Basta de violência contra as mulheres...
umarmadeira
ARTIGO DE MANUELA TAVARES
Aproxima-se o 25 de Novembro, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Este dia surgiu para não esquecer o assassinato das irmãs Mirabal – las Mariposas – vítimas da ditadura de Trujillo no dia 25 de Novembro de 1960. É um dia em que as mulheres em todo o mundo saem à rua dizendo: Basta de Violência.
Em Portugal, nos últimos 14 anos, foram assassinadas cerca de 500 mulheres às mãos de maridos, namorados, ex-companheiros. Este ano já foram assassinadas 21 mulheres. Esta catástrofe acontece porque as mulheres são consideradas como seres subalternos, propriedade dos homens com quem vivem ou viveram e não como seres humanos que merecem respeito. Por sua vez, os homens são educados segundo um modelo de masculinidade que lhes impõe determinada forma de ser e de agir, porque se assim não for não são “verdadeiramente homens”.
Trata-se de um problema estrutural na sociedade que exige alteração de mentalidades, mas que não pode esperar para que elas mudem. Tem de se agir, desde já! Denunciando, fazendo com que a justiça funcione no respeito pelos direitos das mulheres. Não podemos aceitar que acórdãos de tribunais em Portugal dêem sinais contrários à sociedade e às mulheres, desculpabilizando os agressores. Não queremos esta justiça penalizadora das mulheres que, por exemplo, face à agressão de uma mulher com uma moca cheia de pregos a decisão dos juízes seja a pena suspensa do agressor. Ou, mais recentemente que existam atenuantes para o crime de violação de uma mulher inconsciente.
Vivemos dias difíceis em que o avanço das ideias conservadoras e fascizantes no mundo podem levar ao recuo dos direitos das mulheres, assim como dos direitos humanos em geral, com agressões a pessoas com diferente orientação sexual, de diferentes etnias, imigrantes e todos os grupos mais vulneráveis socialmente.
Resistir e defender direitos é um lema que nos deve orientar neste tempo histórico, tal como outras mulheres o fizeram ao longo dos tempos.