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Feminismos é Igualdade

27
Abr19

Da liberdade de escrever...


umarmadeira

ARTIGO DE VALENTINA SILVA FERREIRA

escrever

Abril, mês da liberdade. Ontem lancei um livro erótico. O ano passado, por altura do Dia das Mulheres, a Joana apresentou o seu primeiro livro de poesia. A Guida escreve mensalmente para o Diário, fora tudo o que já publicou. A Conceição também escreve desde há muito. Elas, assim como a Assunção, a Cássia e a Carina exprimem-se neste blog. Isto só é possível porque Abril, naquele 25 de cravos e esperanças, permitiu que as mulheres se expressassem livremente em Portugal.

A literatura escrita por mulheres não é moda; tampouco as opiniões escritas por elas. O que se destaca agora, e cada vez mais, é uma adaptação do mercado editorial, cultural e político à voz das mulheres, sendo que até há poucas décadas eram elas quem se encaixavam, secretamente, muitas vezes escondidas sob pseudónimos masculinos, a um mercado feito por e dirigido a homens.

O relato masculino sempre foi o favorito. Repare-se que as grandes figuras femininas da literatura, aquelas personagens marcantes, foram descritas por homens. Uma mulher que escreve sobre outra mulher terá, certamente, outra complexidade.

Sylvia Plath, Judith Shakspeare e Virgínia Stephen tentaram reivindicar igualdade através dos seus textos. As três suicidaram-se porque a pressão era muita. Por cá, em altura de repressão, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa decidiram escrever um livro juntas (“As Novas Cartas Portuguesas”), desafiando os papéis sociais e sexuais esperados das mulheres. Foram censuradas, perseguidas, interrogadas.

A literatura escrita por mulheres é fundamental: mais não seja por sermos mais de metade da população, por termos, como qualquer ser humano, ideias e ideais, sentimentos e opiniões, momentos e movimentos. Conquistamos, aos poucos, o nosso espaço merecido após séculos de opressão, de barreiras, de nãos. Queremos que a interação do feminismo com as artes faça com que a história deixe de ser escrita apenas por homens. Queremos participar. Queremos dar a cara e a voz. Queremos assinar com o nosso nome: Valentina, Joana, Guida, Assunção, Cássia, Carina e Conceição.

Abril trouxe-nos isto: esta gigante pertença a um mundo que é cada vez mais nosso, mais feito das nossas palavras – palavras diferentes porque somos todas mulheres diferentes, porque nos expressamos de forma diferente. A riqueza desta diversidade é o que se impõe agora. Escrevamos mais. Com gritos, se preciso for. Com fúria. Com sede. Mas escrevamos. Ninguém mais nos cala. Obrigada, Abril.

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20
Abr19

A situação das mulheres no trabalho...


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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A luta pela igualdade de género tem vindo a adquirir uma maior visibilidade, mas a lente da igualdade não pode estar desfocada da realidade! As mulheres precisam estar atentas para que a igualdade de género e de cidadania não corra o risco de ser como uma bandeira, justa é certo, mas incapaz de avançar sem luta contra interesses instalados, o que é caso para dizer, que só a união das mulheres podem fazer com que a leis sejam postas em prática, passando-se das palavras aos actos.

Ao longo da história, foram várias as mulheres que enfrentaram o poder instituído, pelo direito ao voto, ou por outros de grande alcance social ou económico, nem sempre valorizadas na sua época. Para as mulheres da minha geração foi com o 25 de Abril de 1974 que muitas puderam abraçar, com engenho e arte, várias causas e lutar por direitos e alcançá-los. Para muitas era um sonho, mas a justeza das reivindicações, a resiliência e entrega fizeram com que os seus objectivos se tornassem realidade, contra o assistencialismo ou esmolas, e as pessoas puderam ver melhoradas as suas vidas.

Estamos nas vésperas das comemorações dos 45 anos da revolução de Abril, mas entristece ver direitos humanos serem desrespeitados. A Constituição da Republica do nosso País é progressista e temos legislação em vigor muito importante, mas a sua aplicação tem pouca ligação à vida das pessoas, por exemplo, no que diz respeito às questões económicas. Houve empenho em todas as lutas, das Mulheres, que se travaram na nossa Região, mas destaco a participação na luta pela sua emancipação económica, para poderem passar a ter um trabalho efectivo, receber um salário ao fim de cada mês, um subsídio de férias e de natal, direitos sociais e, mais tarde, redução do horário de trabalho para 40 horas semanais. Foi uma grande alegria.

Lamentavelmente, hoje constata-se que as mulheres trabalhadoras estão cada vez mais sujeitas à precariedade, a horários longos, trabalho por turnos, banco de horas, horários concentrados, ataque ao descanso semanal e salários de miséria, com todas as suas implicações negativas na organização da suas vidas pessoal e familiar e no seu direito ao lazer e à sua saúde. Não sendo possível excluir as relações de poder e coacção e o assédio no trabalho, quando é sabido que a maior percentagem do assédio é praticado por superiores hierárquicos e chefias directas, sendo as mulheres as maiores vítimas, que não sendo um problema novo assume, hoje, novas e graves dimensões, como uma forma de tortura ou terrorismo psicológico.

Por outro lado, é sabido que os seus salários são, em média, mais baixos que os dos homens trabalhadores e são elas que ocupam com maior frequência postos de trabalho em que apenas se recebe o salário mínimo. O trabalho precário atinge, sobretudo, os jovens, mas as mulheres em maior número. Além da insegurança laboral e da chantagem que é exercida sobre os/as trabalhadores/as, a precariedade serve para pagar salários mais baixos, pois quem trabalha com vínculo não permanente aufere salários muito mais baixo e corre maior risco de pobreza do que quem trabalha com vínculo efectivo.

Para muitas mulheres, conciliar a sua vida familiar e profissional torna-se muito difícil. Muitas ficam obrigadas a interromper a sua actividade profissional, para cuidar dos filhos menores, embora hoje já haja uma evolução: há homens a ocupar-se dessa tarefa, porém, continua a serem as mulheres em maior percentagem, sós, a cuidar dos filhos. As diferenças são maiores nas tarefas domésticas do que nos cuidados familiares. Por outro lado, há que assinalar a grande percentagem de famílias monoparentais do sexo feminino, mas também a adesão dos pais trabalhadores à partilha de licença parental nos últimos anos, que têm evoluído de forma positiva. Outra situação é que há mulheres trabalhadoras mais afectadas pelas doenças profissionais, deixando muitas incapacitadas, e ganham menos 15% que os homens por trabalho de valor igual, são mais penalizadas devido às ausências relacionadas com o apoio às famílias, sendo a diferença maior nas empresas do sector privado.

A desigualdade salarial ainda é mais elevada quando comparamos os ganhos nas qualificações mais altas entre os quadros superiores. Sendo muito importante todo o trabalho a fazer para esbater estas desigualdades e para que as entidades infractoras sejam punidas.

Temos todas/os que lutar por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres, e que os direitos conquistados sejam consolidados e a igualdade seja uma realidade no trabalho e na vida.

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13
Abr19

Batalhar na Igualdade de Género, faz sentido?


umarmadeira

ARTIGO DE CÁSSIA GOUVEIA

serigual

Não há dúvida de que houve um progresso nas últimas décadas, este progresso deveu-se em parte à custa da luta incansável de ativistas. Para mim, nos dias de hoje o maior desafio no que diz respeito à igualdade de género, é a educação. A mudança começa dentro da casa de cada um e de cada uma. Eu acredito que se começarmos a educar as nossas crianças, a nossa mãe, o nosso pai, o nosso irmão ou irmã para a igualdade, para os direitos humanos, para a cidadania, para a paz, daqui a uns anos estaremos com as várias formas de desigualdade menos visíveis.

Muitas vezes questiono “e se acontecesse/fosse contigo?” Tento sempre fazer com que cada pessoa que está no meu ambiente familiar se coloque no lugar da outra pessoa. As pessoas precisam urgentemente de aprender a parar e ouvir, compreender e respeitar. Aprender a respeitar cada pessoa independentemente de diferenças das capacidades, género, orientação sexual, raça, cultura… Se tenho visto resultados? Claro que sim. Eu não nasci a saber o que era a igualdade de género ou numa bela amanhã acordei e saltei da cama a dizer “sou feminista”. Eles e elas também não. É preciso educar!

Existe um preconceito que deriva sobretudo da ignorância, a maior parte das pessoas não sabe o que é ser feminista. Por isso, hoje passo a mensagem, amanhã volto a fazê-lo, depois de amanhã e depois, depois, depois…. E todos os dias o meu pai, a minha mãe, a minha sobrinha e todas as pessoas que convivem comigo vão interiorizando cada palavra e essa palavra passa para onde quer vão, para o trabalho ou para a escola.

Mas... Em todas as vidas existe um mas. Isto é dentro do meu seio familiar, no meu lar, onde existe diálogo, compreensão e união. Não é possível promover a igualdade de género se não houver condições dignas de sobrevivência. Na mesma, tento passar a mensagem às pessoas que vou encontrando no meu dia a dia e tento trabalhar a mentalidade dessas pessoas para que de alguma forma essas pessoas se sintam respeitadas nos seus direitos, não apenas por serem mulheres ou homens, mas por serem mulheres e homens que têm determinadas características que as e que os tornam mais vulneráveis.

A igualdade de género ainda está longe de ser uma verdade absoluta, mas como sou uma sonhadora não deixarei de lutar, sei que daqui a alguns anos a questão ainda não estará resolvida, mas, acredito que todos e todas terão um maior usufruto dos seus direitos.

Nesta luta, juntar-se-ão outros e outras feministas e lutaremos por um conjunto de exigências curriculares e sociais, lutaremos sempre pela promoção da igualdade de género, pela mudança de mentalidades, por uma maior liberdade, sempre que necessário sairemos à rua, em todo o lado encontrar-nos-ão. Acreditem muito ainda vai acontecer… Por isso sim, faz sentido batalhar na igualdade género!

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06
Abr19

ZIPPY - Coleção sem género


umarmadeira

ARTIGO DE CLÁUDIO PESTANA

zippy

Eu também já fui jovem e já fui estúpido. Confesso que, por vezes ainda o sou. No entanto devo dizer que algumas atitudes me fazem espécie.

Este recente rebuliço em torno da nova coleção “sem género” da conhecida marca de roupa infantil Zippy é somente mais um exemplo de que a estupidez humana pode ir longe, muito longe mesmo. Pode ir a sítios e espaços onde o humano não chegou ainda. Pode contornar desejos e vergar vontades. A história pode ser esquecida ou simplesmente ignorada como é o caso concreto da indumentária e costumes.

Ainda não ouvi nenhum “macho” chamar a si o uso de saltos altos como sendo um acessório masculino pois a sua origem remonta ao pé masculino da antiguidade clássica. Desde o Egipto até à Grécia clássicas, passando pelos cavaleiros persas a e pela idade média até cerca de 1500 o salto alto era de uso exclusivo masculino. Tanto quanto se sabe, apenas se avançarmos até pouco depois do ano 1500, em França, reconhece-se Catherine de Médici como uma das primeiras mulheres a utilizar saltos altos e após esta data através do monarca Luis XIV o uso de saltos altos voltou a entrar na indumentária masculina. Diga-se ainda que Luís XIV usou e abusou de outros luxos da época como era as perucas. É caso para dizer que homem de barba rija usava salto alto e peruca no início do século XVI.

Diria o nosso maior vulto da poesia que se mudam os tempos, mudam-se as vontades. Devo concordar, mudaram-se os tempos e mudaram-se as vontades também, em particular aquela vontade de ser estúpido e de se discordar de ciências que não se conhecem, principalmente aquela que se chama história. Se eu recuar até à minha infância, dou por mim, menino franzino, a usar os fatos de treino, da moda à época, das minhas primas.

Querer marcar a diferença, por via de uma opinião estapafúrdia, deverá ser acompanhada de algum fundamento. E, para meu desespero, os fundamentos para a não aceitação da famigerada coleção da Zippy é de que Deus não quis assim. Aquela ampla deambulação do pensamento crítico que se faz quando não se tem outra explicação. Também Zeus fora responsável pelas tempestades quando não se ocupava da mulher do próximo. Assim vai a aceitação de sociedade à igualdade de género. Parece-me bem mas discordo!

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