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Feminismos é Igualdade

06
Dez21

Um Longo Caminho


umarmadeira

ARTIGO DE CARINA DE CÁSSIA JASMINS

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A humanidade tem percorrido um enorme caminho, desde os primórdios das sociedades, na sua conceção mais rudimentar, a força física sempre teve uma grande importância para a sobrevivência da nossa espécie. O sexo masculino manteve, assim, quase sempre ao longo da história, o poder, salvo algumas exceções em sociedades onde o poder feminino era reconhecido.

A sede de poder manteve-se ao longo dos tempos, com guerras, batalhas, conflitos onde sempre dominou a luta pelo poder, a força masculina e o patriarcado. As mulheres pouco tinham a dizer e o seu valor era pouco ou mesmo nenhum, apenas serviam para a vida doméstica e para cuidar dos filhos. Não interessava a sua opinião, nem as suas ideias, viviam uma vida sem horizontes, em que os seus sonhos eram apenas fantasias, fechados nas gavetas da mente, onde sonhar com uma vida onde fossem senhoras do seu destino era impensável.

E assim permaneciam, amordaçadas e abafadas em vidas, muitas vezes, vazias de sonhos, de realização pessoal. Algumas arriscavam expressar em voz alta o que lhes ia na alma, mas quase sempre eram silenciadas. não interessava que ganhassem voz, o poder permanecia nas mãos de quem sempre o teve. Algumas mulheres mais abastadas, muitas vezes, tinham o privilégio de receber instrução e uma boa educação, mas sempre com o objetivo de entreter o marido e os convidados nos seus círculos de convívio e nunca para a sua própria realização.

Algumas dessas mulheres que conseguiam estudar e que lhes era permitido ter uma nova visão do mundo, muitas vezes manifestavam a sua insatisfação em relação à desigualdade, injustiça e indiferença a que o sexo feminino era votado.  Algumas delas, escreveram livros, revoltaram-se, falaram, mas o poder masculino não dava a mínima hipótese dessa insatisfação crescer e multiplicar-se na sociedade. Eram silenciadas, ameaçadas e, muitas vezes, morreram na defesa dos valores que achavam justos. Apenas desejavam uma sociedade igualitária, em que a voz das mulheres fosse ouvida e tida em conta, que tivessem um papel a desempenhar além do doméstico e que pudessem ser livres para sonhar e realizar os seus sonhos.

Muitas mudanças foram ocorrendo nas sociedades, mas o papel das mulheres mantinha-se quase inalterado ao longo dos tempos. Até mesmo durante o Iluminismo, com os ideais que inspiraram a revolução francesa e uma nova sociedade, as mulheres eram impedidas de manifestar as suas ideias por aqueles que supostamente traziam a mudança, como Rosseau, que via a mulher como frágil e submissa, devendo cingir-se apenas ao seu papel doméstico. As mulheres eram impedidas de integrar os grupos que se juntavam para discutir estas novas ideias, muitas delas formavam grupos apenas de mulheres para puderem falar e discutir sobre as novas ideias que surgiam. Uma das mulheres que pagou com a própria vida o facto de ter manifestado as suas ideias e desafiado o poder instituído da sociedade patriarcal foi Olympe de Gouges, que por lutar pela igualdade das mulheres, foi condenada à guilhotina.

Apenas com a Revolução Industrial e com a extrema desigualdade de condições entre homens e mulheres nos trabalhos exercidos nas fábricas, começou a surgir uma grande revolta que gerou uma força impulsionadora na luta pelos mesmos direitos. Muitas mulheres uniram-se nessa luta para que algumas mudanças pudessem ocorrer, o seu trabalho foi difícil, lutando contra um poder instituído durante séculos, foi uma luta muitas vezes inglória, mas graças à sua garra, coragem, persistência e resiliência foram conseguindo, aos poucos, pequenas mudanças e mais justiça na sociedade.

Ao longo da História, muitas mulheres deram a vida para que os direitos das mulheres existissem e fossem implementados, a elas agradecemos, nos dias de hoje, podermos ser livres de escolher o nosso caminho. Pelo menos na Europa já se pode considerar que existe uma maior igualdade, embora ainda seja necessário continuar a trabalhar para que seja fortalecida.

Infelizmente, em muitas partes do Mundo, os direitos das mulheres ainda são muito pouco respeitados e em alguns países estes quase não existem, é uma luta quase interminável, mas, embora demorada, um dia será uma realidade em muitos mais países.

Comemora-se amanhã, dia 25 de novembro, o dia para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Este dia lembra-nos do trabalho que ainda há a fazer na nossa região, no nosso País e no Mundo para que as mulheres possam ser respeitadas e ouvidas.

Infelizmente, ainda para muitos homens, o valor das mulheres é pouco ou nenhum, são maltratadas e, muitas vezes, mortas de maneira violenta e atroz. Que nunca seja esquecido o valor das mulheres, muitas vezes podem ter menos força física, mas têm muita força interior, aquela que vem do coração, são muitas vezes o alicerce da família, da sociedade e do mundo. Porque com a evolução da sociedade, não é a força física que vai construir um Mundo melhor, mas sim, cada vez mais, a força do Bem, da Justiça e da União entre todos e todas.

A luta não é a da supremacia das mulheres, mas sim a da Igualdade, caminhando para uma sociedade mais justa em que todas/os usufruam dos mesmos direitos, caminhando lado a lado.

Desejo que, no futuro, haja uma verdadeira união, que mulheres e homens trabalhem em conjunto por um Mundo Melhor, respeitando-se e olhando-se como iguais, dando as mãos. Nesse futuro distante que o meu coração prevê ser possível, a humanidade trabalhará como um todo, em conjunto, sem distinções, nem diferenças e cada um dará o melhor se si, colocará os seus talentos, dons e qualidades na transformação de si próprios e de todos, construindo um Mundo mais justo e mais feliz.

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01
Nov21

Invisibilidade das mulheres – mito ou realidade?


umarmadeira

ARTIGO DE MADALENA SACRAMENTO NUNES

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Vivemos num mundo tão concebido e filtrado pela visão masculina que nem nos damos conta de como ele pode discriminar as mulheres, colocando-as em risco, sem ninguém se aperceber disso. Nem mesmo elas. Trago-vos alguns dados que resultam de investigações variadas e que ajudam a perceber o que acabei de afirmar.

Começo pelo mundo automóvel. Os automóveis são desenhados maioritariamente para os homens. São 71% menos seguros para elas do que para eles. Porquê? Porque o corpo masculino é a referência para todos os equipamentos de proteção do automóvel e os algoritmos ou testes que ajudam a calcular os riscos e o desenho dos equipamentos de proteção têm por base a noção de “ser humano” que se baseia no padrão do corpo masculino, que é anatomicamente muito diferente do feminino. Por isso, as mulheres estão mais expostas a acidentes rodoviários fatais. Não se compreende como, sendo as mulheres a maioria da população mundial, continuem a ser excluídas de testes e estudos que servem de base à melhoria das condições de segurança rodoviária, continuando esses estudos a usar quase exclusivamente os homens ou bonecos com a sua estrutura padrão. Por isso as mulheres têm mais 47% de probabilidade de ficarem feridas num acidente automóvel do que os homens, mais 71% de probabilidades de ficarem com lesões graves e mais 17% de probabilidades de morrerem.

Caroline Criado Perez fez investigação em diversas áreas e, no seu livro “Mulheres Invisíveis: Como os dados configuram um mundo feito para os homens”, relata uma série de casos em que se perceciona claramente que, no século XXI, o padrão em que se constrói o mundo continua a ser o masculino. De vários exemplos que ela dá refiro os seguintes:

  • Padrão de temperatura dos escritórios nos Estados Unidos – a fórmula usada para a calcular foi estabelecida em 1960 e tomou como padrão o metabolismo basal de um homem de 40 anos e 70kg de peso. Contudo, estudos recentes provam que as mulheres quando trabalham num escritório têm um metabolismo muito mais baixo, o que as leva a bater o dente e a embrulharem-se em casacos e cachecóis dentro do escritório, em pleno Verão, enquanto os homens andam de manga curta e se sentem confortáveis.
  • Coletes oficiais de proteção balística – concebidos para o corpo masculino, não se ajustam ao peito das mulheres, nem ao tamanho dos seus corpos, acabando por desprotegê-las e dificultar o seu trabalho. Relata aliás um caso de uma agente policial espanhola que adquiriu um colete no mercado particular que se ajustava ao seu corpo e que lhe custou 500€, para poder trabalhar de forma eficaz e segura. Teve de enfrentar um processo disciplinar.
  • Reconhecimento de voz – Em 2016, Rachel Tatman concluiu que o software da Google tinha mais probabilidade de reconhecer vozes masculinas (70%) do que femininas. Ou seja, quando muitas mulheres davam ordens o equipamento não obedecia, nem reconhecia a ação que lhe estava a ser ordenada. Se pensarmos na medicina, em que esta tecnologia é cada vez mais usada, o tempo para tentar que o software reconheça a instrução dada, pode ter consequências graves nos pacientes e reverte negativamente para as mulheres que o usam, pois acabam por demorar mais tempo a corrigir os enviesamentos tecnológicos pensados para os homens, podendo ser acusadas de serem mais lentas e menos eficazes na resolução das tarefas do que os seus colegas homens.

A tecnologia reforça esta discriminação de género, levando a que se cometam erros graves, pois os cálculos baseiam-se em dados do tal “ser humano” que mais não é do que a referência padrão do corpo masculino, fazendo com que os equipamentos de diagnóstico médico induzam em erro quem lê esses dados. Do diagnóstico ao tratamento, as mulheres correm riscos muito mais díspares do que os homens, precisamente pelos enviesamentos introduzidos nos cálculos e nos dados submetidos a exame.

A desigualdade de género está presente em todas as áreas da vida quotidiana, mesmo que não tenhamos consciência disso. Quanto mais percebermos que ela existe, mais nos envolveremos para a combater. Quanto mais lutarmos para que as mulheres estejam representadas em todas as áreas profissionais e políticas, mais garantias teremos de que o défice informacional de género diminua. Há casos de que os homens nem se lembram, pois não sentem essa necessidade, ou que acham nojentos. Pensemos, por exemplo, nos extratores de leite materno, nas soluções variadas para os dias em que a mulher está menstruada e que geraram a tantos homens nas direções das empresas esgares de nojo e repulsa, perante os projetos que várias mulheres lhes apresentaram.

Combatamos a invisibilidade das mulheres com a sua maior representatividade nas diferentes estruturas de poder e do conhecimento. Fazê-lo é garantir que a investigação não as esquece, de que elas estarão presentes na tomada de decisões e ajudarão a quebrar o enviesamento masculino que ainda existe em todos os setores das nossas sociedades.

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13
Out21

Só com Mudança de mentalidades é possível conciliar a vida profissional, familiar e pessoal!


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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A já longa situação Pandémica de COVID19, que se abateu no mundo e que nos afectou a todas/os, mas que hoje, felizmente, já está a caminhar para a sua quase normalidade, mas temos de continuar com alguns cuidados, mesmo assim, por mais algum tempo, e passados que são quase dois anos, tem trazido ao de cima algumas reivindicações que se encontravam adormecidos tais como: os horários de trabalho e a conciliação da vida familiar e pessoal. Embora sejam uma questão crucial das sociedades actuais com reflexos a vários níveis e em múltiplas dimensões da vida das/os trabalhadores, desde a questão da demografia e os problemas decorrentes da baixa natalidade para a sustentabilidade da economia e do sistema de protecção social, aos problemas da igualdade entre mulheres e homens no trabalho, na família e na sociedade e os estereótipos de género que continuam a atribuir o papel de principal cuidadora, limitando ou menorizando o seu papel social e profissional enquanto mulher.

A taxa de empregabilidade da mulher é grande, mas apesar de haver sinais positivos sobre a participação dos homens ao nível da partilha de responsabilidades na vida familiar, existe uma grande distância entre a partilha equilibrada de responsabilidades e as realidades quotidianas. São as Mulheres que mais dificuldades sentem na conciliação do trabalho com a vida familiar e pessoal. Algumas veem-se forçadas a suspender as suas carreiras profissionais para cuidar dos/as filhos/as e não é por acaso que a maioria das/os cuidadoras/es informais são mulheres, abdicam a título temporário ou definitivo do trabalho remunerado para prestar assistência a cônjuge, pais, filhos ou outros familiares em condição de fragilidade ou de dependência. E são as Mulheres que mais recorrem ao apoio extraordinário à família, o que torna mais claro as assimetrias que continua a marcar a prestação de cuidados no seio familiar.

 

Neste contexto, os efeitos causados pela pandemia e o teletrabalho para um grande número de mulheres, aprofundaram ainda mais as dificuldades já existentes com a conciliação entre trabalho e vida familiar e profissional.

Na prática, o prolongamento generalizado e a constante irregularidade dos horários e tempos de trabalho são claramente incompatíveis com a necessidade de conciliar diariamente a vida profissional com a vida familiar e pessoal, não favorecem a efectivação do direito ao lazer e à cultura e, muitas vezes, têm repercussões negativas na saúde dos/as trabalhadoras/es.

Gostava de dizer que, apesar dos significativos progressos registados, a verdade é que a sociedade parte ainda do pressuposto que cabe à mulher assumir a quota principal das responsabilidades da família, que sejam as mulheres a gozar maioritariamente todas as licenças, faltas e dispensas relacionadas com o apoio à família, enquanto relativamente aos homens, tais práticas continuam a ser mal vistas e mal aceites.

Por outro lado, assiste-se a uma contínua degradação dos serviços públicos, sendo uma fonte de preocupação para as famílias que acaba por afectar as questões da conciliação. Porque a conciliação da vida profissional e familiar é um direito fundamental de quem trabalha e que as entidades empregadoras têm o dever de respeitar e facilitar, porque é necessário identificar as necessidades das mulheres e homens e das suas famílias e dar-lhes uma resposta urgente e cabal e não é isso o que se passa, infelizmente.

A dificuldade em conciliar as diferentes esferas da vida é uma realidade quotidiana que afecta e condiciona diariamente a vida de quem trabalha e das suas famílias, complicando o dia-a-dia, e provocando a destabilização  das relações entre as pessoas, perturbando a educação e o desenvolvimento harmonioso das crianças e jovens, distorcendo as vivencias familiares e sociais , fazendo crescer fenómenos como o stress, depressão, ansiedade, burnout e a falta de motivação. Estes são cada vez mais relatados por um significativo número de trabalhadoras/os face à enorme pressão para responder às exigências do ambiente de trabalho moderno e à actual situação pandémica. Tal ocasionou repercussões, não só na vida profissional como também na vida pessoal, familiar e social.

Por isso, sem discutir-se o tempo de trabalho e a organização do tempo de trabalho e sem se procurar um justo equilíbrio entre tempos de trabalho e tempos de não trabalho, não se pode discutir a conciliação entre as várias esferas da vida das/os trabalhadoras/es.

Enquanto as leis que se aprovam não tiverem aplicação à vida concreta das famílias e a conciliação for vista pelo prisma do interesse das empresas e não for reconduzida ao plano das necessidades e interesses das pessoas e das famílias, também não é possível discutir e, muito menos, concretizar qualquer tipo de conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal, do meu ponto de vista. É preciso combater a instabilidade e a precariedade dos vínculos laborais, dando vínculo de trabalho efectivo que garanta estabilidade a quem trabalha. É preciso adequar ao exercício das responsabilidades familiares o cumprimento das normas laborais de protecção das mães e dos pais trabalhadores. Há que investir e melhorar os serviços públicos nas áreas sociais, da saúde, dos transportes e da habitação, a fim de proporcionar a quem vive do seu salário e às suas famílias maiores facilidades de conciliação e das suas responsabilidades familiares com a sua vida profissional.

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26
Jul21

A simbologia das identificações preconceituosas


umarmadeira

ARTIGO DE GUIDA VIEIRA

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Há muita gente que não olha para os símbolos que identificam os sexos com um olhar crítico, ou criterioso, como se queira chamar. Até acha graça na forma como alguns deles estão construídos, e considera as nossas críticas ridículas ou “fofoquices politiqueiras”.

No entanto, eu aprendi ao longo da minha vida que nada acontece por acaso. Por detrás de uma imagem ou de um símbolo, está um significado e um objetivo.

Quando no chão dos parques de estacionamento ou nos fraldários das casas de banho as identificações para transportar ou cuidar das crianças estão todas com uma conotação feminina, isso quer dizer que ainda existe um preconceito em relação aos homens que deve ser desmistificado, até porque hoje muitos deles já mudam as fraldas e carregam os/as filhas para passear, ou mesmo ao médico e à escola. Não é correto ligar tudo o que se refere às crianças apenas às mães. Não devemos aceitar este estereótipo sem refutar a mentalidade preconceituosa e machista que está por detrás dele. Até a lei mudou de “Maternidade” para “Parentalidade”, exatamente para chamar a atenção que tudo o que se refere aos/às filhos/as tem a responsabilidade de ambos os progenitores.

Claro que sabemos que hoje existem casais do mesmo sexo também com crianças e que devem sentir na pele ainda mais preconceitos. Imagino o dilema de dois pais perante um fraldário que nem tem uma imagem masculina e que fica, muitas vezes, dentro da casa de banho das mulheres. Temos que estar atentas/os a estas questões que parecem pormenores mas que, na realidade, mexem muito com as nossas vidas e o nosso quotidiano.

Também não podemos aceitar como normal que num restaurante a casa de banho das mulheres esteja identificada com “Shopping”, e a da casa de banho dos homens esteja sinalizada com “Futebol”. Há muitas mulheres e homens que não se revêm nem se encaixam nestes rótulos. Sabemos que existem mulheres que gostam de futebol, assim como existem homens que gostam de Shopping. Este tipo de identificação trata as pessoas como “burras” e “fúteis”, quer sejam homens quer sejam mulheres.

Parece uma coisa de pormenor ou de brincadeira, o que não era pois eu própria vi, e mesmo se assim fosse não devemos admitir. Quem me chamou a atenção para este facto foi um homem. Apetecia entrar propositadamente na casa de banho onde nos identificássemos com o interesse proposto. Mas se o fizéssemos, estaríamos a diminuir a importância desta questão.

O mesmo se passa com o nosso cartão de identidade, que trata todas as pessoas no masculino. Dizem que somos radicais, mas eu quando me refiro à minha identidade faço-o sempre no feminino porque sou mulher e não admito que me tratem como homem. Já perguntei a muitos homens: e se fosse ao contrário? Se em vez de ser cartão de cidadão fosse, para toda a gente, cartão de cidadã? Claro que nenhum deles se identifica e fica a olhar, sem qualquer argumento.

E em relação ao cumprimentar no masculino? Será que os homens iriam se sentir representados quando, numa sala antes de um evento, alguém dissesse “bom dia a todas”? Parece que estou a ver o escândalo que seria, sobretudo se a cerimónia fosse pública. Nunca o fiz, mas já me apeteceu fazê-lo várias vezes. Ainda assim, acho que o mais correto é sempre cumprimentar no feminino e no masculino. Os ingleses foram pioneiros quando, desde há muito tempo, utilizam o seu famoso “Ladies and Gentleman”.

Os preconceitos estão tão enraizados nas nossas vidas que muitas vezes somos preconceituosos/as sem sequer termos consciência disso.

É necessária muita atenção e vigilância, porque é nos chamados “pequenos pormenores” que tudo começa.

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30
Jun21

Migrações involuntárias ou a história da humanidade


umarmadeira

ARTIGO DE LUÍSA PAIXÃO

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A história das migrações é indissociável da história da humanidade e o seu percurso constitui um manancial de referências que ecoa naquilo que somos e na riqueza pessoal que todos os processos de aculturação foram trazendo para a nossa construção.

Quando começou a luta pela posse de um território através da demarcação de fronteiras? Sabemos que algures durante o processo de sedentarização ela começou a intensificar-se e que o que até ali fora um confronto entre concorrentes pela sobrevivência foi ganhando outros contornos e a ideia da “posse” foi-se instalando, século atrás de século, trazendo consigo o medo da perda dos bens conquistados. Estava lançada assim, irremediavelmente, a semente da discórdia.

A confusão entre o ser e o ter que esta situação provocou, atingiu os povos de tal modo que a velha Europa se arrogou, com a sabedoria que julgava ter, ao direito de possuir outros continentes e subordiná-los à sua vontade e aos seus dogmas, que séculos de luta e outras tantas conquistas não conseguiram apagar completamente.

E assim chegamos ao dia de hoje, em pleno século XXI, com a palavra diferença a provocar ainda muito sofrimento, quando aplicada a outros seres humanos, num momento da nossa história colectiva  em que os direitos universais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade já fazem parte do nosso ADN e, por isso mesmo, nem esses nem outros direitos que desses advêm deviam ser colocados  em causa,

Não podemos mudar a história, é verdade, por isso, hoje temos de nos aceitar como produtos de uma construção milenar. No entanto, essa aceitação não se pode manifestar através de saudsaudosis de um tempo marcado pela conquista desenfreada e pelo imperialismo que destruiu outros seres humanos, retirando-lhes o direito à sua identidade. Aprendamos sim, com o passado, mas para não cometer as mesmas atrocidades, usando para isso todos os meios que hoje temos ao nosso dispor. Assim, talvez possamos, por fim, experimentar uma reconciliação com esse mesmo passado.

Aceitemos que toda a humanidade descende desses migrantes involuntários que um dia procuraram espaços onde se encaixar e talvez assim seja possível respeitar as pessoas que, agora, procuram um espaço onde possam exercer um dos direitos humanos, essa conquistas da modernidade de que nos devemos orgulhar e que temos o dever de defender - o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Todas as sociedades que encontraram no seu seio espaços para albergar as diferenças são sociedades mais felizes e equilibradas.

É urgente destruir as novas ideologias vestidas com as velhas roupagens, que procuram com falácias oportunistas destruir os ideais humanistas e traçar fronteiras não só no espaço mas também na sociedade, pois, quando se começam a implementar desigualdades, esse processo não termina num grupo, numa língua, numa ideologia, numa religião ou numa orientação social. Não pode haver a mínima cedência dos direitos conquistados, em vez disso é urgente inverter a marcha que nos ameaça e caminhar na defesa intransigente de uma sociedade onde o direito à felicidade seja universal e nunca mais nos envergonhemos da nossa condição humana.

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29
Jun21

Enquanto esfregas um olho, a liberdade vai-se!


umarmadeira

ARTIGO DE CLÁUDIO TELO PESTANA

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Não é segredo nenhum que a política faz já parte do meu percurso e dos meus interesses diários. A política, essa nobre causa, deveria ser praticada por via de uma dose generosa de bom senso e, igualmente, levada a cabo por homens e mulheres de bem, honrosos e capazes ao nível técnico e humano. Que reconheçam as limitações daquilo que governam e com o foco no único objetivo de fazer mais e melhor do que aquilo que outrora era o estado das coisas. Conheço algumas pessoas que congregam em si estas capacidades únicas e elas estão espalhadas, e divididas, da esquerda à direita. Lamento profundamente que assim os ideais nos dividam a todos quando juntos poderíamos fazer do mundo um lugar melhor e não, não falo de utopias, falo de possibilidades imensas de mudar o que nunca se conseguiu mudar, sem cores, sem divisões, sem partidos. Talvez seja por isso que reconheço cada vez menos legitimidade partidária num país cada vez mais dividido pelos partidos. Nem os consigo contar. São já uma panóplia considerável de coisa nenhuma com um propósito comum e transversal, preencher o sentimento de pertença!

Ah, muito mais aliviado agora que escrevi o que queria dizer. No entanto, com este acordo prévio introduzo o tema central deste meu artigo, e mísero contributo para a causa feminista, a Turquia retirou-se do tratado internacional de direitos humanos, em particular das mulheres e raparigas, mais conhecido por, pasmem-se, Convenção de Istambul. Dito de outra forma, a Turquia retirou-se de um tratado internacional que tinha o nome de uma das suas mais emblemáticas cidades. Erdogan, pessoa por quem não nutro nenhum tipo de simpatia fez questão de se retirar do tratado sem qualquer explicação o que causou ao novo Presidente americano, Joe Biden, alguma estranheza e tristeza. A retirada representa um tremendo golpe nos direitos universais das mulheres e as causas continuam, misteriosamente, inexplicáveis. Canso-me de dizer aos meus filhos, em especial à minha filha de apenas 14 anos, que nunca devemos dar por garantidas as nossas liberdades, sejam elas quais forem. Não se trata de um comportamento comunista mas de uma aceção de que vivemos uma realidade com algumas garantias muito frágeis onde a qualquer momento o mundo está ao contrário. De Erdogan não se pode esperar um contributo valoroso para a manutenção de direitos universais, mas pelo contrário, como esta retirada demonstrou. A qualquer momento um homem ou mulher de princípios pode ser corrompido, a qualquer hora um homem ou uma mulher com poder se reúne dos mais pérfidos assessores e pode encaminhar a sua governabilidade para o desastre, a qualquer minuto, uma ideia pode ser implantada maquiavélica é implantada na mente de quem governa. Resta-nos a obrigatoriedade da vigilância permanente.

Devemos todos, em plena consciência, ter o dever de não adormecer em liberdade!

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02
Jun21

Pandemia e desigualdade de género


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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Nos últimos meses, algumas Instituições têm abordado em órgãos de comunicação social, vários problemas muito sensíveis que afetam dum modo particular as Mulheres, tais como serem as mais afetadas com o desemprego, na qualidade do emprego, no teletrabalho, na desigualdade salarial, nos baixos salários, com reflexos na baixa natalidade, na conciliação dos direitos da maternidade, na exclusão social.

O drama da escravidão das/os trabalhadoras/es imigrantes, no aumento da pobreza, pessoas que mesmo trabalhando vivem abaixo do limiar da pobreza, no aumento da violência doméstica e, ainda, de várias Mulheres de profissões diversas a assumirem publicamente terem sido assediadas; artistas, advogadas, jornalistas, psicólogas, estudantes, enfermeiras, economistas etc., a contarem o que sofreram e sofrem com o assédio sexual no trabalho, na rua, na noite, na praia, nos transportes, etc.

A Presidente da Comissão Europeia também se sentiu discriminada, aquando da sua deslocação à Turquia, por ser a primeira Presidenta a não ter cadeira para que se pudesse sentar, pois as cadeiras eram só para os homens, tendo ficado chocada.

Não menos verdade, e também visível, é que, com a pandemia, a maioria das famílias perdeu grande parte dos seus rendimentos e mais de metade dos madeirenses admitem dificuldades financeiras, tornando-se claro que os salários em Portugal e na Região são reconhecidamente muito baixos. Estávamos todas e todos com alguma expectativa que da cimeira social a realizar-se em Portugal, face a todo este quadro, saíssem respostas para alguns destes problemas, mas a conclusão que tirei é que foi uma cimeira de meias tintas, num momento Histórico, todos bem-intencionados mas com resultados nulos. Porque a resposta é nada, não há nenhuma medida concreta. O que saiu foi um conjunto de princípios gerais sem poder vinculativo, ficando ao critério de cada país a sua aplicação ou não. Por outro lado, a União Europeia tem vindo a abordar estes problemas, mas sobre a igualdade salarial de género, para que torne obrigatório a adoção de medidas de transparência sobre esta matéria, até aqui as diretivas europeias resultam apenas em recomendações. Nos últimos dados estatísticos tornados públicos, as mulheres ganham menos 14,4% em relação aos homens, mas é nas grandes empresas que mais se sente, ficando a diferença em 26%.

Não menos verdade é que é do conhecimento público que o Comité de Direitos Humanos do Conselho da Europa já concluiu que Portugal tem violado a carta dos direitos sociais da organização por falta de progresso em alcançar a igualdade salarial entre Mulheres e Homens.

Face a tudo isto, é claro que as Mulheres estão mais frágeis perante a pobreza, ocupam ainda uma pequena percentagem de cargos de maior poder, apesar de representarem mais de metade da população, ocupam ainda um número pequeno de assentos nos parlamentos, sofrem mais violência doméstica e ocupam a maior parcela de empregos precários.

É caso para dizer que esta pandemia é como uma guerra oculta contra as mulheres. Se não forem tomadas medidas, a COVID 19 pode apagar uma geração de frágeis avanços em direção à Igualdade de Género, isto porque torna-se visível a desigualdade neste contexto de pandemia.

Como se tudo isto já não bastasse, o aumento da violência doméstica reflete uma realidade alarmante, que com a pandemia se agravou no período do confinamento. É urgente por um fim a este horrível flagelo contra Mulheres e crianças. É fundamental uma mudança, mas só será possível se todas e todos unirmos esforços e atuarmos com determinação para atingirmos a Igualdade e justiça. As ações que forem tomadas determinarão as expectativas, não apenas da atual geração de Mulheres, mas também das gerações futuras.

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17
Mai21

Produtividade: salve-se quem puder.


umarmadeira

ARTIGO DE VALENTINA SILVA FERREIRA

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Naquela manhã, uma mulher deixou a filha dentro do carro. Quando se lembrou, já era demasiado tarde. O espaço público encheu-se de moralismos e, em bicos de pés, apontaram-se dedos à mãe, à malvada, quem é que esquece uma filha dentro do carro um dia inteiro?

Somos seres humanos, corpos que carregam outras pessoas dentro, ansiedades e medos, milhares de informações, necessidades e desafios. Somos pessoas do século XXI, com o que isso tem de bom e de mau, absorvidas pela tecnologia cada vez mais superior àquilo que achamos conseguir acompanhar, absorvidas pelo trabalho e pelo capital. Somos os seres que parecem competir sobre quem dorme menos, quem trabalha mais horas, quem está permanentemente ligado, quem produz mais, quem tem a melhor ideia, quem dá mais às causas, quem tem mais problemas de saúde. Somos os bichos mais estranhos do planeta porque, enquanto os outros animais parecem levitar sobre o tempo – mesmo os que têm uma curta esperança de vida – nós queremos ser mais rápidos que o tempo, queremos que as 24 horas se traduzam em 48 e, no fundo, não vivemos na pressa de viver tudo.

Naquela manhã, uma mulher era uma destas pessoas, uma destas tantas pessoas. Não a conhecendo, imagino que estivesse absorvida pelas suas tarefas, que alguma coisa na rotina se tenha alterado, que problemas a afligissem. Imagino que tivesse contas para pagar, dilemas para resolver, planos para cumprir. Imagino que tenha dormido pouco, que tenha trabalhado horas a mais, que estivesse permanentemente ligada, que quisesse produzir mais, que quisesse ter a melhor ideia, que quisesse dar mais às suas causas. Imagino, também, que ame profundamente a filha que perdeu e, no meio do fazer-se valer enquanto pessoa do século XXI – trabalha!, pensa!, dorme pouco!, faz mais! – esqueceu-se do mais importante: o cuidar-se e, com isso, alargar o cuidado aos seus. Imagino, quase na certeza, que o calvário que enfrenta agora é pior que qualquer outra coisa. Haverá espaço para uma mulher feliz na mãe que morreu ali?

Eu não tenho crianças sob a minha responsabilidade. No cenário da minha vida, não consigo conceber espaço, tempo e segurança emocional para cuidar de uma. Admiro as mulheres que enfrentam a maternidade enquanto se digladiam com outras responsabilidades – e também os homens que enfrentam a paternidade, embora saibamos que é ainda sobre a mulher que recaem as maiores dificuldades. Não tenho filhos ou filhas, mas sei que, se os/as tivesse, eu poderia muito bem ser, naquela manhã, a mulher que deixou a filha dentro do carro. E quando me lembrasse, já seria demasiado tarde, e o espaço público encher-se-ia de moralismos para, em bicos de pés, apontar-me os dedos, a mim, a malvada, quem é que esquece uma filha dentro de um carro um dia inteiro?

Precisamos de mudar isto. Precisamos de deixar de competir e passar a cooperar. Sermos uma equipa. Um conjunto de seres que caminham para um mesmo objetivo, o da felicidade e da justiça. Precisamos de parar de exigir de nós e dos outros o que prejudica o coletivo enquanto humanidade. Humanidade: haverá produtividade exacerbada que a salve? Pelo que vou compreendendo, a continuar assim, acabaremos todas/os doentes, desgastadas/os, divididas/os e confusas/os. Que não seja o salve-se quem puder.

E, hoje, já viveram?

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10
Mai21

Somos feministas por um mundo novo


umarmadeira

ARTIGO DE GUIDA VIEIRA

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O pior que pode acontecer à causa do feminismo é considerar que, em nome da pandemia, lutar por esta causa de direitos iguais para todos/as é uma utopia e que o melhor é congelar a nossa luta à espera que a pandemia fique controlada, porque existem outras prioridades.

No meu entender, nada é mais prioritário do que continuar a estar atentas/os aos problemas que surgem na sociedade e que aprofundam, negativamente, os direitos que foram conquistados com tanta luta e com tanto empenho de um conjunto de mulheres, nas quais me incluo. Sempre nos disseram que o que reivindicávamos ou defendíamos era acessório e não era o fundamental.

No entanto, à medida que a nossa luta ia produzindo efeitos positivos e que fomos conquistando direitos que abrangiam todas as mulheres, mesmo aquelas que nada fizeram para que os mesmos existissem, toda a gente começou a ser beneficiada e, então, tudo se tornou importante e a sociedade que nos quis calar passou a aceitar esses direitos como "coisas importantes que devem ser perservadas".

É sempre assim no que toca às mulheres. Começam por atacar mas, depois, existe um render coletivo ao que é conseguido. Foi assim com a maternidade e paternidade. Foi assim com o planeamento familiar. Foi assim com a IVG. Foi assim com o crime público da VD. Foi assim com o direito à adoção. Foi assim com tanta coisa que hoje faz parte do nosso ordenamento jurídico sem qualquer perturbação.

Atacam-nos por nos definirmos como feministas, quando consideramos que devíamos ser tratadas, no cartão de identidade, como cidadãs. Que queremos ser olhadas na rua com respeito e admiração, e não à luz de preconceitos machistas e com assédio. Que queremos ser tratadas no feminino nos discursos oficiais ou nos cumprimentos formais. Não gostamos de ser tratadas no masculino porque nenhum homem nos representa nem nós representamos os homens. Ambos existimos e queremos continuar a ser todos/as olhados/as e tratados/as com respeito e admiração pelo que somos, e não pelo sexo com o qual nascemos.

Lutamos por uma sociedade inclusiva para todos os seres humanos. Queremos um mundo novo para que toda a gente seja feliz e respeitada, independentemente dos credos, religiões, orientações sexuais ou outras coisas que defendam. Cada pessoa é que sabe da sua vida. Cada pessoa é que sabe do que gosta. Cada pessoa é livre para decidir o que quer fazer da sua vida.

Defendo que o que deve predominar nas nossas vidas são todas as cores do arco íris. Só com esse colorido da vida é que podemos continuar a sonhar em ser felizes durante e depois da pandemia. Não podemos deixar de sonhar e de querer que a vida nos proporcione vivências mais felizes, onde cada ser humano tenha o mesmo direito a ser feliz e realizado.

Utopia, dizem. Então, sou defensora de utopias. Precisamos de acreditar que vamos ultrapassar esta pandemia e que, entretanto, não deixamos de lutar por aquilo que consideramos justo. É isso que tem feito a UMAR/Madeira, tentando aproveitar estes novos tempos para organizar documentação que retrate a memória coletiva do que tem sido a luta das mulheres. Queremos deixar o nosso contributo, até para que a memória não se perca. Estamos a trabalhar em mais documentos que servirão para debates futuros, porque a pandemia vai passar e vamos continuar a lutar por um mundo novo sem desigualdades e com mais empatia entre todas as pessoas.

A nossa luta por um Feminismo de intervenção não para e nenhuma pandemia o vai destruir.

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