas que simplesmente estavam a cobrir o evento. Ora sobre esta díade (assédio/mulheres nos jogos de futebol) gostaria de tecer as seguintes considerações:

O futebol tem assistências de ambos os géneros e o aumento dos casos de assédio sexual durante o mundial de futebol pode estar relacionado com a tendência de televisionar as espectadoras mais bonitas nos estádios mas para se auferir esta possibilidade seria necessário efectuar-se um estudo e até ao momento desconheço a existência de um. Mais, a mulher, gorda, magra, alta ou baixa tem o direito de se sentir bem da forma que melhor entender e tem, naturalmente, o direito a se sentir bonita perante a sociedade. O problema do assédio é do homem que não sabe discernir um jogo de futebol e a sua sexualidade. O problema, em meu entender, nem sequer é da generalidade dos homens mas sim de uns quantos homo sapiens a quem ainda não se desenvolveu um neocórtex que lhes permita pensar e actuar como uma pessoa civilizada. Convenhamos, a evolução humana está ainda longe de ter chegado à maioria dos homens e infelizmente assiste-se a esta dominância da testosterona nas sociedades que se querem civilizadas. Ainda no decorrer deste mês, uma libanesa foi assediada no Egipto por dois arrumadores de carros e ao que parece até os condutores da Uber não foram muito diferentes, como se isto não bastasse a mulher criticou o país nas redes sociais e acabou por ser condenada a oito anos de prisão efectiva. Estes casos são preocupantes e merecem toda a atenção mas e aquelas mulheres que são vítimas de assédio longe das televisões!? A responsabilidade também cai sobre as mulheres que vão aos estádios? E as mulheres vítimas de assédio nas empresas onde trabalham? O problema do assédio não se prende, ou pelo menos não deveria se prender, com o facto de alguém estar a ver as pernas de onze homens a correr atrás de uma bola e assim que a imagem passa para a bancada a testosterona sobrepõe-se ao neocórtex ou às emoções do futebol.

Em suma, não creio que se resolva o assédio minimizando as aparições de mulheres bonitas nos estádios, como já referi anteriormente, o problema não é da mulher que gosta de se sentir bonita mas sim de alguns homens e da actuação da justiça que deixa a desejar e faz vista grossa quando o problema é o assédio!

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