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Feminismos é Igualdade

29
Jun19

O Ego do Orgulho


umarmadeira

ARTIGO DE EMANUEL CAIRES

lgbt

Ontem assinalaram-se 50 anos após o início das Revoltas de Stonewall - sim, foi uma sucessão delas! - em Greenwich Village, Nova Iorque, o grande marco que se considera ser o grande impulsionador do movimento pelos direitos LGBTI+. Hoje, em Lisboa, marcha-se pela 20.ª vez, onde pela primeira vez se faz história ao se formar um bloco insular que vai tirar as ilhas do armário. Um caminho percorrido por entre muitos obstáculos, tal como se pode verificar no documentário "A Vida e Morte de Marsha P. Johnson", que nos fala da vida de duas das grandes ativistas, também de Sylvia Rivera, que impulsionaram a Revolta.

Há duas semanas, ao ver o documentário, deparei-me com uma realidade que não é assim tão distante. É precisamente nos países desenvolvidos que as cores do arco-íris começaram a ser comercializadas pelas empresas, que viram nos eventos de Orgulho LGBTI+ uma oportunidade para lucrar. Nos anos 60, já esta era uma questão, com os estabelecimentos noturnos e os primeiros eventos de Orgulho a serem geridos pelas máfias, e com os lucros a não serem investidos de volta na comunidade e no combate à homobitransfobia. É uma promiscua realidade, que sendo difícil de combater deixa nas mãos da organização dos eventos de Orgulho LGBTI+, a responsabilidade de defender os interesses da comunidade sem que os interesses das empresas se sobreponham.

É importante salientar que mesmo nos anos 60 e 70, no início do movimento, já os egos, os atropelos e o oportunismo eram parte do ativismo LGBTI+. Neste caso, a luta era essencialmente feita por pessoas trans e de géneros não-binários, pretas, bissexuais, trabalhadoras do sexo, sem-abrigo e seropositivas, que eram invalidadas por homens cis gay brancos. Rivalidades que fizeram com que muitas destas pessoas, com altos níveis de intersecionalidade, acabassem por se retirar do ativismo e a não se identificarem com o que era feito, formando movimentos alternativos.

Marcha P. Johnson e Sylvia Rivera, viram mesmo as suas vozes abafadas e, durante algum tempo, foram personae non gratae. Esta é também uma realidade atual, até mesmo na nossa região. Depois de três anos de ativismo puro, com uma sinergia de pessoas e associações realmente empenhadas nos interesses da comunidade, na luta contra a homobitransfobia e na progressão da igualdade, tenho verificado nos últimos meses um afastar de pessoas e associações que eram pontes e pilares importantes no ativismo LGBTI+ na região.

Pessoalmente, acho que é altura de pausar e repensar se são realmente os interesses da comunidade que estão em cima da mesa, se são os egoísmos ou se é o oportunismo de se conseguir um tacho. Em 50 anos conseguiu-se tanto porque houve união e um conjunto de estratégias e sinergias internacionais. Em 20 anos de Orgulho em Portugal, conseguiram-se relevantes alterações legais porque houve, também, um trabalho conjunto. Na Madeira, em apenas 3 anos, conseguiu-se criar um núcleo local de uma associação de jovens lgbti, realizaram-se inúmeras atividades para jovens, implementou-se um projeto de debate e informação sobre questões LGBTI+ nas escolas, realizaram-se ciclos de cinema e ações para assinalar o Dia Nacional e Internacional de Luta Contra a Homobitransfobia, a Câmara Municipal do Funchal hasteou a bandeira arco-íris por duas vezes, juntámos associações à mesma mesa para trabalhar as questões LGBTI+, deu-se novo fôlego ao ativismo e associativismo regional, estamos a caminho do terceiro Madeira Pride, o Governo Regional quis apoiar a abertura de um Centro Comunitário LGBTI+ e começam a abrir-se portas para o turismo e comércio LGBTI+ através da abertura de um hotel hetero-friendly da Axel.

Conseguiu-se tanto progresso porque se criaram sinergias cruciais entre pessoas e associações que jamais devem ser destruídas, mas sim fortalecidas. É o meu apelo: pessoas lgbti+ e apoiantes, unam-se, pois quanto mais orgulho se encherem os nossos peitos, maiores feitos serão os que vamos conseguir.

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