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Feminismos é Igualdade

01
Nov21

Invisibilidade das mulheres – mito ou realidade?


umarmadeira

ARTIGO DE MADALENA SACRAMENTO NUNES

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Vivemos num mundo tão concebido e filtrado pela visão masculina que nem nos damos conta de como ele pode discriminar as mulheres, colocando-as em risco, sem ninguém se aperceber disso. Nem mesmo elas. Trago-vos alguns dados que resultam de investigações variadas e que ajudam a perceber o que acabei de afirmar.

Começo pelo mundo automóvel. Os automóveis são desenhados maioritariamente para os homens. São 71% menos seguros para elas do que para eles. Porquê? Porque o corpo masculino é a referência para todos os equipamentos de proteção do automóvel e os algoritmos ou testes que ajudam a calcular os riscos e o desenho dos equipamentos de proteção têm por base a noção de “ser humano” que se baseia no padrão do corpo masculino, que é anatomicamente muito diferente do feminino. Por isso, as mulheres estão mais expostas a acidentes rodoviários fatais. Não se compreende como, sendo as mulheres a maioria da população mundial, continuem a ser excluídas de testes e estudos que servem de base à melhoria das condições de segurança rodoviária, continuando esses estudos a usar quase exclusivamente os homens ou bonecos com a sua estrutura padrão. Por isso as mulheres têm mais 47% de probabilidade de ficarem feridas num acidente automóvel do que os homens, mais 71% de probabilidades de ficarem com lesões graves e mais 17% de probabilidades de morrerem.

Caroline Criado Perez fez investigação em diversas áreas e, no seu livro “Mulheres Invisíveis: Como os dados configuram um mundo feito para os homens”, relata uma série de casos em que se perceciona claramente que, no século XXI, o padrão em que se constrói o mundo continua a ser o masculino. De vários exemplos que ela dá refiro os seguintes:

  • Padrão de temperatura dos escritórios nos Estados Unidos – a fórmula usada para a calcular foi estabelecida em 1960 e tomou como padrão o metabolismo basal de um homem de 40 anos e 70kg de peso. Contudo, estudos recentes provam que as mulheres quando trabalham num escritório têm um metabolismo muito mais baixo, o que as leva a bater o dente e a embrulharem-se em casacos e cachecóis dentro do escritório, em pleno Verão, enquanto os homens andam de manga curta e se sentem confortáveis.
  • Coletes oficiais de proteção balística – concebidos para o corpo masculino, não se ajustam ao peito das mulheres, nem ao tamanho dos seus corpos, acabando por desprotegê-las e dificultar o seu trabalho. Relata aliás um caso de uma agente policial espanhola que adquiriu um colete no mercado particular que se ajustava ao seu corpo e que lhe custou 500€, para poder trabalhar de forma eficaz e segura. Teve de enfrentar um processo disciplinar.
  • Reconhecimento de voz – Em 2016, Rachel Tatman concluiu que o software da Google tinha mais probabilidade de reconhecer vozes masculinas (70%) do que femininas. Ou seja, quando muitas mulheres davam ordens o equipamento não obedecia, nem reconhecia a ação que lhe estava a ser ordenada. Se pensarmos na medicina, em que esta tecnologia é cada vez mais usada, o tempo para tentar que o software reconheça a instrução dada, pode ter consequências graves nos pacientes e reverte negativamente para as mulheres que o usam, pois acabam por demorar mais tempo a corrigir os enviesamentos tecnológicos pensados para os homens, podendo ser acusadas de serem mais lentas e menos eficazes na resolução das tarefas do que os seus colegas homens.

A tecnologia reforça esta discriminação de género, levando a que se cometam erros graves, pois os cálculos baseiam-se em dados do tal “ser humano” que mais não é do que a referência padrão do corpo masculino, fazendo com que os equipamentos de diagnóstico médico induzam em erro quem lê esses dados. Do diagnóstico ao tratamento, as mulheres correm riscos muito mais díspares do que os homens, precisamente pelos enviesamentos introduzidos nos cálculos e nos dados submetidos a exame.

A desigualdade de género está presente em todas as áreas da vida quotidiana, mesmo que não tenhamos consciência disso. Quanto mais percebermos que ela existe, mais nos envolveremos para a combater. Quanto mais lutarmos para que as mulheres estejam representadas em todas as áreas profissionais e políticas, mais garantias teremos de que o défice informacional de género diminua. Há casos de que os homens nem se lembram, pois não sentem essa necessidade, ou que acham nojentos. Pensemos, por exemplo, nos extratores de leite materno, nas soluções variadas para os dias em que a mulher está menstruada e que geraram a tantos homens nas direções das empresas esgares de nojo e repulsa, perante os projetos que várias mulheres lhes apresentaram.

Combatamos a invisibilidade das mulheres com a sua maior representatividade nas diferentes estruturas de poder e do conhecimento. Fazê-lo é garantir que a investigação não as esquece, de que elas estarão presentes na tomada de decisões e ajudarão a quebrar o enviesamento masculino que ainda existe em todos os setores das nossas sociedades.

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20
Set21

Sometimes I Might Be Introvert


umarmadeira

ARTIGO DE PAULO SOARES D'ALMEIDA

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Ainda há muitos álbuns que irão ver a luz até ao final do ano que, certamente, serão marcantes, mas acredito piamente que o Sometimes I Might Be Introvert, da britânica de origem nigeriana, Little Simz, figurará em grande parte das listas de melhores discos do ano.

Muito precoce e prolífica, nascida em 1994, estreou-se com a mixtape Stratosphere, em 2010. Desde então, já conta no seu curriculum com 4 mixtapes, 8 EP´s e 4 LP´s. A Curious Tale of Trials + Persons, de 2015, o seu primeiro longa-duração, mostrou que estávamos perante um diamante em bruto. Um ano depois, lança Stillness In Wonderland, um disco conceptual inspirado no clássico Alice In Wonderland, de Lewis Carroll. Simz usa a história infantil de Alice como metáfora para fazer uma viagem de auto-descoberta, utilizando as suas ambições e inseguranças como tinta para pintar este quadro. GREY Area chega em 2019 e seria o seu álbum mais aclamado pela crítica. A diversidade, capacidade de escrita e densidade da obra reuniu consenso de todos os entusiastas da música e colocaram Simz como um dos maiores talentos da sua geração.

Com os holofotes todos apontados a si, Simbi – alcunha pela qual é conhecida e que dá o acrónimo do seu último LP -, regressa com um pontapé na porta. O primeiro single, Introvert, é uma obra-de-arte onde a rapper usa a sua poesia de um jeito interventivo sobre o estado actual do mundo. Segue-se Woman, um tema que escreveu como tributo à sua mãe e a todas as mulheres que a inspiram. É um hino de empoderamento e de celebração do que é ser mulher. Rolling Stone foi o terceiro single, onde vemos a britânica explorar sonoridades. O penúltimo single foi o tema I Love You, I Hate You, que a autora confessou no programa Tiny Desk ter sido o mais complicado de escrever por tê-la obrigado a ir a sítios e a mexer com sentimentos do seu âmago. Quinto e último tema antes do lançamento, Point And Kill, acompanhada pelo nigeriano Obongjayar, onde o afrobeat revolucionário de Fela Kuti e as suas raízes nigerianas, concretamente do grupo étnico ioruba, são celebradas. O tema ganha ainda mais alma no disco, pois tem uma continuação na faixa seguinte, Fear No Man.

 

Little Simz, com este disco, confirma que é uma das artistas contemporâneas mais entusiasmantes. Consegue conciliar uma paleta interminável de sonoridades (desde o rap ao R&B; do afrobeat à neo-soul ou do grime ao funk) a uma sensibilidade poética na sua escrita, que tanto consegue ser vulnerável e auto-reflexiva, como assertiva e corrosiva na forma como aborda problemas da actualidade como o machismo, o racismo ou a política. Sobra-lhe, ainda, tempo para celebrar isto de estar vivo, com todos os seus prós e contras. Como tal, celebremos Simz e todas as “Simz” que se empoderam e têm orgulho nas suas raízes.

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22
Mar21

Mulheres na política e na vida pública


umarmadeira

ARTIGO DE MADALENA SACRAMENTO NUNES

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Em política, quando se fala de igualdade entre homens e mulheres, tendemos a olhar para a presença delas nos parlamentos, nas assembleias, nos executivos, etc. Contam-se quantas lá estão (não interessa o lugar ou a função) e apregoa-se que se implementou a paridade. Na minha opinião, nada mais falso e enganador. É importante que as mulheres entrem na política, claro. Mas para que a sua ação seja influente e decisória é necessário que os papéis que lhes são atribuídos sejam importantes e não meros adornos. É fácil de verificar que muitas delas entram nesses lugares simplesmente para preencher espaço sem relevância e calar vozes que defendem essa mesma participação igualitária na vida dos territórios regionais, nacionais, europeus. Façam um exercício e olhem com lentes mais críticas para algumas realidades que nos cercam:

  • Quantas vezes são elas escolhidas para serem porta-vozes (parlamentares ou outros)?
  • As pastas que lhes são atribuídas mantêm os estereótipos femininos, apresentando-as como as melhores pessoas para as funções sociais de cuidadoras ou educadoras?
  • Que orçamentos são adstritos às suas áreas?
  • Quantas estão em comissões consideradas verdadeiramente importantes e com visibilidade mediática?
  • Quando se constituem comissões consideradas decisivas para o país ou região, que equilíbrio de género lá existe?
  • Quando se dá visibilidade ao trabalho desenvolvido por elas, quem aparece na comunicação social a apresentá-lo?

Falar em igualdade de género fica sempre bem e dá imenso jeito. Ser consequente já custa mais, pois implica ser verdadeiramente defensor ou defensora desses princípios, abdicando da ânsia de protagonismo e poder. E isso não é fácil. Os partidos políticos são importantes como fatores de participação das mulheres na vida pública. Contudo, também devem constituir-se como instrumentos que promovem as mulheres a cargos de decisão. Penso que nos lembramos de Rui Rio afirmar que em mais de cem câmaras o PSD só escolheu 3 mulheres para presidentes de câmara (!!!) porque elas não aparecem!!! Se olharmos para a composição atual da Câmara Municipal do Funchal, chegamos à conclusão de que em reunião de câmara existem mais mulheres (6) do que homens (5). Contudo, também aqui convém olhar com atenção e perceber por que razão isso aconteceu. Elas estavam em lugares dificilmente elegíveis e só subiram porque os homens que estavam à sua frente desistiram.

Observem os programas das televisões e verifiquem quantas mulheres são convidadas para falarem como especialistas ou como pensadoras da política regional, nacional ou internacional. Muito poucas. São sempre eles os escolhidos. Quer sejam especialistas ou não. Ninguém questiona.

Para que estas coisas mudem é necessário que quem acredita na democracia representativa faça ouvir a sua voz, seja homem ou mulher, partido político ou órgão de comunicação social. Criticar. Escrever. Falar. “Fazer barulho”. Tudo isto é importante. Só assim as mulheres poderão vir a estar representadas na vida pública e política em termos paritários e correspondentes à sua proporcional presença na população portuguesa (52,8%).

Não esqueçam que hoje em dia há um movimento cada vez mais intencional que defende o regresso das mulheres ao “lar”. Tal como escrevi no meu primeiro artigo para a UMAR Madeira, “A única coisa que cai do céu é chuva. O resto é luta!”

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06
Jul20

Zig Zag


umarmadeira

ARTIGO DE PAULO SOARES D'ALMEIDA

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A RTP decidiu retirar – entretanto, depois de fazerem nova dobragem, já o repôs – um programa da sua grelha. Quando vi a notícia especulei qual teria sido o excluído: o meu primeiro pensamento apontou para a transmissão de touradas. Fez-me todo o sentido deixar de passar, em sinal aberto, uma actividade que consiste em torturar um ser vivo a sangue frio para deleite dos seus “aficionados”. Também me ocorreu o Prós e Contras, por considerar estar em queda livre há imenso tempo. Qualquer dia, ainda dedicam um episódio para debater o racismo com um painel, quase todo ele, composto por caucasianos. Quer dizer, tarde demais, já aconteceu.

Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, desde que não me tirassem o galanteador piscar de olho do José Rodrigues dos Santos, o nosso Dan Brown, estava pronto para qualquer hecatombe.

Abri a notícia e li que se tratava de uma série chamada Destemidas. As queixas ao provedor do telespectador e a revolta nas redes sociais tinham sido imediatas à sua exibição. Queixavam-se de “doutrinação ao socialismo, apologia ao Marxismo ou à identidade de género”.  A indignação era tal que senti que se tratava de algo perigosíssimo. Vi que a série está incluída no Zig Zag, que é o espaço de programação infantil do canal público. Confesso que estranhei, mas podia ser um Cavalo de Troia. Ou, neste caso, de Moscovo. A sinopse descreve o programa como “Histórias de mulheres excecionais, ousadas e decididas que fizeram o que quiseram e lutaram pelos seus sonhos. Mulheres de ideais, épocas, idades e mundos muito distintos, que foram capazes de ir para além das convenções e preconceitos sociais e triunfaram perante as adversidades. Cientistas, atrizes ou ativistas que desejaram ser independentes, viajar, ser úteis, estudar, trabalhar, chegar ao poder de um país, ou simplesmente... salvar um farol!”.

Fiquei confuso, não consegui identificar vestígios soviéticos, pelo contrário, pareceu-me muito interessante e empoderador um programa infantil que destacava a luta e coragem de mulheres pela luta de direitos humanos. Isto, em épocas da nossa história em que ser mulher era sinónimo de ter menos direitos. Não quis acreditar que se tratava de enviesamento ideológico e, como tal, avancei para a visualização do episódio. Senti a adrenalina de estar prestes a ver algo extremamente transgressor. Por precaução, optei por fechar a janela e a porta pois tenho um vizinho saudosista do Estado Novo e, apesar de ser uma terra belíssima, não me convinha muito ir agora para Peniche.

O vídeo começa com uma música, temi que fosse a Internacional Socialista, mas não. Falso alarme. O alegado episódio prevaricador é o número 19, que se foca na vida da activista francesa pelos direitos das mulheres, Thérèse Clerc. No fim, percebi os três motivos que chatearam tanta gente: ela ser a favor do aborto, beijar outra mulher e a referência à importância de Karl Marx na sua vida. O programa é destinado a um público-alvo dos 10 aos 13 anos. Não tenho estudos suficientes para afirmar com toda a confiança do mundo que seja a idade ideal para se falar de aborto, contudo, acredito na importância da educação sexual nas escolas. E, quando digo escolas, não falo em infantários, mas talvez seja bem necessária no ensino anterior às Universidades Seniores. O beijo entre duas mulheres gerou polémica, não por homofobia – dizem – mas por quererem ser os pais a apresentar a homossexualidade às suas crianças, em vez de o descobrirem através de um televisor. Bem, a não ser que os filhos vivam, como a personagem de Sandra Bullock, no filme Bird Box, de olhos vendados o tempo todo, lamento ser o mensageiro do apocalipse, porém, acredito que seja apenas uma questão de tempo até verem um casal homossexual a beijar-se na rua. Quanto a Marx, para uma criança, é apenas o cão da série juvenil que acreditam ser um descabido live action da Patrulha Pata. No final do episódio, caso as crianças não se tenham distraído no TikTok durante o mesmo, na pior das hipóteses, vão apenas perceber alguns dos pontos da nossa constituição, tais como ser crime discriminar pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional, religião, sexo, orientação sexual ou identidade de género. Bem, pelo menos ainda não associaram o facto de o Bob, o Construtor utilizar nas suas obras ferramentas como foices e martelos como uma mensagem secreta para os jovens Illuminati.

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29
Jul19

A importância da emancipação económica da Mulher


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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A mulher não quer continuar a ser tratada como ser menor. Constato com mágoa que, embora hoje haja mais mulheres a trabalharem, tanto no sector privado como no público, a sua emancipação económica não está protegida, no século XXI, assim como não era no XIX. Com o avanço da técnica e da ciência as coisas estão a retroceder e é uma angústia para muitas Mulheres. A fragilidade da sua condição de trabalho não é nada agradável, porque direitos alcançados têm vindo a ser esmagados.

Assistimos a lutas de trabalhadores/as, de vários sectores de actividades, a sua maioria mulheres, e são elas que mais reivindicam, por isso não é fácil compreender que, nos quadros superiores, a remuneração base e o ganho médio da mulher chegue a ser, em média, inferior em 40% à do homem para o mesmo nível de qualificação, e continuar a haver discriminação com base no género.

Defendo que a luta pela dignidade dos seres humanos tem de ser uma luta permanente, uma luta de todos os dias, face à desvalorização a que a globalização e a exploração sujeitam, em particular, as Mulheres que são mais exploradas e onde os valores humanos são mais ignorados. É visível que as Mulheres têm tido um papel importante na criação da riqueza e no desenvolvimento da região mas, lamentavelmente, é vítima de diversos tipos de discriminação. As actividades profissionais que habitualmente desempenham, normalmente, estão associadas aos baixos salários, quer no acesso e ascensão da carreira e, ainda, de discriminações com origem em estereótipos de diversa ordem que são usados pelos patrões para as sujeitar a uma maior exploração. Porque além de terem salários mais baixos, ocupam com maior frequência postos de trabalho em que recebem apenas o salário mínimo. Muitas vezes, as suas competências e qualificações são desvalorizadas, e as discriminações indirectas reflectem-se numa retribuição mais baixa ao longo da vida, em prestações de protecção social e pensões de reforma inferiores e em grave risco de pobreza, contribuindo para um acentuar das desigualdades e degradação das suas condições de vida e das suas famílias.

Ao longo dos últimos anos, ouviram-se muitas promessas sobre o combate à precariedade que promovia a insegurança, que era a antecâmara do desemprego e que punha em causa a articulação com a vida pessoal e familiar. Mas, na realidade, pouco ou nada mudou, isto porque o trabalho clandestino e não declarado, onde se enquadra, muitas vezes, o trabalho doméstico e o falso trabalho independente (falsos recibos verdes) continua a existir e afectar mais as Mulheres.

Por outro lado, diz-se, e é verdade, que o índice de escolaridade e as elevadas qualificações académicas das mulheres é superior à dos homens. No entanto, muitas delas estão empregadas mas sofrem fortes discriminações no emprego e na profissão. A instabilidade e a precariedade dos vínculos laborais a que estão sujeitas provoca maior risco de pobreza e é mais elevado entre as que têm contratos não permanentes. Sou abordada várias vezes por mulheres que me confidenciam ser cada vez mais generalizada a precariedade laboral e que é potenciadora de situações de assédio, tortura psicológica no trabalho, de repressão e intimidação, a insegurança, a angústia, condicionando a sua liberdade e o direito de organizarem a sua vida pessoal e familiar, além das consequências negativas na sua saúde.

Também se ouve muito falar do envelhecimento da população e da baixa da natalidade mas quem nos governa ainda não entendeu que sem a alteração das políticas de emprego e de rendimentos e sem melhores condições de vida e de trabalho e protecção social adequada, assim como, respeito pelos direitos de maternidade e paternidade tanto nas empresas como nos serviços, não é possível inverter a espiral do envelhecimento da população.

Eu, que desde muito jovem sempre lutei pela minha emancipação económica, defendo que a segurança no trabalho, salário justo e o respeito e cumprimento dos direitos das Mulheres e a conciliação da vida familiar e profissional têm uma influência determinante na natalidade, porque constituem o principal meio de subsistência das famílias. Assiste-se, lamentavelmente, a um quadro de desequilíbrio de poder na relação laboral, a favor das entidades patronais, as sucessivas alterações laborais, o aumento dos vínculos precários, a intensificação dos ritmos de trabalho e a acelerada redução dos vínculos de trabalho efectivo, aumentam as situações de intimidação, repressão e perseguição às trabalhadoras. Muito se ouve nos dias de hoje da falta de condições de trabalho de ordem diversa (materiais, condições físicas, escassez de pessoal, etc.) aliada à precariedade e a longos horários de trabalho, para além de ser potenciadoras do aumento de lesões e de situações de exaustão física e psicológica. Tudo o que as Mulheres conseguiram ao longo dos séculos ficou-se a dever à luta que foram imprimindo às suas justas reivindicações. Por isso, temos de continuar a lutar para que os nossos direitos que estão inscritos na lei tenham aplicação nas nossas vidas.

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20
Jul19

Num mundo de predadores sexuais, seja Fernanda Colombo


umarmadeira

ARTIGO DE CLÁUDIO PESTANA

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Acordos prévios em primeiro lugar: o mundo em que vivemos está longe de ser perfeito, parece-me que podemos concordar com esta ideia e portanto considera-la consensual. Homem e mulher contribuem negativamente para a imperfeição mundana ou não fossemos todos parte da mesma esfera que poluí a natureza e a sociedade com a naturalidade inconsciente de quem actua sem olhar o dia de amanhã; com a imaturidade de um recém-nascido; com o desdém cúmplice de quem assiste ao genocídio dos seus descendentes mas falta-lhes a iniciativa motivadora de quem sente na pele a dor dos demais. Não pretendo vos falar de ambiente (apesar de ser um tema em que ambos, homens e mulheres, mereceriam uns tabefes bem aplicados pois todos, somos desprezíveis nesta matéria), mas sim de comportamentos positivos que diferenciam os “justos” dos “pecadores”.

Fernanda Colombo, a jornalista e árbitra de futebol que no último mês se notabilizou por proporcionar uma cena engraçada num jogo em que arbitrou, foi mais uma vítima do poder da testosterona que vem dominando o mundo desde o inicio do patriarcado e cuja aplicação é absolutamente generalizada a todas as áreas da sociedade. Após o vídeo em que brincou com um jogador de futebol se ter tornado viral na internet, Fernanda Colombo recebeu uma proposta sexual desprezível via e-mail e na qual lhe propunham encontrar-se com "clientes" por um "cachê mínimo de 7 mil”, reais, presumo. O autor do e-mail, um rapaz de boas famílias, presumo também, adianta que não se trata de prostituição (tratemos as coisas pelos nomes próprios) mas sim de uma “coisa” sem compromisso e cujos seus “clientes” são tipos novos, educados, respeitosos e inteligentes que apenas não têm tempo para socializar e que precisamente por esse facto a procuravam. Bem, se a questão é socializar, eu tenho uma série de amigos que não se importava de tomar umas cervejas e socializar com um tipo que nunca vimos na vida e se ainda receberemos 7 mil reais ou euros tanto melhor. Fica desde aqui a contraproposta do convite. Parece-me que, tal como o mundo à nossa volta aprendeu a designar as coisas e coisinhas com eufemismos, os predadores sexuais também o fizeram, consideremo-lo evolução. Não podemos considerar prostituição porque é apenas para socializar e também não podemos considera-los predadores porque são indivíduos simpáticos e inteligentes que apenas têm problemas no que respeita à socialização. O famigerado professor Taveira também não aliciou alunas e Bill Clinton continua a manter a palavra inicial sobre Monica Lewinsky: “I did not have sex with that woman”.

Fugindo ao tom irónico (parece-me cada vez mais frequente, já não consigo levar estas coisas a sério) deixo os parabéns a Fernanda Colombo pela coragem em denunciar a proposta que recebeu. O poder corrompe e corrompe sexualmente se for necessário. Fernanda Colombo bateu o pé e bem. Quantas outras mulheres já receberam propostas indecentes e calaram-se? Quantas mulheres foram assediadas e pressionadas sexualmente para poderem progredir nas carreiras? Enfim, perguntas que ficam na consciência de cada uma de vós e que pelo menos para vós próprias possam dizer “eu já!” ou “eu nunca, mas conheço quem já tenha passado por isso.”

Batam o pé. Não é não!

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06
Jul19

A mulher e a (hetero)sexualidade


umarmadeira

ARTIGO DE VALENTINA SILVA FERREIRA

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Vivemos numa sociedade patriarcal. A forma como esse patriarcado influencia a sexualidade da mulher está patente nos mais diversos preconceitos a que esta é submetida ao longo da vida. Desde logo porque o homem tem elevadas as suas prioridades, interesses e necessidades. Ao homem é dado o benefício de maior vontade sexual e, consequentemente, de poder usufruir em pleno as suas vontades. À mulher são, implicitamente, anexados os rótulos de, por ser mulher, ter pouco apetite sexual, de, por ser mulher, saber controlar os seus impulsos sexuais. A isto alia-se a ideologia da educação, em que as meninas são ensinadas, desde cedo, a acreditar que são diferentes e, por isso, a expressão, o comportamento e as vivências corporais delas devem ser controladas, educadas e polidas segundo os padrões da sociedade. A forma de manifestar o erotismo, pela mulher, é, assim, moldada pelo código erótico do homem, a quem, dentro da normalidade – retire-se aqui, portanto, as chamadas parafilias – tudo é permitido, enquanto à mulher é ensinado o que é desejável, fazendo-a enclausurar o seu desejo e o seu prazer.

O machismo afeta a sexualidade. O machismo afeta a sexualidade feminina quando coloca, na mulher, a culpa pelos abusos que ela sofre. Esta culpabilização percorre uma linha no tempo. Repare-se que, durante o período da inquisição, o desejo sexual era encarado como algo satânico e as mulheres, por serem bonitas e sedutoras, eram rotuladas como tentações do diabo. Muitas dessas mulheres, inclusive, foram queimadas sob o pretexto da bruxaria. No século XIX, então, a atividade sexual ficou marcada, predominantemente, para a reprodução sexual, deslocando o prazer e a autodescoberta para o canto obscuro do pecado. A atividade sexual da mulher casada restringia-se à maternidade e à satisfação do marido. A atividade sexual das mulheres socialmente rejeitadas servia, única e exclusivamente, para usufruto do homem que, não podendo esgotar a sua satisfação com as esposas, procuravam outros corpos para isso. Tanto a umas, quanto às outras era interdita a realização sexual plena. Este binómio sexualidade-reprodução, anexado à sexualidade feminina, é fortemente exponenciado até finais do século XIX, altura em que os estudos de Freud começaram a introduzir a ideia da sexualidade como algo fundamental na vida humana, potenciando discussões sobre sexo e respetivas técnicas, anatomia genital femininas e masculina e formas de prazer feminino. A revolução industrial colocou a mulher no mercado de trabalho, afastando-a da exclusividade – mas sem o deixar de fazer - do trabalho doméstico e dos papéis enquanto esposa e mãe. Ainda assim, até meandros dos anos 50, a sexualidade feminina continuou relacionada à procriação e ao casamento. A introdução da pílula anticoncecional foi um verdadeiro movimento feminista, dando à mulher a livre escolha da maternidade e uma nova e tão ansiada liberdade sexual.

O movimento feminista de emancipação aliou a todos os direitos de igualdade pretendidos, a igualdade de conduta sexual, um fenómeno que se determinou na última década do século passado, com a tentativa de destronamento de vários preconceitos, nomeadamente o da necessidade da mulher chegar ao casamento virgem – ao contrário do homem que deveria ser dotado de uma experiência sexual prévia.

No entanto, apesar da evidente evolução, a sexualidade feminina continua a ser apontada, pela sociedade, como algo menor e desmerecedor de atenção e compreensão e, consequentemente, a satisfação sem culpa ainda é condicionada por aspetos sociais e psicológicos. Os meios de comunicação retratam a mulher como objeto sexual. As campanhas publicitárias aliam, aos seus produtos, imagens de mulheres de corpos esculturais e despidos. A mulher passou de um extremo ao outro: da repressão total à exploração desenfreada da sua imagem sexual. E, pelo meio, não houve tempo para o autoconhecimento corporal, para a exploração das vontades e para a consciência de que a mulher é, tal como o homem, um corpo e uma cabeça feitos de desejo e fantasias.

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22
Jun19

Empatia: Um mundo melhor depende de si


umarmadeira

ARTIGO DE JOANA MARTINS

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Empatia é a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa, caso estivéssemos na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outra pessoa. Por vezes, sentimos empatia sem sequer sabermos o que isso significa. Mas, nos dias de hoje, com a proliferação da comunicação virtual e distante nas redes sociais, em vez da comunicação presencial “olhos nos olhos”, numa sociedade cada vez mais individualista e competitiva, a empatia começa a rarear. E o que acontece sem empatia? Proliferam a intolerância, o bullying, todos os tipos de violência.

Quando não gastamos nem um segundo para imaginar como a outra pessoa se sente, de onde vem, o contexto onde está inserida e o que passou, sem se lembrar que cada pessoa tem a sua história de vida, e sem tentar perceber como é estar na pele da outra pessoa, surgem as discussões acaloradas (e que normalmente não levam a lado nenhum) nas redes sociais, surge o fim de relacionamentos (familiares, amizades, etc), os crimes de ódio, a violência de género. Sem empatia, é impossível perceber que, em muitas situações, não existe uma verdade absoluta. Existem verdades, que dependem do ponto de vista de cada pessoa. No entanto, existem valores transversais a qualquer verdade. E esses são os direitos humanos (https://dre.pt/declaracao-universal-dos-direitos-humanos).

Existem inúmeros exemplos de falta de empatia, e os estereótipos e preconceitos resumem isso mesmo. Quando alguém diz que uma mulher “pôs-se a jeito” para ser violada porque usou uma “saia curta”. Quando alguém não se coloca no lugar de um(a) jovem, para tentar perceber de onde veio e porque exibe determinados comportamentos, e toca a rotulá-lo(a) de incompetente. Quando se culpabiliza quem sai fora dos padrões, dizendo que só é gordo(a) quem quer e quem é desleixado(a). Quando se diz à boca cheia que não existem padrões para as mulheres, que a beleza é diversificada e, mal viram as costas, toca a criticar quem não se encaixa nesses padrões – ou porque é muito magra, ou muito gorda, ou a roupa não lhe fica bem, ou devia ter o cabelo assim ou assado, etc. Quando se encaixam rótulos ridículos em mulheres por serem louras, por terem tatuagens, por se vestirem de forma diferente, por terem uma personalidade diferente, por amarem mulheres, por não gostarem das coisas que a maioria das mulheres “deveria” gostar. Quando se diz que uma mulher tirou o homem do sério, por isso quase que “mereceu” ser vítima de violência. Quando se diz que os(as) refugiados(as) vêm “roubar” os nossos postos de trabalho e dinheiro, e ainda que são “terroristas”. Quando se alcunha os(as) desempregados(as) de “vadios(as)”, sem tentar perceber a história individual de cada pessoa. Quando não se percebe que a outra pessoa não pode, nem vai sempre fazer todas as nossas vontades e agir sempre daquela maneira que desejamos – a minha liberdade termina quando começa a do(a) outro(a). Quando se dá mais valor ao seguidismo do que à liberdade de pensamento.

Sem empatia, tornamo-nos egoístas e caímos no julgamento superficial e errado sobre as pessoas. Sem empatia, não é possível sentir compaixão. Sem empatia, proliferam os estereótipos e a hipocrisia. A falta de empatia é também responsável pelos danos que temos causado no nosso planeta. Não é, nem deve ser, apenas direcionada para a espécie humana.

Muitas décadas de abuso e ignorância, em relação à Natureza, trouxeram-nos a este século, onde o futuro da Humanidade está em cheque. Perante tudo isto, vamos continuar a tirar selfies com “sorrisos colgate”, a publicar “postas de pescada” nas redes sociais, e a ignorar o que se passa no mundo? A seguir modas e heróis/heroínas, em vez de fazer mudanças reais e permanentes no nosso estilo de vida? Vamos continuar a competir por bens materiais supérfluos, a tomar decisões sem ter em conta um todo, a mentir descaradamente quanto à falta de direitos humanos essenciais – como a saúde – sem assumir os erros e agir para corrigi-los? Vamos continuar a tapar o sol com uma peneira, a ver se passa por si só? É demasiado tarde para isso. A empatia é tramada. Trabalhar a empatia custa muito, dói cá dentro. Rebenta com o ego. Mas sem empatia, estamos a nos tornar uma espécie mais insensível, superficial e imediatista. Vamos acordar enquanto é tempo? Vamos praticar a empatia “à séria” e transformar o nosso bocadinho de Terra num lugar melhor? Bora lá.

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01
Jun19

O valor do voto


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ARTIGO DE CONCEIÇÃO PEREIRA

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O direito dos povos votarem e elegerem os seus governantes e representantes no poder político foi instituído há cerca de duzentos anos e não começou de forma universal para todos os cidadãos e cidadãs. Nem todos os homens tinham direito de votar e as mulheres estavam excluídas desse direito. Foi preciso muita luta para conseguirem o direito de eleger e serem eleitas. Para que serve o voto? Serve para eleger alguém. Mas nem todas as pessoas estão dispostas a defender os nossos direitos, as nossas necessidades e pretensões. Quem melhor que as mulheres, se forem sérias, para lutarem pelos direitos do sexo feminino?

O Movimento das Sufragistas nasceu da necessidade que um grupo de mulheres sentiu de alcançar o direito à educação em igualdade com os homens e o direito aos filhos, que só os pais é que decidiam da sua educação e demais assuntos que a vida dos filhos envolve. Estas eram as principais razões que as levaram à luta. Lutaram e sofreram muito e conseguiram o direito ao voto em 1918. E em 1925 conseguiram o poder sobre os filhos em igualdade de direitos com o pai, porque os parlamentares e governantes também dependiam do voto das mulheres. É aqui que está o valor do voto: ser força de pressão sobre os que nos governam de modo a conseguir o que temos direito, inclusive o direito de ser eleita em igualdade com os homens.

Nas eleições para o Parlamento Europeu de 26 de Maio foram eleitas, em Portugal, 9 mulheres e 12 homens. O número de eleitas já se aproxima do número de homens eleitos, isto porque existem quotas, não só em Portugal, mas em quase toda a Europa. Segundo li no caderno do Jornal Expresso de 25 de Maio, ainda nenhum país europeu atingiu o equilíbrio total de 50 mulheres e 50 homens nos parlamentos. A grande novidade deste artigo, para mim, é a seguinte: em 1907, na Finlândia, que ainda era um Grande Ducado, pela primeira vez houve eleições parlamentares livres, sem a interferência da Rússia. E pela primeira vez na história da Humanidade foram eleitas 19 mulheres para um parlamento com 200 assentos, quase 10 por cento dos eleitos. Já se passaram 112 anos e o parlamento da Ucrânia tem 11,6/% de mulheres e Malta com 11,9%.

A Finlândia é o país com maior percentagem de mulheres no Parlamento: 47%. A média de mulheres nos parlamentos europeus é de 31,5%. O país com maior percentagem de mulheres eleitas é o Ruanda, um país africano, pobre, que saiu há poucos anos de uma guerra civil, com 63% de mulheres na Câmara Baixa (o equivalente ao Parlamento) e 40% do Senado. Seguem-se Cuba e a Bolívia com mais de 50% de mulheres, o México está em 4º lugar no mundo e só depois a Finlândia e a Espanha. Portugal ocupa a 30ª posição mundial com 32,6% de mulheres no Parlamento Nacional.

Apesar de tudo, muitos e muitas eleitoras não exercem o seu direito de voto, deixando a outros o poder de decisão, o que representa negligência e falta de responsabilidade. Alguém escreveu há poucos dias: “a realização dos nossos deveres engrandece-nos, dá-nos tranquilidade e ajuda-nos a viver melhor connosco e com os outros.” Sejamos responsáveis e, para os próximos actos eleitorais, não deixemos de votar por negligência ou comodismo. O dever chama-nos.

O Dia 1 de Junho é o Dia da Criança. As crianças é o que de mais belo existe à face da Terra, mas precisam de ser queridas, amadas, respeitadas, alimentadas, educadas. Precisam viver num ambiente saudável, habitação condigna e família acolhedora e responsável.

Infelizmente, muitas crianças sobrevivem com muitas necessidades, são maltratadas e abusadas, por vezes pelos seus progenitores ou outros familiares, para não falar dos pedófilos que existem e nem sempre são punidos como merecem. Não esquecer o grande número de crianças a viver em países em guerra, arrastadas por famílias refugiadas e muitas delas afogadas e sepultadas no Mediterrâneo, às portas da Europa, um continente próspero, evoluído, com muita riqueza acumulada e, em grande parte, responsável por estas calamidades.

A Humanidade evoluiu, é capaz de invenções fantásticas, é possível chegar a diversos lugares do universo, mas ainda não é capaz de cuidar devidamente das suas crianças! Triste constatação!

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