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Feminismos é Igualdade

25
Mai20

Obrigada, Maria Velho da Costa


umarmadeira

ARTIGO DE MADALENA NUNES

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Maria Velho da Costa faleceu no dia 23 de maio de 2020. Sendo uma perda enorme para a nossa cultura, para a defesa dos direitos das mulheres, para a leitura lúcida da realidade, dei por mim a pensar que foi uma mulher que soube usar a sua vida na defesa das causas em que acreditava. As armas que escolheu utilizar foram a sua voz ou as palavras que escreveu em textos que vão continuar a ser lidos durante séculos. Lutou sem ceder, mesmo quando isso implicava ser perseguida, presa, ameaçada, torturada. Acho que honrou a vida que recebeu e agradeço-lhe tudo o que fez na defesa da causa das mulheres. Se hoje temos um país com uma Constituição que defende o direito de todas e todos nós à igualdade, também a ela lhe devemos agradecer.

Está ao alcance de cada pessoa usar a vida como entender. Podemos passar por ela, como quem passa pelas gotas da chuva, tentando sempre não se molhar. Podemos lutar por ter uma vida boa, sem olhar aos meios que usamos. Podemos também escolher acionar os nossos talentos para lutarmos pelas ideias em que acreditamos.

Às vezes achamos que só quem está em posições de poder é que poderá fazer a diferença e, de forma comodista, delegamos nessas pessoas o que elas quiserem fazer. Não é verdade! As mudanças só se efetuam se cada uma de nós, se cada um de nós, se levantar e atuar no metro quadrado à sua volta.

Por vezes esquecemo-nos de que toda a gente possui talentos para áreas diversas. E esquecemo-nos também de que cada um desses talentos é fulcral para que consigamos construir um mundo mais justo e feliz. Não há talentos mais importantes do que outros. Todos eles são necessários e uns não existem sem os outros. Estão interligados.

Hoje em dia parece que só o que se vê nas diferentes redes sociais, nos écrans da televisão ou dos cinemas é que tem valor. Contudo, o que será de um líder sem uma equipa por detrás que o suporte, mesmo que na sombra? Como poderá um espetáculo acontecer sem toda uma equipa invisível, mas fundamental? Reconheço que existe quem pretenda ocultar os talentos e o trabalho de muita gente, desvalorizando-o e diminuindo-o. Durante o período de quarentena li a seguinte frase numa rede social: “A economia não está fechada. Toda a gente está a limpar, a cozinhar, a tomar conta dos que nos são queridos. Isso só não é valorizado pelos economistas porque normalmente é trabalho não pago feito por mulheres.” Esta ideia de que a ação de todas as mulheres, apesar de escondida e diminuída, é fundamental para a vida dos países, está muitíssimo bem retratada num dos textos de Maria Velho da Costa, “Mulheres e Revolução”, in Cravo, 1976: “(…) Elas estenderam roupa a cantar, com as armas que temos na mão. Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens. Elas iam e não sabiam para onde, mas que iam. Elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado. São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.”

Felizmente há cada vez mais mulheres e homens a dar visibilidade à causa da igualdade. Na Câmara Municipal do Funchal temos levado a cabo esta ação de forma intencional e não queria acabar este meu artigo sem mencionar que a vencedora da edição de 2019 do concurso municipal de vídeo “Caminhando para a Igualdade” foi Georgina Abreu, com o trabalho “Libertação”. Essa jovem portuguesa da Madeira ganhou pouco tempo depois um concurso internacional de fotografia, na Alemanha, para o Dia da Mulher 2020. O seu trabalho foi escolhido entre 35 mil candidaturas de todo o mundo. E ela ganhou o primeiro prémio! É um bom sinal termos jovens que usam os seus talentos para a construção de um mundo melhor. Podem ler a entrevista de Georgina Abreu à EyeEm seguindo esta hiperligação: https://www.eyeem.com/blog/in-conversation-with-our-international-women-s-day-2020-winner-georgina-abreu

Obrigada a todas as pessoas que se importam e não viram a cara para não verem.

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18
Mai20

O Significado da Solidão


umarmadeira

ARTIGO DE CARINA JASMINS

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Resolvi escolher este tema e fazer uma reflexão. Embora a maioria das pessoas do Mundo tenha crescido com a companhia de família e amigos, a relação connosco próprios é construída especialmente nos momentos de solidão e reflexão, aprendendo a nos conhecer melhor através do silêncio. Aqui, a solidão não é examinada sob uma perspetiva negativa, mas sob uma visão positiva de que, em certas fases da vida, esses momentos servem para o nosso crescimento e aprofundamento, se realmente estivermos dispostos a aprender. E aqui mostro uma perspetiva particular, fruto das minhas próprias vivências que agora compartilho com vocês.

Antes, o tempo corria rápido, as horas disponíveis de um dia não chegavam para tudo o que havia para fazer, trabalhar, cuidar do filho, tratar das tarefas de casa, ir ao supermercado, ainda havia muitas mais, e os dias iam passando alucinantes, fazendo as tarefas a correr, muitas vezes sem colocar consciência naquilo que fazia. Às vezes, o tempo que sobrava para parar era gasto a pensar naquilo que ainda tinha para fazer, depois era dormir para que chegasse mais um dia e voltar à mesma velocidade.

Tive muitos momentos destes na minha vida, mas também tive muitos que mesmo sem querer, fui obrigada a parar, tanto por questões de saúde como situações de desemprego que se prolongaram, sempre tinha muita dificuldade em parar, em ficar comigo, fugia, não me sentia bem a sós comigo. Mas nesses momentos, especialmente em alguns em que me vi impossibilitada de poder andar, devido a um problema nas ancas com que nasci, sentia-me como uma âncora presa ao fundo do mar. Nesses momentos duros, fui mesmo obrigada a estar comigo e a lidar com todas as emoções e dores que tentava a todo o custo evitar. As dores físicas, durante muito tempo, eram tantas que mal conseguia pensar, apenas o que podia fazer era sentir.

Agora, ao olhar para esta experiência, vejo que o que precisava era de olhar para as minhas emoções e simplesmente sentir, tirando o foco dos pensamentos e da parte mental que ao longo dos anos tinha-se sobreposto. Quando não queremos que algo nos continue a magoar, muitas vezes, o caminho é virarmo-nos para a Mente e desligarmos o coração. Isso acontece para podermos, simplesmente, sobreviver porque as emoções são avassaladoras, mas esse não é o caminho que nos faz feliz, temos que voltar a religar.

E por quê falo nisto? Porque nessas alturas parei e o mundo continuou na sua corrida contínua e louca, e eu de facto sentia-me parada, como se estivesse a perder tempo e, muitas vezes, sentia-me inútil, mas no fundo estava a fazer uma grande aprendizagem sem perceber, só agora entendo o significado de tantos momentos forçados de paragem.

Quando surgiu esta situação, primeiro de epidemia e depois de pandemia, no início, sou sincera, pensei que seria mais uma situação como a gripe A e não lhe dei a devida importância. Com o tempo, percebi que não se tratava de mais um aviso, mas desta vez seria mesmo a sério.

Quando fomos chamadas/os a ficar em casa, em confinamento, pensei que se me sentisse aflita, simplesmente pegava no carro e ia dar uma volta para desanuviar. No entanto, para meu espanto, essa vontade não surgiu. Eu, desta vez, tinha parado, mas o Mundo tinha parado comigo, era como se tudo abrandasse, até o dia parecia ter mais horas, até o respirar com o tempo tornou-se mais lento e consciente, a serenidade era surreal, os carros já não passavam a correr na estrada, ouvia-se nitidamente o som dos pássaros. Nem na minha imaginação mais exacerbada poderia pensar viver um momento assim.

No momento inicial foi esta a sensação, mas com o passar do tempo começaram a aflorar emoções e sentimentos, lembrando que ainda havia limpezas interiores a fazer, tinha que voltar para dentro, abrir velhos baús, onde surgiam emoções guardadas, padrões que se repetiam e tudo o que podia fazer era olhá-los com coragem para que os pudesse resolver dentro de mim.

Neste momento de confinamento, estranhamente surgiu a vontade de cuidar das plantas que eram da minha querida avó, e digo estranhamente porque, embora ame a Natureza, nunca fui muito dada a cuidar de plantas, nunca achei que tivesse muito jeito. Minha avó dizia com alguma tristeza “Quando me for embora, as minhas plantas vão morrer todas” e eu dizia-lhe “A avó ainda vai viver muitos anos para cuidar das suas flores”. A minha vontade era que a minha avó estivesse sempre ao meu lado, mas sabia que um dia iria perdê-la.

Arranjei os vasos e a terra e, aos poucos, fui mudando vasos que estavam partidos, o meu filho ia ajudando, brincando com a terra, mas passado algum tempo cansava-se e ia buscar outra coisa para fazer. Nos meus pensamentos, enquanto arranjava os vasos, pensava na minha avó e dizia-lhe em pensamento “Avó, estou a cuidar das tuas plantas, como tanto querias, espero que gostes”. E, nesses momentos, sentia-me ligada à minha querida avó, que tanto amor me deu. Nesse momento a sós, podia senti-la e sentir também o seu amor. A maior herança que deixamos no Mundo é o Amor que partilhamos, tudo o resto se desfaz com o tempo.

Foi neste momento de confinamento que pude ter esta experiência e outras mais, muitas vezes nesta solidão, a relação connosco próprios cresce e fortalece-se. Esta paragem faz com que nos possamos ligar ao que realmente interessa. Aprendemos a dar valor às coisas simples, um abraço, um pequeno gesto, o saborear de um café e de um pão quente, coisas que eram garantidas e nos passavam despercebidas antes do confinamento.

Infelizmente, foram após grandes catástrofes que caíram sobre a Humanidade, que foram realizadas as mais profundas reflexões e mudanças. Um exemplo é a criação da ONU após a 2ª Guerra Mundial. Nestes momentos são necessárias reflexões para a mudança, queda de velhos paradigmas com os quais o mundo ainda é governado, maneiras de viver e de pensar que já não funcionam, sem consciência. Acredito que tudo isto sucumbirá perante os novos tempos que se avizinham.

Talvez seja uma sonhadora, mas acredito com todo o meu coração, que o Mundo se tornará um lugar melhor, mais consciente, um lugar de diversidade, onde se respeita e se honra a individualidade de cada um/a. Poderá levar muito tempo, mas acredito que esse mundo já esteve mais longe de chegar.

Esta foi parte da minha experiência que partilho agora convosco. Outros terão outras experiências e outras maneiras de ver e pensar sobre este momento que atravessamos. E está tudo bem e tudo certo, cada um tem a sua experiência, somos aproximadamente 7,5 mil milhões de habitantes neste planeta, cada um/a com a sua própria visão única deste mundo, somos todos/as diferentes, mas, ao mesmo tempo, iguais na nossa matriz.

É por isso que o mundo é maravilhoso e rico na sua diversidade porque cada ser humano é único e tem algo também único para trazer ao mundo. Trazemos essa unicidade para o exterior cada vez que nos aprofundamos e nos conhecemos melhor.  Na viagem maravilhosa ao nosso interior, percorremos caminhos de solidão onde toda a experiência que vivemos no exterior é refletida e incorporada.

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11
Mai20

Marketing e género


umarmadeira

ARTIGO DE CLÁUDIO PESTANA

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O marketing é, na sua essência, o processo que visa a compreensão do consumidor no sentido de possibilitar a criação de estratégias que possam promover o produto por via de processos de atração e retenção de possíveis clientes com vista na obtenção de lucros. Assim sendo, as estratégias de marketing, no sentido de potenciar as vendas de determinado produto, criam segmentos populacionais com vista à identificação do público-alvo e consequente exploração do seu nicho de mercado por via de determinadas estratégias que se estudem, e possam na verdade, ser consequentes levando esse mesmo nicho a consumir o seu produto.

Confesso que esta área da utilização da psicologia no sentido de potenciar possíveis vendas e/ou clientes é deveras interessante quando bem aplicada e naturalmente esta questão poderá e deverá significar o acompanhar da evolução humana bem como as tendências da sociedade. Ora, chamo a atenção do leitor para esta última questão: “evolução humana bem como as tendências da sociedade” as quais, em pleno século XXI não deveriam implicar a prossecução e veiculação do estigma de que algumas tarefas apenas dizem respeito à mulher ou ao homem. Naturalmente, do ponto de vista do marketing, a segmentação de produtos para um género ou outro faz sentido quando esses mesmíssimos produtos são elaborados a pensar em determinado género. Por exemplo, os produtos de higiene íntima feminina devem ser publicitados de forma segmentada no sentido de promove-los junto ao publico alvo feminino; por sua vez, determinados produtos de barbear poderiam ser segmentados, ao nível da publicidade, para o público masculino.

Até este ponto, estas questões da segmentação publicitária parecem-me ser pacíficas. O que, quanto a mim, deixa de ser pacífico é quando se potencia um determinado produto que pode e deve ser da responsabilidade e utilização de todas as pessoas, mormente, produtos de higiene para o lar, utensílios de cozinha, produtos de higiene para a roupa, entre muitos outros. Como já tive a oportunidade de descrever anteriormente, vivemos no século XXI, o que deveria significar uma maior abertura de mentalidades no sentido de conceber a ideia de que estes produtos e utensílios não são da responsabilidade exclusiva de homens ou mulheres, porém, e apesar da significativa evolução de mentalidades, persistem ainda alguns mitos que urge desmistificar.

Ainda há relativamente pouco tempo, talvez há 10 ou 15 anos, as publicidades televisivas de produtos de limpeza de roupa contavam com blocos de segundos onde habitualmente, recordo-me, surgiam mulheres a comparar produto X com produto Y, esporadicamente poderiam surgir crianças no sentido de demonstrar que até a sujidade das roupas das crianças seria mais fácil de limpar. Não obstante o anúncio, a responsabilidade da limpeza e principal figura presente no bloco publicitário era sempre a da mulher pelo que se assume que os marketers tinham em mente que esta era uma tarefa quase que exclusiva do público feminino.

Hoje, os tempos mudaram, ou deveriam ter mudado. Recentemente os anúncios de produtos de limpeza de roupa contam com a exploração de uma técnica já demasiado explorada mas que continua a dar os seus frutos. Abandonou-se a ideia de que a mulher seria o centro do bloco publicitário, fazendo-a surgir e discutir a qualidade do produto, o que poderia transmitir a ideia de que se desenraizou o estigma de que a limpeza da roupa, e da casa no geral, seria tarefa da mulher. Infelizmente não é bem esse o seu propósito. A ideia agora é vender, como sempre, o sexo ou sensualismo, promovendo blocos publicitários com homens de aptidões físicas atraentes que promovem a marca de produto de limpeza de roupa mostrando o seu tronco nu. Não pretendo com isto discutir a ideia de vender sexo ou a imagem deste como veículo mas sim questionar o público-alvo que se pretende atingir com este tipo de bloco publicitário? Será que o marketing evoluiu o suficiente no sentido de perceber que tanto homens como mulheres utilizam o produto? Ou será que a descriminação de género também se cristalizou no marketing promovendo outros meios, porém com os mesmos fins em vista? Deixo estas questões à vossa consideração.

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04
Mai20

As desigualdades no século XXI


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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No actual contexto, pelo facto de permanecer em casa há já algum tempo, tem-me feito reflectir sobre as oportunidades e os vários níveis de desigualdades, que abrangem todos/as, mas de forma mais acentuada as mulheres. Mas por outro lado, a palavra que eu mais retive ao longo deste período de emergência, foi que todas/todos estavam no mesmo pé de igualdade, quanto à pandemia, e que tudo ia ficar bem…

Então, dei por mim a pensar que as desigualdades, queiramos ou não, começavam antes de nascermos, assim como o desenvolvimento das pessoas ao longo da vida, influenciado não só pelas decisões que as/os mães/pais fazem relativamente à educação, das/dos suas/seus filhas/os, mas também pelas oportunidades, económicas, políticas e sociais, que as famílias com mais poder económico tendem em preservar esse poder, para elas mesmas e para os seus, ao contrário das de menores posses.

 Por outro lado, constatando que nos países mais desenvolvidos, as desigualdades estão concentradas na distribuição dos rendimentos que é maior, que nos menos desenvolvidos, e que a distribuição dos rendimentos diminuiu bastante nos últimos anos, mas ao contrário do que deve ser a informação, o que nos é transmitido via sondagens de opinião em todo o mundo, é que a proporção da população que se dizia importante diminuía e a desigualdade vinha aumentando a vários níveis.

Há informações que parecem dar a entender que o desconforto em relação às desigualdades vai num sentido mais abrangente, e que as causas estavam mais relacionadas com a forma como as pessoas viam as oportunidades que tinham, olhando para o futuro, num mundo em grande mudança.

Por isso, verifico que, em alguns aspectos, as desigualdades têm diminuído, mas noutras têm aumentado, havendo convergência, mas também divergências. Tenho consciência de que houve progresso em alguns indicadores de desenvolvimento, que a pobreza extrema tem vindo a cair e também a mortalidade infantil, mas, em Janeiro de 2020, um órgão de comunicação social tornava público haver 500 milhões de pessoas a trabalharem, sem receberem salário e que os/as jovens eram os/as mais excluídos/as, apesar do progresso e do avanço das novas tecnologias, concluí que as grandes desigualdades persistem em todos os domínios de desenvolvimento humano.

No campo da educação é sabido que, em vários países, a taxa de escolaridade primária tem caído, muitas crianças têm deixado de poder frequentá-la, e nos ciclos seguintes há divergências entre países, assim como dentro dos países, contribuindo para que os mesmos não sejam para todas/os. Quanto ao ensino superior, está cada vez menos acessível a todas/os, porque a situação económica de muitas famílias, devido às frágeis condições de trabalho, e às baixas remunerações, não lhes permitem, que os/as seus/suas filhos/as possam também sonhar com a universidade. O que está mais do que visto é que há uma grande desigualdade na área da educação.

A saúde, que é um bem essencial à vida de qualquer ser humano, deve estar acessível a todas/os, mas contínua a haver muita desigualdade. Quem detém poder económico, tem acesso a melhores meios de diagnóstico e de tratamento, enquanto os/as mais vulneráveis morrem por não ter acesso nem a uma coisa nem outra. Está mais do que visto que só através de políticas públicas e de acções dos decisores políticos é possível tomar medidas que reduzam as desigualdades, mas é visível também que essas decisões são condicionadas por aqueles que querem manter as suas posições privilegiadas.

Por isso, defendo que é fundamental haver oportunidades mais equitativas para todas/os, porque não é só uma questão de justiça, é também uma questão de eficiência económica, até porque é provável que os/as filhos/as dos/as mais privilegiados/as, não sejam os/as mais preparados/as, para as ocupações de empregabilidade melhor remuneradas.

Por outro lado, também o impacto das alterações climáticas afecta mais rapidamente e de forma mais profunda os/as mais vulneráveis e que têm menos recursos. Por isso, tende a aumentar as desigualdades e as respostas a serem mais difíceis, o mesmo se passando com as novas tecnologias. Há actividades com remunerações baixas que não podem ser automatizadas, por exemplo, os serviços de limpeza e as/os empregadas/os domésticas/os, entre outros, tarefas que maioritariamente são desempenhadas por mulheres, o que contribui para que, tanto na doença, como na velhice, haja grandes desigualdades, e se é verdade que já se deram alguns passos, muitos ainda terão de ser dados.

A desigualdade de género continua a ser uma das maiores barreiras do desenvolvimento humano. Porque o preconceito contra a igualdade de género ainda está longe de ser ultrapassado. Ainda existem empresas que, na admissão de trabalhadoras/os, elaboram inquéritos e fazem questionários onde é perguntado às candidatas, por exemplo, se um homem não é melhor líder político do que uma mulher ou se tencionam engravidar, e a ambos os sexos se estão inscritos/as no partido do poder, entre outros. Estas normas sociais condicionam, e de que maneira, o papel das mulheres na sociedade. É crucial olhar, também, para a forma como as desigualdades podem evoluir ao longo da vida das pessoas, não só antes de nascerem, mas também para a forma como os mercados funcionam.

Com o COVID-19, as mulheres mais vulneráveis e com menos recursos serão as mais afectadas. Neste momento, as mulheres que são mães, trabalhadoras e professoras em simultâneo, não deve ser nada fácil desempenhar todas estas tarefas. Por outro lado, com a solução encontrada de aulas dadas à distância, muitos/as alunos/as filhos/as das classes menos favorecidas sentem-se descriminados/as, porque os/as seus/suas pais/mães não têm condições económicas para lhes proporcionar essa ferramenta de aprendizagem, faltando-lhes computador, impressora e Internet. Enfim, a luta pela igualdade não pode parar. Todas/os temos de continuá-la porque nesta vida nada está seguro.

Concluo fazendo votos que o Estado de Emergência, no país e na região, esteja próximo do seu fim, deixando todas/os profissionais de saúde, às centenas de mulheres que limpam escritórios, hospitais e centros de saúde, assim como a todos/as que já há quase dois meses trabalham, para que a quem se encontra em casa nada falte.

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