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Feminismos é Igualdade

14
Dez19

Abuso sexual de crianças e jovens


umarmadeira

ARTIGO DE VALENTINA SILVA FERREIRA

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O abuso sexual de crianças/jovens decorre da exposição de uma criança ou jovem a estímulos sexuais inapropriados ao seu desenvolvimento físico, psicológico, social e moral. É frequente, nos media e em conversas de café, confundirmos os termos “abusador sexual” e “pedófilo”, muitas vezes tidos como sinónimos. No entanto, algumas particularidades fazem com que seja necessário distingui-los. Os abusadores sexuais não se sentem sexualmente atraídos por crianças. O abuso decorre, não de uma atração, mas por qualquer outro motivo, tais como, a necessidade de poder, vinganças, delinquências, uso de drogas ou álcool. Alguns estudos revelam que ¾ dos abusadores sexuais de menores foram ou são casados. O abuso pode ocorrer dentro da própria família. O incesto é o tipo de abuso mais comum e é mais frequente ser entre pai e filha, onde esta ocupa o lugar da mãe, num casamento que pode estar deteriorado. No entanto, o abusador pode vitimizar crianças fora de casa e, ainda, violar mulheres. Não recorrem a estratégias de sedução e, na maioria das vezes, agem por impulso. São relações sexuais rápidas, sem aproximação sentimental com a vítima, apenas com o intuito de satisfazer alguma necessidade sexual, emocional, psicológica ou social. A pedofilia é, segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10, um transtorno de personalidade e comportamentos em adultos. É, mais concretamente, uma parafilia. O termo, em latim, significa “amante de crianças”, ou seja, a atração sexual de um pedófilo é dirigida primariamente para crianças. As suas condutas compulsivas são consequência de um desejo sexual por menores e não despoletadas por situações de stress. É importante salientar que há pedófilos que nunca abusaram sexualmente (no termo estrito da palavra) de crianças, recorrendo a fotografias pornográficas infantis, conversas de teor sexual com pré-adolescentes, visualização de crianças a brincarem em parques infantis ou na praia, para satisfazerem as suas fantasias.

Embora a tendência seja para fugir a essa verdade, o facto é que as crianças são seres sexuados e, por isso, o seu amadurecimento sexual é feito ao longo dos anos através da informação que vão recebendo durante o seu desenvolvimento. Um ambiente seguro proporciona a confiança suficiente para aprender e compreender o sexo de maneira estável e benéfica e, aqui, os adultos são os maiores responsáveis por essa direção.

Para diversos especialistas, não há um perfil do abusador infantojuvenil, mas, em muitos casos, o machismo pode ser observado no comportamento de quem subjuga crianças e adolescentes. "É machismo. O homem tem a filha como se fosse a sua propriedade", aponta a advogada Leila Paiva, coordenadora do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, no Brasil. "O corpo da mulher foi encarado o tempo todo como propriedade”. A cultura do machismo foi apontada como responsável pela exploração sexual de crianças e adolescentes, em audiência pública realizada na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). A avaliação foi feita pelo coordenador do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria), Vicente Faleiros, que referiu ser preciso entender a exploração de crianças e adolescentes no contexto do mercado do sexo, tratando-se uma atividade fundamentalmente económica, e esse serviço sexual é tolerado pela sociedade porque está vinculado à cultura do machismo, à ideia de que se pode usar o corpo da mulher. Para além disso, estudos comprovam que há uma tendência a se subestimar o problema da violência sexual contra meninos pelo facto de o tema ser visto como um grande tabu na sociedade. Flávio Debique, gerente técnico de proteção infantil da ONG Plan International Brasil, refere que "Tanto os meninos quanto as meninas têm bastante dificuldade de falar sobre isso. Mas os meninos chegam aqui muito mais constrangidos, apreensivos. Vivemos numa cultura que 'homem não chora' e 'sabe se defender sozinho'. Admitir uma fraqueza é difícil, então, se ele for abusado por uma mulher e reclamar disso, será conotado como gay, e se for abusado por um homem e denunciar, também pode ser considerado gay". Para Debique, a "cultura machista é a grande vilã" na maior parte dos casos de assédio ou abuso sexual de crianças, porque é ela que estabelece o "poder" do homem com relação à mulher e que determina que o homem não pode assumir a condição de vítima, ele precisa ser "durão".

No fundo, tudo começa na forma como assumimos o que é ser homem e o que é ser mulher, a desvantagem que as meninas têm, e as aparentes vantagens que os meninos têm. As desigualdades de género afetam as pessoas de maneira diferente mas, no final da equação, todos/as sofrem as suas consequências.

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