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Feminismos é Igualdade

06
Jul20

Zig Zag


umarmadeira

ARTIGO DE PAULO SOARES D'ALMEIDA

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A RTP decidiu retirar – entretanto, depois de fazerem nova dobragem, já o repôs – um programa da sua grelha. Quando vi a notícia especulei qual teria sido o excluído: o meu primeiro pensamento apontou para a transmissão de touradas. Fez-me todo o sentido deixar de passar, em sinal aberto, uma actividade que consiste em torturar um ser vivo a sangue frio para deleite dos seus “aficionados”. Também me ocorreu o Prós e Contras, por considerar estar em queda livre há imenso tempo. Qualquer dia, ainda dedicam um episódio para debater o racismo com um painel, quase todo ele, composto por caucasianos. Quer dizer, tarde demais, já aconteceu.

Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, desde que não me tirassem o galanteador piscar de olho do José Rodrigues dos Santos, o nosso Dan Brown, estava pronto para qualquer hecatombe.

Abri a notícia e li que se tratava de uma série chamada Destemidas. As queixas ao provedor do telespectador e a revolta nas redes sociais tinham sido imediatas à sua exibição. Queixavam-se de “doutrinação ao socialismo, apologia ao Marxismo ou à identidade de género”.  A indignação era tal que senti que se tratava de algo perigosíssimo. Vi que a série está incluída no Zig Zag, que é o espaço de programação infantil do canal público. Confesso que estranhei, mas podia ser um Cavalo de Troia. Ou, neste caso, de Moscovo. A sinopse descreve o programa como “Histórias de mulheres excecionais, ousadas e decididas que fizeram o que quiseram e lutaram pelos seus sonhos. Mulheres de ideais, épocas, idades e mundos muito distintos, que foram capazes de ir para além das convenções e preconceitos sociais e triunfaram perante as adversidades. Cientistas, atrizes ou ativistas que desejaram ser independentes, viajar, ser úteis, estudar, trabalhar, chegar ao poder de um país, ou simplesmente... salvar um farol!”.

Fiquei confuso, não consegui identificar vestígios soviéticos, pelo contrário, pareceu-me muito interessante e empoderador um programa infantil que destacava a luta e coragem de mulheres pela luta de direitos humanos. Isto, em épocas da nossa história em que ser mulher era sinónimo de ter menos direitos. Não quis acreditar que se tratava de enviesamento ideológico e, como tal, avancei para a visualização do episódio. Senti a adrenalina de estar prestes a ver algo extremamente transgressor. Por precaução, optei por fechar a janela e a porta pois tenho um vizinho saudosista do Estado Novo e, apesar de ser uma terra belíssima, não me convinha muito ir agora para Peniche.

O vídeo começa com uma música, temi que fosse a Internacional Socialista, mas não. Falso alarme. O alegado episódio prevaricador é o número 19, que se foca na vida da activista francesa pelos direitos das mulheres, Thérèse Clerc. No fim, percebi os três motivos que chatearam tanta gente: ela ser a favor do aborto, beijar outra mulher e a referência à importância de Karl Marx na sua vida. O programa é destinado a um público-alvo dos 10 aos 13 anos. Não tenho estudos suficientes para afirmar com toda a confiança do mundo que seja a idade ideal para se falar de aborto, contudo, acredito na importância da educação sexual nas escolas. E, quando digo escolas, não falo em infantários, mas talvez seja bem necessária no ensino anterior às Universidades Seniores. O beijo entre duas mulheres gerou polémica, não por homofobia – dizem – mas por quererem ser os pais a apresentar a homossexualidade às suas crianças, em vez de o descobrirem através de um televisor. Bem, a não ser que os filhos vivam, como a personagem de Sandra Bullock, no filme Bird Box, de olhos vendados o tempo todo, lamento ser o mensageiro do apocalipse, porém, acredito que seja apenas uma questão de tempo até verem um casal homossexual a beijar-se na rua. Quanto a Marx, para uma criança, é apenas o cão da série juvenil que acreditam ser um descabido live action da Patrulha Pata. No final do episódio, caso as crianças não se tenham distraído no TikTok durante o mesmo, na pior das hipóteses, vão apenas perceber alguns dos pontos da nossa constituição, tais como ser crime discriminar pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, religião, sexo, orientação sexual ou identidade de género. Bem, pelo menos ainda não associaram o facto de o Bob, o Construtor utilizar nas suas obras ferramentas como foices e martelos como uma mensagem secreta para os jovens Illuminati.

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22
Fev19

Fazer Acontecer


umarmadeira

ARTIGO DE MADALENA SACRAMENTO NUNES

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Já alguma vez experimentaram dar a vossa opinião numa reunião ou conversa e ninguém parecer ligar? Já se deram conta de que, passado pouco tempo, ouvem alguém a repetir o que vocês disseram, como se a ideia tivesse partido de si e não de vocês, sendo então essa ideia altamente aplaudida? Grrrrrr!!!!!

Já alguma vez se deram conta de que quando estão a expor um conceito ou ideia, outra pessoa vos interrompe, afirmando que explicam melhor, voltando a dissertar sobre o que vocês tinham estado a comunicar e retirando-vos o uso da palavra? Buuuffffff!!! Grrrrrrrr!!!

Já alguma vez experimentaram estar a falar e serem constantemente interrompidas ou interrompidos, sentindo que são sistematicamente ignoradas ou ignorados? Arre!!!! Buuufffff!!! Grrrrrr!!!!!

Já alguma vez saíram de uma reunião, com um sentimento de frustração monumental, sentindo que se estivessem num filme de desenhos animados as vossas orelhas deveriam estar a emitir um fumo explosivo e uns sons estridentes, tipo apito de um comboio? Humpffff!!! @#$#@$%$#!!!

Já alguma vez tiveram vontade de esbofetear alguém no fim de uma reunião ou de um grupo de conversa, mesmo que vocês se considerem pessoas do bem? 💣 💣 💣 ☠ ☠ ☠ 💣 💣 💣!!!!

Bem-vindos e bem-vindas ao mundo diário das pessoas mais tímidas, mas maioritariamente, ao mundo das mulheres. Sei como se sentem. Espero que também vocês percebam como eu me encontro muitas vezes… Se acham que isto vos acontece com alguma regularidade, não desistam de intervir e vejam algumas formas que podem ajudar a ultrapassar estas situações:

- Se forem vocês a conduzir uma reunião, não aceitem que as pessoas sejam interrompidas quando estão a usar da palavra;

- Se estão a usar da palavra e alguém decidir meter a colher, não o permitam. Continuem a falar, falem mais alto, ou interrompam e digam que poderão intervir quando vocês tiverem acabado;

- Preparem as vossas intervenções, evitando usar pausas longas. Alguém vai logo interromper, de certeza. Não lhes dêem essa oportunidade;

- Usem um tom de voz confiante, seguro e audível. Se for preciso treinem em casa, ou gravem com o telemóvel a vossa intervenção de preparação e… critiquem-se sem piedade, tentando perceber como podem melhorar a vossa exposição;

- Se tiverem pessoas na reunião que se sentem também ignoradas, ultrapassadas e forçadas a ouvir os outros, sendo-lhes retirada visibilidade, montem uma estratégia de solidariedade, como as mulheres na Casa Branca de Obama usaram – amplifiquem o que foi dito por um ou uma de vocês. Isto é: combinem antes que, quando alguma das pessoas do vosso grupo apresentar uma ideia, a outra pessoa a usar da palavra reforça o que foi dito, mencionando o nome do autor ou da autora da ideia;

- Não aceitem, de modo nenhum, ser interrompidas ou interrompidos. Façam-no com educação e algum humor, se conseguirem. Caso não consigam, deixem-se de pruridos, usem a assertividade e deem um “Chega p’ra lá!”

- Se queremos que a mudança aconteça, temos de fazer por isso. Tomem consciência da descriminação de que se sentem vítimas e pensem que deve haver outras pessoas a sentir o mesmo. Conversem, troquem ideias, mas não se fiquem pelos lamentos.

Arranjem aliadas e aliados. Façam diminuir a desigualdade e a descriminação todos os dias, em todos os pequenos e grandes momentos.

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15
Jan19

Ser apenas mulher não basta!


umarmadeira

ARTIGO DE GUIDA VIEIRA

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Muitas vezes perguntam-me porque gosto tanto da cor amarelo/dourado. Não sei. Talvez por me lembrar do sol, das estrelas, dos quadros do Vincent Van Gogh e do Gustav Klimt que matizei em tela nos 70. Ou então dos girassóis que adoro. Ou das bananas que gosto de comer, etc…

Mas também gosto do azul, a minha cor preferida para me vestir, em todas as suas matizes. E do rosa, sobretudo em roupa para dormir. E do preto e branco. E do cinzento. E do castanho. E do bege. E do verde do meu Sporting…E do vermelho, a cor da minha bandeira preferida. Enfim. Gosto do arco Iris.

Gosto de gostar e não gosto que me imponham regras no meu gosto. E, por isto mesmo, já não consigo suportar as declarações da ministra Brasileira que quer impor regras nas cores a serem usadas pelas pessoas dos diferentes sexos. Para além de demonstrar ter uma mentalidade em desuso, é completamente idiota dar ordens sobre a forma como a sociedade se deve comportar em relação à forma de se vestir.

Nem no tempo do fascismo em Portugal tivemos tal imposição. Vivíamos numa sociedade cinzenta e a preto e branco mas ainda conseguíamos mandar no nosso gosto. Muitas vezes faltava o dinheiro para concretizarmos o que gostávamos de vestir.

E, ainda por cima, a senhora “rosa” vem comparar o amor entre seres humanos a animais. Com todo o respeito pelo direito ao amor entre os animais, acho que esta ministra já não sabe o que diz. É tão estúpido, uma pessoa que tem como responsabilidade defender a família e os direitos humanos, vir fazer este tipo de comparações. Garanto-vos que me arrepia os cabelos.

Em pleno século XXI, quando achamos que muita coisa já está assumida e que temos é que partir para outras exigências, vem este tipo de gente nos alertar que nada está seguro e, por isso, há que estar vigilante, reagindo e desmontando os falsos argumentos educativos que querem fazer com que as sociedades voltem para trás. As mulheres e os homens, que se prezam de o ser, querem vestir todas as cores, querem amar quem quiserem, e querem que os seus direitos sejam plenamente concretizados. Não querem que ministras como estas mandem nas suas vidas.

O colorido lindo do povo Brasileiro não merecia ter uma mulher, ministra, tão reacionária como esta. Sei que o problema político foi a maioria dos eleitores terem votado num governo de direita. Mas lá porque foram eleitos não vamos deixar de fazer oposição ao que não achamos correto. Nunca votei nos governos regionais que nos governam há 43 anos mas nunca me calo quando acho que devo contradizer o que está mal.

Uma lição a tirar disto é que não basta ser mulher e estar no poder. O que move e transforma as sociedades são as ideias e as propostas concretas. Ser apenas, mulher, não basta. Este exemplo lembra-nos que temos que ter muito cuidado antes de escolhermos quem nos representa.

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09
Nov18

O que será pior… o Feminismo distorcido ou a falta dele?!


umarmadeira

ARTIGO DE CARINA TEIXEIRA

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Hoje venho falar-vos de um tema que, após pensar e de trabalhar em torno do mesmo, suscitou-me algumas preocupações relativamente às atitudes e opiniões de certas pessoas – Feminismo. Qual o significado deste conceito? O que nos quer dizer? Uma das definições de feminismo é a busca da compreensão da desigualdade e, também, a busca por uma igualdade de género plena, em que homens e mulheres têm os mesmos direitos e oportunidades equivalentes.

Choca-me, em pleno século XXI, certas opiniões, sobretudo de mulheres, que referem que não precisamos de lutar, de sermos feministas, porque “temos tudo”. Choca-me, ainda, que o feminismo seja vítima de pessoas que se aproveitam dele, para lhe dar uma forma completamente distorcida e distante da realidade. Posto isto, não sei o que será pior, se o feminismo distorcido ou a completa falta dele, principalmente quando certas opiniões/atitudes vêm por parte de mulheres.

Não esqueçamos que foram os movimentos feministas que fizeram campanha e se manifestaram para que, hoje, tivéssemos, entre muitos, o direito ao voto, a ocupar cargos públicos, a um emprego, a ter educação, a ter direitos iguais dentro do casamento, a poder usufruir de uma licença de maternidade, à despenalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à procriação medicamente assistida de mulheres solteiras e casais de mulheres.

O feminismo é universal. É um movimento que foi criado para mim, para ti, para todas nós. É um movimento em que nós, mulheres, usufruímos dos resultados ao longo dos anos, porque somos agentes de mudança social.

Posto isto, na minha opinião, o sentimento feminista deveria ser inerente à mulher, num maior ou menor grau. Todas as mulheres deveriam ser feministas. Confude-me o facto de uma mulher, depois de tantas outras terem lutado por todas, dizer que não é feminista. O Feminismo estende-se às necessidades culturais e éticas específicas, como pode não estar inerente a ti?

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05
Nov18

Je suis Trump


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ARTIGO DE CLÁUDIO PESTANA

800

Kathryn Mayorga é hoje um nome amplamente conhecido pelos portugueses, e pelo mundo em geral por ter vindo a público afirmar ter sido vítima de violação de Cristiano Ronaldo. Não podia deixar passar a oportunidade de postular a minha visão sobre o sucedido nos últimos meses. A americana, como ficou simplesmente conhecida, tornou-se para milhões no rosto da infâmia, do desplante e do profano ao acusar o melhor jogador de futebol de todo o planeta de a ter sodomizado num quarto de hotel em Las Vegas há sensivelmente nove anos, altura em que Cristiano estaria a chegar a Madrid para abraçar uma feliz carreira no Real.

Sobre esta denúncia cabe-me explorar apenas dois factos que me parecem ser inquestionáveis:

Facto número 1: Cristiano Ronaldo é indubitavelmente o melhor jogador de futebol da nossa época e provavelmente o melhor de sempre (G.O.A.T.), tem sido um exemplo dentro e fora do campo ao contribuir financeiramente para diversas causas, tem sido igualmente uma das principais razões pela qual a Madeira tem vindo a estar na boca do mundo e eu quero que ele seja inocente partindo sempre do pressuposto de que toda a pessoa é inocente até prova em contrário.

Facto número 2: Com a denúncia pública, Kathryn Mayorga submeteu-se ao escrutínio dos jornais e ao julgamento popular sendo que este último demonstrou estar à altura da inquisição e da caça às bruxas e no caso particular do que foi possível ler nas redes sociais, digno de um reino sem lei.

O povo, soberano e sóbrio, metódico e justo como habitualmente não se coibiu de julgar na praça pública (ou nas redes sociais, o que é o mesmo). Com toda a sua sapiência e mesmo sem conhecerem os factos da noite em que tudo aconteceu, muita gente foi célere em afirmar que “A americana” era tudo e mais alguma coisa menos uma mulher que não quisesse ser violada por uma celebridade. Muitas das pessoas que se apressaram a lançar os mais diversos epítetos contra a senhora sem conhecimento de causa são as mesmas que se riem de Donald Trump quando este afirma que o aquecimento global é um embuste porque tem um dom natural para a ciência uma vez que teve um tio que foi professor de ciências numa prestigiosa universidade (sim, isto é verídico!).

Não obstante Ronaldo ser Ronaldo e eu sentir orgulho na sua carreira futebolística, abstenho-me de fazer julgamentos em praça pública contra uma mulher que diz ter sido violada. A violação é um acto de violência e não de amor propriamente dito e eu não estava presente no local e não assisti ao ocorrido logo não posso, em plena consciência, adjectivar seja lá quem for, mas conheço muita gente que o pode fazer, é caso para dizer que em algum momento das nossas vidas todos nós somos Trump dependendo da visão sobre o mundo.

O que se disse nas redes sociais serviu para demonstrar que Portugal, em particular, ainda é um país embebido num machismo cego. Resta-nos remar contra a maré até que a maré corra no nosso sentido.

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12
Out18

Tens razão, mas eu gosto tanto dele...


umarmadeira

ARTIGO DE PAULO SOARES D'ALMEIDA

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As redes sociais têm coisas muito giras: é maravilhoso encontrarmos um primo em vigésimo sétimo grau que vive no Burundi sem precisar de ir ao Ponto de Encontro; é fascinante saber que a vlogger do momento gosta de comer rúcula depois de fazer pilates, ou mesmo, ver aquele deputado conservador no parlamento com aquele nariz e orelhas fofíssimas de cachorrinho. 

Como todas as coisas boas da vida, tem o seu lado negro da força. Quando vislumbram opiniões contrárias aos seus dogmas, as pessoas abusam da libertinagem de expressão e fazem da sua opinião a lei. São rac… e tudo o tipo de «istas» que existem. Mas principalmente desumanos. Fazem comentários com uma malícia tão apurada que deixaria invejoso o mais malévolo general de Auschwitz.

Esta verborreia toda para introduzir um dos assuntos do momento: a acusação de violação que Cristiano Ronaldo é alvo. 

Eu, ainda abalado com a turbulência da notícia, cometi o maior dos erros que se pode cometer. Sim. Fui parar à caixa de comentários. Lá, nesse mundo sombrio onde impera a falta de civismo, deparei-me com centenas e centenas de pessoas a apoiar o acusado. A alegada vítima era, surpreendentemente, a criminosa e o acusado, afinal, era a vítima - qual telenovela da TVI, qual quê.

O ser um humano é um bichinho que normalmente gosta de gostar. E gosta muito. Gosta como um fanático insano. Seja do presidente da junta, do Tony Carreira ou do avançado do seu clube. E ai de quem ouse blasfemar sobre essa bolha divina de anjos alados.

É verdade que Ronaldo tem uma aura de D. Sebastião, mas não está imune à lei. Quando digo o futebolista, digo o tal presidente da junta, o rei do Mónaco ou o barbeiro Zézito. E como alguém que gosta tanto, odeia estar errado ou sentir que foi traído pelo Romeu a quem entregou o seu coração. O problema é que acontece e, como não há um Shakespeare que possa reescrever o enredo, temos que possuir o discernimento de matar a nossa personagem principal. Usando a analogia que a Sarah Silverman fez em relação a perder muitos ídolos com o movimento #MeToo “É como cortar tumores: é muito complicado e doloroso, mas é algo necessário e no fim seremos todos muito mais saudáveis”.

Se Ronaldo é efetivamente culpado ou inocente, não faço a minima ideia, mas algo está muito errado quando uma alegada vítima de violação é a puta, sem ninguém saber rigorosamente nada sobre o caso apenas se guiando pela reputação do ídolo. Tremendamente errado.  

Já que falei tanto de Cristiano Ronaldo, aproveito para rematar finalmente com um "vamos acabar com o seguidismo incondicional?” - SIIIIIIII.

P.S. – Em momento algum questiono a inocência (ou não) de Ronaldo.

P.S. 2 – Faço estes post scriptum pelo que escrevi no segundo parágrafo.

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08
Out18

Funchal Pride e os Preconceitos


umarmadeira

ARTIGO DE JOANA MARTINS

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Pelo segundo ano consecutivo, participei na marcha e arraial do Funchal Pride, como pessoa, ativista, humanista e UMARista. Ainda me faz muita confusão a hipocrisia e quantidade de preconceitos patentes na sociedade quando, na realidade, cada pessoa tem o direito a ser como é, a se expressar como deseja e a amar quem ama, sem ter que estar constantemente sujeita a juízos de valor, a discriminações e a insultos. A diversidade deve ser apoiada, respeitada e abraçada.  Só o Amor é real. Isto deveria ser claro como água e o respeito deveria estar acima de tudo.

Mas, infelizmente, ainda há um longo caminho a percorrer. Apesar de ser heterossexual, julgo ser importante fazer parte da causa LGBTIQ, como feminista que sou, que defende a igualdade de género. A luta pela igualdade não tem sexo, nem género, nem orientação sexual. É de todas e de todos. Enquanto houver discriminação e incompreensão, não existirá uma verdadeira igualdade.

Deixo-vos um poema sobre os preconceitos, que poderão encontrar no meu livro “O Sonho, a Vida e o Universo: pelos olhos de uma mulher”. Sejam quem são, aceitem as outras pessoas tal como são, e sejam felizes. O mundo irá se tornar, de certeza, um lugar bem melhor.

 

PRECONCEITOS

 

Se emagreço estou doente,

Se engordo sou descuidada…

Que sociedade exigente!

 

Se sou feia não tenho saída,

Se sou bonita não tenho conteúdo…

Que sociedade deprimida!

 

Se estudo não tenho mais que fazer,

Se trabalho sujeito-me a tudo…

Que sociedade de maldizer!

 

Se vou à missa sou uma beata,

Se não vou à missa sou má pessoa…

Que sociedade insensata!

 

Se gosto de homens estou desgraçada,

Se gosto de mulheres fujam de mim…

Que sociedade limitada!

 

Se não me caso sou pecadora,

Se me caso sou obediente…

Que sociedade conservadora!

 

Se não tenho filhos fico pra tia,

Se tenho filhos fico no lar…

Que sociedade negativa!

 

Se limpo a casa, sou uma rainha

Se não limpo, sou uma incapaz…

Que sociedade atrasadinha!

 

Deixem de lado a maldade

E ajam com mais delicadeza.

Entendam que na diversidade

É que está a nossa riqueza.

 

Somos iguais e diferentes

Mas temos os mesmos direitos,

Sejamos então mais coerentes

E abandonemos os preconceitos.

bannerJoana

 

29
Ago18

Uma perspetiva feminista nos desenhos animados...


umarmadeira

ARTIGO DE CARINA TEIXEIRA

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Para este meu segundo artigo, trago-vos um tema que me é muito especial e, com certeza, também para muitos/as de vós: falar sobre a perspetiva feminista nos desenhos animados. Após ter feito alguma pesquisa sobre variados filmes, que têm na sua essência perspetivas feministas, decidi escrever sobre Mulan.

A primeira vez que vi o filme Mulan tinha eu os meus 9 anos e, obviamente, que me encantei pela história, especialmente porque existe uma constante busca de identidade e um querer, também ele constante, de salvar a vida do seu pai. Até hoje não se sabe se Mulan foi real ou apenas uma lenda chinesa, mas Mulan, ainda hoje, navega pelos séculos e promove reflexões sobre os verdadeiros valores da vida.

O filme Mulan representa e aponta diversas situações que, nós mulheres, ainda continuamos a enfrentar. O primeiro caso é a “ditadura da beleza”. Para agradar o seu futuro marido, Mulan teve, contra a sua vontade, de colocar batom, sombra, lápis, penteados, vestidos com faixas apertadas para afinar a silhueta e tudo o que fosse necessário para que se tornasse numa boneca.

Após ter sido maltratada, de ter vergonha de si própria por não se encaixar nos padrões da realeza, Mulan faz uma auto-reflexão para perceber o que se passava de errado com ela. É neste momento que se inicia o processo de empoderamento de Mulan. É uma cena de libertação, em que a futura heroína da China representa todas as mulheres que estão cansadas de tentar ser o modelo perfeito para a sociedade.

Mulan, sabendo que seu pai tinha sido convocado para a guerra mesmo estando doente, ela vai contra todos os padrões da sociedade e não deixa de agir por causa do conservadorismo. Ela livra-se do tal padrão de beleza, corta o cabelo e veste a armadura do seu pai, mesmo sabendo que poderia ser punida de morte se alguém a descobrisse. Estando no meio de um exército masculino, Mulan torna-se a melhor guerreira e salva o exército chinês, sendo descoberta de seguida.

Embora muitos reconheçam que o facto de ela ser mulher não impedir, em nada, o seu desempenho no exército, o conselheiro imperial, conservador até à ponta dos cabelos, não perdoa e é violento. Aqui, temos um paralelo com os conservadoristas do século XXI, que se agarram às suas crenças e impedem o avanço dos direitos sociais.

Contudo, mesmo tendo sido abandonada nas montanhas, Mulan descobre que os inimigos do Império sobreviveram e tenta alertar os demais, mas ninguém acredita nela, por simplesmente ser mulher. Mas isso não a impede de lutar pelos seus objetivos e, conseguindo uma maneira das pessoas a ouvirem, os seus amigos ajudam-na a seguir com o seu plano e vestem-se de mulheres, tornando-se heróis junto com ela.

Mulan é finalmente reconhecida pelos seus atos, referindo o imperador que ela trouxe honra à sua família e ao seu país e, nesse momento, verificamos que o conservadorismo cai de joelhos perante o feminismo, pois todos estavam ajoelhados perante uma mulher (o que era impensável na altura).

Toda a mulher, aliás, todo o ser humano deveria ter um pouco de Mulan. A luta é árdua, mas lembremos: “A flor que desabrocha na adversidade é a mais rara e bela de todas” (Mulan).

 

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16
Jul18

Bem-vindas/os ao blog “Feminismos é Igualdade”


umarmadeira

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Este blog, implementado pela Associação UMAR, Núcleo da Madeira, tem como objetivos principais a partilha de opiniões por parte de um coletivo em relação à temática da Igualdade, e a divulgação de notícias relativas à nossa Associação.

A Associação UMAR, na Madeira, já existe desde a fundação da UMAR em 1976. É uma Associação Feminista, que luta pela Igualdade de Género, ou seja, pela igualdade de direitos entre mulheres e homens. O percurso desta associação, na Madeira, sempre foi de grande esforço e dedicação. Durante muitos anos, as reuniões entre associadas eram feitas em sedes emprestadas de outras associações, em cafés ou em casa das próprias. Apenas em dezembro de 2014, isto é, após 38 anos de existência na região, é que, graças à Câmara Municipal do Funchal, a UMAR conseguiu ter uma Sede.

Embora com poucos recursos financeiros para implementar projetos, a UMAR Madeira desenvolveu, ao longo destes anos, diversas iniciativas na área da Igualdade que importam referir:

  • Vários cursos de formação profissional e de desenvolvimento pessoal integrados em projetos nacionais da UMAR;
  • O livro “Ecos de Memórias”, desenvolvido no âmbito do projeto Memórias e Feminismos, que congrega histórias de vida de mulheres na Madeira (mulheres de diversas classes sociais, idades e de vários concelhos da região), com o objetivo de dar a conhecer a realidade destas mulheres, a importância do seu testemunho e sua história para a sociedade;
  • O Diagnóstico Social pela Igualdade de Género no Funchal, desenvolvido em 2015, com o apoio da Câmara Municipal do Funchal, é pioneiro na Região Autónoma da Madeira. A partir de 500 questionários anónimos, recolhidos em várias freguesias do Concelho, foi possível conhecer e caraterizar a realidade da igualdade de género no Funchal. As conclusões deste estudo permitiram à Associação uma maior abertura, não só a nível de desenvolvimento de iniciativas, como também na criação de materiais relativos a esta temática;
  • O livro “As imagens falam por elas”, que retrata, à base de 300 registos fotográficos, os 40 anos de história do ativismo na Madeira;
  • O projeto “Promovendo a Igualdade na Comunidade e nas Escolas”, desenvolvido em 2017, com a parceria da SECI/CIG*, possibilitou à Associação organizar um grupo de associdadas para receberem formação interna, com o objetivo de serem elas próprias a desenvolverem iniciativas, em nome da UMAR, nas diversas áreas da igualdade de género.
  • Ao longo deste ano e do próximo ano letivo, com a parceria da SECI/CIG, o projeto “Art’themis+” será implementado em algumas escolas da Região, que tem como objetivos a Prevenção Primária da Violência de Género e a Promoção dos Direitos Humanos nas escolas.

Posto isto, com a experiência que foi sendo adquirida ao longo dos anos, tornou-se necessário alargar o debate à comunidade e promover a responsabilidade cívica de todas/os.     

O blog “Feminismos é Igualdade!” vem, então, acrescentar ainda mais vida a estas questões da igualdade de género, uma vez que permite a discussão de ideias e de opiniões em relação a diversos assuntos.

O caminho para a Igualdade de direitos entre homens e mulheres foi, é e deve ser sempre uma luta constante no nosso dia-a-dia!

 

*Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade / Comissão para a Cidadania e Igualdade

 

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