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Feminismos é Igualdade

07
Jul21

O amor acontece...ou é-nos imposto?


umarmadeira

ARTIGO DE MARGARIDA PACHECO

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No domingo passado, foi o primeiro episódio do programa “O amor acontece” onde várias pessoas querem encontrar o seu par ideal. Compreende-se logo no início do programa que todos/as têm expectativas sobre esse “par ideal” e como deve ser essa pessoa. Essas expectativas são reais ou são expectativas impostas pela sociedade? E o que é que é isso de par ideal? 

Falemos do primeiro par apresentado. Um concorrente masculino que explica desde logo as suas expectativas e todas elas se centram no aspeto físico, sendo a sua primeira preocupação o facto da sua companheira não poder ser mais alta do que ele. A concorrente feminina, também com expectativas centradas no aspeto físico, afirma que o seu par tem que ser mais alto do que ela, porque gosta de usar saltos altos. Começamos a ver os estereótipos de género presentes nas relações românticas. 

No momento da apresentação a jovem também menciona que está no programa para “desencalhar”, uma vez que tem 21 anos e não tem um namorado. Estas conceções fizeram-me pensar nas pressões existentes na sociedade para as mulheres no que toca ao casamento e a terem filhos/as. Desde cedo começa a imposição de que todas devemos ter um relacionamento com alguém, que pressiona jovens a começarem o mais rapidamente possível relacionamentos e que as mulheres são menos mulheres se não tiverem um relacionamento romântico. Todas nós já ouvimos “não tens ninguém?”, “mas não queres?”, “não tens medo de não encontrar ninguém e ficar sozinha?'', "não queres ser mãe?”.  Esta pressão que nos é imposta faz com que muitas mulheres iniciem relações românticas sem quererem, sem estarem preparadas e muitas vezes faz com que se mantenham em relações abusivas e tóxicas. 

O mesmo rapaz afirma que é controlador na sua vida, mas não nas relações. No entanto, logo compreendemos quer pelos seus comentários quer pelas suas atitudes que o controlo também faz parte das suas relações. Nos próximos episódios iremos testemunhar este jovem a controlar o vestuário da concorrente que poderá ser o seu ‘par ideal’ e a mexer no telemóvel da mesma sem autorização. Estes comportamentos já mostram aquilo que muitas pessoas mencionaram nas redes sociais como “foge Catarina, essa relação já não é saudável e ainda mal começou”.  O que mais me intriga é como é que a TVI vai lidar com esta situação. Vai legitimar estes comportamentos como tem feito em outros reality shows? Vai aproveitar esta oportunidade e falar de um problema social grave que temos em Portugal que é a violência nas relações de intimidade? Espero que seja usado este exemplo para que as pessoas que estão a assistir a este programa e que estão em relacionamentos abusivos possam refletir que são comportamentos abusivos e que ninguém deve aceitar essas atitudes nas nossas relações afetivas, nem na “Casa da Praia”, nem num reality show, nem na nossa casa, em nenhum lado, em nenhum momento. 

Continuemos com os estereótipos presentes nas relações de intimidade e falemos então no segundo casal. Achei muito importante falarem do facto de um homem não poder e não querer ter filhos. É essencial começarmos a desmistificar a ideia que todos/as temos que ser pais e mães. Também é importante mencionar que nem todas as mulheres querem ser mães e está tudo bem! Um relacionamento romântico não tem que ter a finalidade de ter filhos/as e/ou casar.

Falemos agora dos estereótipos de género presentes no terceiro casal. Quando o primeiro casal mencionou as idades em que ele é mais velho que ela, nenhum dos dois estranhou. Já neste casal quando a rapariga pergunta “mas então quantos anos tens?” e compreende que ele é mais novo que ela, notou-se logo um desconforto da parte da concorrente. Todas estas ideias de como um homem e uma mulher devem ser, fazer, estar ou comportar-se numa relação está tão enraizada na nossa sociedade que muitas vezes nem refletimos e criticamos estes comportamentos que fomos vendo ao longo deste programa e muitos outros que vão aparecer nos próximos episódios, uma vez que é um reality show e, por isso, vamos ver o que se passa no dia a dia de mulheres e homens que se querem relacionar. 

Então, afinal o que é o par ideal? É uma ideia que vamos construindo ao longo do nosso desenvolvimento e do nosso processo de autoconhecimento ou é algo que nos é imposto desde que somos crianças? A conceção de amor romântico que é transmitida para as crianças desde muito pequeninas deve ser refletida. A comunicação, o afeto, a sexualidade, o consentimento e os relacionamentos interpessoais devem ser trabalhados desde muito novos/as.

Não posso deixar de mencionar a reflexão e crítica que foi feita nas redes sociais ao longo do programa. Existe cada vez mais uma consciencialização da sociedade portuguesa no que diz respeito aos problemas sociais e isso é cada vez mais notório na crítica sobre o conteúdo deste tipo de programas. Reivindicou-se pela representatividade no programa. Será que vamos ter pessoas homossexuais a conhecerem-se e a começarem uma relação romântica em horário nobre na televisão portuguesa? 

Não posso terminar sem mencionar a importância da visibilidade das relações afetivas e sexuais na terceira idade. É necessário também este tema deixar de ser tabu. 

A televisão é um meio de comunicação presente na maior parte das casas dos/as portugueses/as e este programa é uma excelente oportunidade para refletirmos e debatermos sobre os relacionamentos românticos, mas também para debatermos sobre o que queremos, o que aceitamos e o que cada um de nós acha que é o par ideal. 

O amor pode acontecer e acontece…. mas muitas vezes a ideia de amor é-nos imposta!

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04
Mai21

A Pandemia dos Afetos: Luz e Sombra


umarmadeira

ARTIGO DE JOANA MARTINSiStock-1161961593-1

"Seis em cada dez portugueses passaram a valorizar mais os afetos com a pandemia." (Estudo Free Now)

 

A pandemia ainda não chegou ao seu fim, e continuamos num ciclo de vagas que sobem e descem ao sabor de números maiores e menores de casos de COVID-19. A cada nova vaga, mais estragos se fazem nas estruturas da sociedade que vão além das pessoas que são infetadas pelo vírus, e as que partem. Poderia falar dos estragos económicos, do encerramento de empresas, do desemprego, da pobreza, da incerteza no amanhã. Poderia falar no desgaste no sistema de saúde e de ensino, e das consequências da sua fraca valorização nas últimas décadas. Mas hoje, decidi abordar algo diferente.

Diz um estudo, realizado em oito países europeus, que os portugueses são os que mais passaram a valorizar agora as manifestações de afeto – abraços, beijos, etc. – do que antes da pandemia. O que dávamos por garantido, foi abalado num piscar de olhos, há pouco mais de um ano. Em nome da saúde e da segurança dos/as familiares e amigos/as, deixámos de conviver sem restrições, deixámos de visitar os/as nossos/as idosos/as, deixámos de trabalhar lado a lado com os/as nossos/as colegas, e todos os contactos presenciais tornaram-se cada vez mais raros e restritos.

Tentámos compensar a solidão e a carência afetiva com o contacto virtual. Salvou-nos (ou assim pensávamos) as videoconferências, as chamadas e as mensagens. Continuámos a trabalhar, através dum ecrã, muitas vezes sem fronteiras entre o pessoal e o profissional, entre o dia e a noite. Tudo se passou a fazer à distância dum clique. Mas o vazio, esse, continuou a crescer dentro de nós.

Fomos forçando a barra, muitas vezes lutando contra nós mesmos/as e contrariando aquilo em que sempre acreditámos, tentando surfar as ondas que surgiam, uma atrás da outra. Tal como surfistas frescos/as na competição, não sentimos o forte embate das primeiras ondas. Mas, à medida que o cansaço se foi instalando nos músculos e na mente, fomos perdendo o controle sobre a prancha, o equilíbrio, e acabamos desmoronando pouco a pouco, enrolados pelas ondas.

A princípio, não aceitámos que tal fosse possível. Afinal de contas, éramos “fortes e resilientes”. Só que, agora, fomos obrigados/as a estar mais connosco mesmos/as, a passar mais tempo dentro de casa, dentro de quatro paredes. E começou a emergir a Sombra, aquilo que passámos a vida toda a varrer para debaixo do tapete, aquilo que nunca quisemos conhecer e integrar.

A Sombra manifestou-se de forma diferente em cada pessoa. Revelou o que precisa ser curado, seja individualmente, seja enquanto Humanidade. Vieram à tona as intolerâncias para com as diferenças, a xenofobia e o racismo. A todo o custo, quisemos arranjar culpados/as para o que estava a acontecer, e descarregámos as nossas frustrações em quem estava mais próximo de nós, muitas vezes na forma de raiva – que nada mais é do que um reflexo do medo – e de comportamentos violentos. Procurámos subterfúgios para não querer trazer a Luz à Sombra.

E os meses foram passando. E a Sombra e a Luz foram dançando o seu tango, ora à luz do dia, ora ao luar. A dualidade tornou-se cada vez mais evidente e muitas pessoas também começaram a se tornar mais conscientes da necessidade duma mudança de paradigmas.

Só que a Sombra quer manter o status quo, o sistema tal como era antes da pandemia. A Sombra alimenta-se dos nossos medos, e alimenta o nosso Ego. E a Luz treme com o vento que agita as ondas, maiores ou mais pequenas, a cada mês que vai passando neste planeta, neste país, nesta ilha.

Estamos a chegar a um ponto onde já não aguentamos mais e precisamos de expressar os nossos afetos, de visitar os nossos entes queridos, de conviver. Mas, logo em seguida, vem aquele sentimento de culpa exacerbado por quem aponta o dedo e pelos mídia… “E se apanhei?… E se contagiei?” E surge o medo. E segue-se o confinamento, o teste, a espera silenciosa… A doença é mais contagiosa nos convívios e nos momentos de lazer, dizem… E as vacinas não impedem o contágio, dizem… A cada dia, uma nova notícia, uma contradição, um novo medo… e instala-se a confusão mental.

No entretanto, muitas pessoas vão morrendo, pouco a pouco, de solidão, de tristeza, de desalento. Outras, vão desesperando e acumulando dores profundas. E ainda, outras vão seguindo cada dia em modo automático, com olhares vazios perdidos num pequeno ecrã que seguram nas mãos e levam para todo o lado. Sorriem para as imagens que lá surgem, mas a tristeza nos seus olhares mostra que a alegria está algures perdida, dentro do peito, à espera de ser resgatada.

Esta pandemia é também uma pandemia de afetos. E por mais que pretendam transformar-nos em robôs, virados/as para a produtividade a todo o custo e com medo do lazer, somos Seres Humanos. Como Humanidade, precisamos encontrar uma nova forma de viver, equilibrando o presencial com a tecnologia, uma vida mais sustentável em todos os aspetos.

Que não precisemos de perder para valorizar. Que possamos novamente abraçar e beijar livremente. Que consigamos nos recuperar, também, desta pandemia dos afetos, e nos tornemos mais Humanos/as do que antes.

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13
Abr21

Violência nas Redes Sociais, uma realidade atual!


umarmadeira

ARTIGO DE MARGARIDA PACHECO

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Hoje em dia vivemos todos/as conectados/as pela internet. O mundo virtual e as redes sociais trouxeram uma nova forma de nos relacionarmos com as outras pessoas e com a realidade que nos rodeia. Estaremos todos/as mais conectado/as com a internet ou estaremos todos/as menos conectados/as com a realidade? Com a pandemia, houve um aumento do uso das redes sociais, que se tornaram uma fonte importante de conexão, de comunicação e de partilha. Ajudou-nos a sentirmo-nos conectados com o mundo, com as pessoas e também com nós mesmos/as. Com o isolamento físico e o aumento da conexão virtual das nossas relações interpessoais, será que podemos separar o mundo virtual do mundo real? 

Há cada vez mais redes sociais diversificadas que têm fatores positivos como, a rápida partilha de notícias, a criatividade e a possibilidade de falarmos sobre temas e problemáticas a nível mundial. No entanto, há também o lado negativo. A interação nas redes sociais emerge como um espaço de violência através de manifestações de ódio. Muitas vezes as pessoas fazem comentários depreciativos, humilham, ameaçam e exercem violência psicológica. Muitos desses comentários são feitos anonimamente, com recurso a perfis falsos, mas que têm um grande impacto na vida de todos nós, principalmente dos/as jovens. Essas manifestações de ódio têm sempre como base a discriminação, a opressão, a exclusão, e os estereótipos e preconceitos que continuam a ser perpetuados e legitimados na nossa sociedade. Os comentários de ódio presentes nas redes sociais que são manifestados através do racismo, da xenofobia, do sexismo, da homofobia, da transfobia e do classicismo, são uma nova forma de violência de exercermos a violência estrutural, cultural e simbólica na qual a nossa sociedade é desenvolvida.  

Tem se refletido cada vez mais sobre o impacto do mundo digital. A desvalorização de nós mesmos/as, a falta de sentimento de presença, a comparação negativa com as outras pessoas, a falta autoestima, são algumas das consequências negativas que todos/as nós sofremos devido à violência exercida nas redes sociais. 

 É importante alertar e consciencializar a sociedade sobre as várias formas de violência e o impacto que estas têm na nossa vida, seja nas relações interpessoais, na escola, no trabalho ou até mesmo, na relação com nós mesmos/as. É ainda necessário refletirmos em sociedade sobre estas consequências de modo a promovermos uma sociedade mais igualitária e inclusiva, que previna a violência dentro e fora do mundo virtual. Precisamos urgentemente de desenvolver políticas públicas e educativas para a prevenção e combate aos discursos de ódio e violência online.

A violência nas redes sociais é uma realidade atual. Por isso, precisamos de compreender que esta violência o é um espelho daquilo que se passa na nossa sociedade e que todos/as fazemos parte deste problema.

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05
Abr21

Na direção da Utopia


umarmadeira

ARTIGO DE LUÍSA PAIXÃO

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Se tens um coração de ferro, bom proveito.

O meu fizeram no de carne, e sangra todo dia.

José Saramago

 

No dia 5 de abril de 1821, foi extinto por decreto o tribunal da Inquisição em Portugal.

 

Quis iniciar este texto com uma efeméride positiva, pois não vivemos tempos felizes. Não que a felicidade tenha sido erradicada do nosso planeta, afinal, ela está por aí e todos a conhecemos, mas não está no ar que respiramos, também não está nos acontecimentos que presenciamos, nem nas notícias que recebemos. Vejamos.

Hoje, dia 5 de abril de 2021, passados 200 anos sobre a data que comecei por referir, os ataques a “Cabo Delgado”, deixam um rasto de fome e destruição em milhares de inocentes, entre os quais crianças, doentes e idosos que perderam o pouco que tinham e foram separados daqueles que lhes garantiam o mínimo de proteção e cuidados. Fundamentalismo religioso ou ganância? Talvez os dois, mas pouco importa, o sofrimento tem apenas um nome: a população inocente e massacrada por sucessivas jogadas dos senhores da guerra.

Um pouco por todo o mundo, a juntar-se à devastação da pandemia, as consequências de políticas ambientais desastrosas desembocam em tragédias que destroem as vidas e o futuro de quem menos possui. Anda hoje, Timor-Leste procura sobreviver às cheias que assolaram o país.

 

No futuro, quando os anos vinte deste século aziago puderem ser analisados sem a emotividade da atualidade, esta época será associada a muitas outras em que, ao longo da história da humanidade, a violência, a fome e a solidão atacaram a população mais frágil, tratada sempre como um dano colateral, sacrificado em nome de um bem maior, do qual é sempre excluída.

Porventura, será a pandemia-COVID 19 o fenómeno que mais marcará estes anos, por tão habitual e ordinário se terem tornado as outras “pandemias”, e os cidadãos do futuro concluirão sobre o papel positivo da natural evolução científica e tecnológica que tornou mais suportável os constrangimentos impostos. Não há como discordar. Sem dúvida que os heróis, a quem nunca agradeceremos nem valorizaremos o suficiente, encontrarão, como sempre acontece, postumamente, a merecida homenagem.

Estudarão, provavelmente, também o fenómeno inexplicável de algumas vozes vindas de um passado sombrio, que procuram ressuscitar ideologias tenebrosas e ameaçam levar ao engano as populações sofridas, que voluntariamente se aproximam do abismo.

A humanidade do futuro perguntar-se-á porque gastamos tanto tempo a destruir-nos, quando o poderíamos ter aproveitado para nos salvarmos.

 

Mas, voltemos à esperança, afinal, foi assim que comecei o texto, gostaria de acabá-lo da mesma forma.

A notícia inicial dava conta de uma conquista, num momento da nossa história em que o humanismo começava, timidamente, a dar os primeiros passos, a caminho dos direitos e garantias de todos os seres humanos. Ora, em 2021, essas conquistas cresceram e estão plasmadas em lei. Ainda que a tradição e o saudosismo de alguns agentes dessa mesma lei dificultem a sua aplicação, temos nas nossas mãos os instrumentos para criar uma sociedade mais igualitária, em que se erradique para sempre todo o tipo de tirania, exploração desenfreada, racismo, xenofobia e perseguição com base na orientação sexual, religião ou qualquer outra situação.

 

Ao longo de séculos, mulheres e homens tiveram de lutar desafiando a lei vigente, abrindo caminho com a sua própria vida e não desistiram, trouxeram-nos até aqui. Temos o dever de honrá-los, hoje. Temos as ferramentas, mas se não as usarmos iremos perdê-las, não tenhamos dúvidas, e todo o sofrimento passado terá sido em vão.

Por muito que tentem barrar o caminho, a direção só pode ser uma, rumo ao humanismo pleno, em comunhão com a natureza.

 A utopia estará sempre à nossa espera, obrigando-nos a dar mais um passo, porque

“Vemos, ouvimos e lemos/Não podemos ignorar” [Sophia de Mello Breyner]

 

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18
Mar21

Romancear o Pernicioso


umarmadeira

ARTIGO DE CLÁUDIO TELO PESTANA

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Romancear o cotidiano é tarefa inerente à poesia, à música, às artes enfim, não fosse o coração (no sentido figurado) humano sedento de emoções. Em boa verdade esta busca, esta necessidade, esta dependência dos humanos em relação às emoções é inexoravelmente o que torna o milagre da humanidade ser possível. Não só não vivemos sem emoções como não a podemos dissociar da lógica ou da razão, honras feitas a toda a obra de António Damásio. Apesar do dado adquirido, é necessário separar-se as águas em Romancear o Cotidiano e Romancear o Pernicioso. O pernicioso, assim como o cotidiano, toma muitas formas. Entre estas realço à partida a violência e o seu efeito romanceado o qual ocorre mais vezes do que o que poderia ser esperado. Saliento um caso que me tem feito espécie desde que chegou ao meu conhecimento. Chris Watts, pai devoto de duas filhas, Bella e Celeste, e esposo carinhoso de Shanann Watts. Bom, devoto e carinhoso, são qualidades que não coloco em causa que Chris tenha, em algum momento da sua vida familiar, tido para com as mulheres da sua vida. Isto antes de as ter matado a todas, naturalmente. Chocados? Também eu fiquei quando vi documentários sobre este caso e sim, reforço que Chris fora, em algum momento, um pai dedicado e um esposo carinhoso até um dia ter, escandalosamente, assassinado as suas duas meninas e respectiva esposa. Um crime macabro que culminou com a condenação de Chris Watts a múltiplas sentenças perpétuas.

Ora, o alcance do Romancear o Pernicioso que mencionava anteriormente é de tal forma ilimitado que consegue distorcer a imagem de um sociopata, como o é Chris, e elevá-lo a um nível romanceado estratosférico. O assassino tem recebido, pasmem-se, centenas de cartas de amor por parte de mulheres que se têm oferecido para uma relação amorosa. É visto, por algumas mulheres, e não obstante ter confessado o seu crime, como a coisinha mais fofa à face da terra. Macabro? Ridículo? Surreal? Independentemente do epíteto que se prefira atribuir, a verdade é que existe um certo jeitinho especial para os humanos conseguirem Romancear o Pernicioso, não por forma exclusiva a desculpabiliza-lo, apesar de também o ser, mas porque é impossível viver sem ser ao comando das emoções e estas deixam-nos incessantemente à sua mercê. Estas mulheres são também vítimas da condição humana no seu maior esplendor. A diferença entre elas e a mulher que sofre de violência no dia-a-dia e não se afasta da relação por acreditar que o cônjuge irá melhorar, é inexistente. A diferença entre estas mulheres e aquelas que se deixam envolver por músicas, livros, filmes ou qualquer outra forma de arte que ofusca o empoderamento feminino e o reduz a meros objectos sexuais, é inexistente. A diferença entre estas mulheres e aquelas que se deixam apaixonar por algum homem com traços de violência bem patentes são igualmente inexistentes. A imagem de um Bad Boy que se possa dobrar, manipular e por fim curar é extremamente aliciante e faz activar o sistema de recompensas no cérebro assim como a um viciado no jogo sedento pela recompensa. Apesar das possíveis explicações científicas devo afirmar que este cenário me faz espécie pois se o Romancear o Pernicioso é plausível convém que se reconheça igualmente a inexorabilidade inerente ao perigo. Se é perigoso é porque te pode, e na esmagadora maioria das vezes vai, fazer mal. Não consideres sequer essa possibilidade.

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02
Mar21

Consequências da pandemia!


umarmadeira

ARTIGO DE ASSUNÇÃO BACANHIM

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Neste já longo período da pandemia covid-19, as mulheres têm vivido momentos de grande stress e ansiedade, sendo confrontadas com muitas informações sobre a pandemia. Algumas verdadeiras, outras nem tanto, aparentemente com o intuito de confundir e baralhar as pessoas menos esclarecidas, e menosprezar a gravidade da pandemia que se abateu sobre a Humanidade. Ao longo deste período, muitas/os perderam as suas vidas, outras/os ficaram sem meios para viver com alguma dignidade: perderam o emprego, a sua habitação e os seus rendimentos, com graves consequências para as suas famílias.

Com o evoluir da pandemia e as suas medidas de confinamento, muitas famílias viram-se sem meios para sobreviver, sendo obrigadas a recorrer a Associações, IPSS e Juntas de Freguesias, etc.. Precisam de auxílio para poderem ter comida na mesa. Outras, nas suas casas, mesmo com grandes dificuldades, mas envergonhadas, porque nunca pensaram que algum dia seriam confrontadas com a pobreza e miséria, pois essa situação só acontecia a outras pessoas. Chegar ao fim do mês e não ter meios para pagar as suas despesas era impensável.

Por outro lado, algumas Mulheres sentem alguma revolta por haver pessoas sem escrúpulos a se aproveitar da pandemia. Enquanto aumenta o desemprego e a pobreza, cresce o número de milionários, que esvaziam os direitos de quem trabalha e aumentam o trabalho precário, baixam salários e ameaçam com despedimentos das e dos que mais sofrem com esta pandemia. Incentiva-se o drama do teletrabalho para milhares de mães e pais com crianças a cargo, com o novo confinamento, onde o governo insiste em manter um regime que deixa as pessoas entre a espada e a parede. Muitas mulheres são forçadas a acumular o teletrabalho com assistência às crianças, situação que provoca stress laboral, instabilidade emocional e intranquilidade familiar. Toda esta crise tem escancarado cada vez mais desigualdades na partilha de tarefas. As mulheres são as mais sacrificadas com esta pandemia. As consequências do teletrabalho têm uma dimensão na igualdade de género.

A crise social vai deixando as pessoas desesperadas, porque não são momentos propícios à socialização, à convivência que nos aproxime enquanto seres humanos. No que toca à violência doméstica, contra mulheres e crianças, o próprio confinamento e com as crianças fora da escola é propício a essas situações de agressão, dificultando a queixa.

Embora tenha havido ao longo dos últimos anos algum trabalho de consciencialização sobre a criminalidade dentro de casa, ainda morrem muitas mulheres, muitas crianças são vítimas de violência e, como se ainda não bastasse, somos um dos países que pior tratam as pessoas idosas.

Há ainda um longo caminho a percorrer na prevenção, sendo muito importante a disciplina de ensino para a cidadania. Há que continuar a luta por uma justa distribuição dos rendimentos que garantam a solidariedade, protejam os direitos das crianças e promovam a justiça social.

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11
Jan21

O Voto: cartão dourado da democracia


umarmadeira

ARTIGO DE LUÍSA PAIXÃO

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Pela segunda vez desde o início da pandemia os portugueses e as portuguesas são chamados a exercer o seu dever de votar. Depois das Eleições Regionais dos Açores, agora, teremos uma eleição a nível nacional, com a maior parte da população em confinamento geral ou parcial.

Esta situação é, sem dúvida, mais um teste à democracia no nosso país, que, nos últimos tempos, tem sido como nunca, desde a Revolução de Abril, desafiada nos seus princípios e valores fundamentais, sendo, por isso, tão importante preservá-los, sobretudo aquele que está na base de qualquer regime democrático, o direito ao voto.

Vemos que, há uma demissão cada vez maior de participação cívica e democrática, por parte da população, nas decisões que a todos dizem respeito, entregando-as cegamente nas mãos das instituições governativas e ignorando  totalmente as suas responsabilidades de intervir de forma comprometida, enquanto cidadãs e cidadãos de um mundo onde, urgentemente, temos todos de assumir as nossas responsabilidades cívicas, sob pena de, se não o fizermos, deixarmos escapar a réstia de humanidade que ainda existe e sem a qual não conseguiremos ultrapassar este momento tão difícil que estamos a enfrentar.

Façamos um exercício mental a tentar imaginar como seria sobreviver a esta pandemia no tempo do Estado Novo, regime que, atualmente, exerce um enorme fascínio em algumas pessoas, as quais, obviamente, não o experimentaram ou viveram-no do lado dos opressores. Se fizermos esse exercício, com base em fontes fidedignas, chegaremos rapidamente à conclusão do desespero sem limites que estaria a sofrer a maioria da população portuguesa, pois, para além das condições de enorme pobreza geral em que viviam, não poderiam efetuar qualquer queixa ou denúncia, visto que as mesmas seriam vistas como um ataque ao regime e punidas “exemplarmente”.

Não podemos negar o quão desesperante está a ser a vida para os setores mais frágeis da sociedade, nomeadamente com o alastrar do desemprego. Esta pandemia agravou as diferenças sociais, alastrou a pobreza, aumentou a discriminação e todos os tipos de violência. Mas, como vivemos em democracia, todos essas injustiças podem ser denunciadas. Podemos obrigar o poder instalado a confrontar-se com as suas atitudes e, ainda que, na maior parte dos casos, a nossa denúncia não resolva os problemas graves que existem, está nas nossas mãos continuar a lutar e manter a liberdade para continuar a travá-la. Todas as denúncias que hoje fazemos, toda a visibilidade que damos às injustiças que grassam na sociedade, só conseguimos fazê-las porque vivemos num sistema democrático.  No entanto, para que essa democracia seja verdadeira é preciso que usemos a arma que nos dá o verdadeiro poder: o voto.

Não podemos desprezar a herança deixada por todas e todos aqueles que lutaram, com sangue, suor e lágrimas, sacrificando o seu futuro, pelos ideais democráticos. Cabe-nos a nós, não defraudar a esperança desses homens e dessas mulheres, honrando as suas conquistas.

Fazer com que toda a população, sem qualquer distinção possa exercer o direito ao voto é algo que temos de exigir ao Governo, a nós cabe-nos exercer esse direito. 

A história recente já nos tem mostrado as consequências da abstenção e o que pode acontecer quando achamos que o nosso voto é algo sem importância. O preço a pagar pelo comodismo geral das nossas sociedades tem sido um vergonhoso recuo na história dos direitos humanos.

Temos de usar a nossa arma mais poderosa, já no dia 24 de janeiro, votando para a Presidência da República.

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23
Nov20

Menos violência, mais igualdade e paz


umarmadeira

ARTIGO DE JOANA MARTINS

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O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres celebra-se todos os anos no dia 25 de novembro. Esta data existe para alertar todo o mundo para as violências que as mulheres sofrem e propor alternativas políticas, contribuindo, assim, para uma maior igualdade entre mulheres e homens.

É verdade que todos os seres humanos sofrem violência. No entanto, as mulheres são ainda as principais vítimas de violência em todo o mundo, sendo que esta não é somente física; é, também, psicológica, económica, sexual, entre outras. E afeta mulheres de todas as idades, desde bebés e crianças até à terceira idade. A violência é, também, transversal a todos os países. Embora hajam particularidades dos contextos dos países onde as mulheres estão inseridas, a violência não está confinada e atravessa países, regiões e culturas.

A violência de género contra as mulheres trata-se de um problema estrutural, relacionado ao patriarcado e originado pela falta de igualdade de género e oportunidades entre homens e mulheres, assim como pela discriminação persistente a que as mulheres estão sujeitas, desde que nascem.

O ano de 2020 está a ser marcado pela pandemia mundial causada pelo vírus SARS-CoV-2 que ditou regras de confinamento necessárias para travar o vírus, mas perigosas para algumas pessoas. O facto de as famílias permanecerem juntas dentro da mesma casa durante mais tempo, seja devido ao confinamento, ao teletrabalho ou ao desemprego, leva à agudização de situações de violência e à dificuldade acrescida de pedir ajuda. Para além das pessoas adultas, as crianças e as mulheres idosas são, também, muitas vezes, vítimas diretas e/ou indiretas, ainda pouco faladas. Considero que as verdadeiras consequências da pandemia e da crise social e económica, no que diz respeito à violência de género, virão à luz do dia mais para a frente, e carecem de estudos aprofundados – conhecer para intervir.

O combate à violência, no meu prisma, não deverá ser feito principalmente após terem ocorrido situações violentas. A violência tem, infelizmente, raízes profundas na sociedade, e precisa ser desconstruída desde as mais tenras idades. Uma maior aposta na prevenção alargada no tempo e no espaço é a chave para um futuro menos violento, acompanhada por políticas sociais que contribuam para uma sociedade mais igualitária e pacífica, em todos os sentidos.

É fundamental e deveria ser prioritária a educação para a mudança de mentalidades acerca da violência, consciencializando as pessoas, de forma abrangente, para a responsabilidade que têm nas mãos, acerca do mundo e da sociedade onde estão inseridas. Se queremos ver a mudança no mundo, temos também que ser essa mudança, que dar o exemplo.

Uma das prioridades será empoderar as mulheres, desde crianças, e criar redes, onde seja mais fácil para a mulher “descascar e sacudir” o papel de vítima e tomar nas suas mãos as rédeas da vida, sem ter que deixar para trás tudo o que construiu e conquistou, em nome da sua segurança. As políticas têm que ser mais firmes e a justiça tem que ter uma resposta mais adequada e célere.

Quando uma sociedade ainda julga mulheres de “provocarem situações” ou “se porem a jeito” para serem vítimas de abuso sexual, quando a justiça comete erros imperdoáveis, e quando ainda se aponta o dedo e se fazem graves insinuações a mulheres que conseguem chegar ao topo da carreira, então algo precisa mudar. Urgentemente. Em primeiro lugar, na mente e no espírito de cada pessoa. Sim, porque o combate à violência é, também, o de todas e todos nós, e somos os espelhos uns/umas dos/das outros/as.

A violência de género não deixa apenas marcas físicas e psicológicas. A violência de género também mata. De 1 de janeiro a 15 de novembro de 2020, em Portugal, segundo o Observatório das Mulheres Assassinadas da UMAR, foram mortas 16 mulheres em relações de intimidade (atuais, passadas ou pretendidas) e 14 mulheres assassinadas, maioritariamente, por familiares. Diga-se o que se disser, enquanto houver um femicídio, não há igualdade de género.

Aproveito para vos convidar a participar na tertúlia literária que a UMAR Madeira vai realizar amanhã, 24 de novembro, pelas 18h30, através da plataforma Zoom. O tema é “Mulheres que superaram violências”, e desafiamos os/as participantes a partilhar um livro, de qualquer género, que fale sobre uma ou mais mulheres que sofreram violência e deram a volta à sua vida. Inscreva-se através dos e-mails umar.madeira@yahoo.com e umarmadeira@gmail.com.

Tertulia24Novembro

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26
Out20

É possível existir escola sem cidadania?


umarmadeira

ARTIGO DE MARGARIDA PACHECO

ALFABETIZAÇÃO

Nas últimas semanas muito se tem falado sobre o papel da escola em relação à aprendizagem da cidadania das crianças e jovens. Enquanto técnica educativa é impensável, para mim, pensar na escola sem pensar em cidadania. A cidadania está presente no currículo, nas relações dos/as docentes com os/as alunos/as, nas relações entre pares que as crianças e jovens desenvolvem e no respeito pelos direitos e deveres que os/as mesmos/as têm no espaço escolar. Pensar que não é função da escola educar para uma cidadania ativa é tão errado como dizer que a única função da escola é a aprendizagem das disciplinas do currículo escolar. 

Todos os problemas sociais existentes estão presentes no dia-a-dia da escola, uma vez que esta não é um contexto fechado. A violência doméstica, violência no namoro e os femicídios continuam a ser, em Portugal, problemas sociais e de saúde pública graves. A família continua a ser o contexto mais violento para crianças e jovens. Portugal é, ainda, um país em que o racismo e a desigualdade de género estão presentes no âmbito pessoal e profissional. A sociedade continua a perpetuar comportamentos homofóbicos e a considerar a sexualidade como um tema tabu. A violência entre pares, o assédio sexual, a perseguição, a violência na internet são formas de violência que os/as jovens continuam a legitimar e perpetuar. Fingir que não existem problemas sociais estruturais na nossa sociedade é promover uma cultura não igualitária, opressiva e violenta. 

Falarmos da importância da cidadania no ano de 2020 em que enfrentamos uma pandemia mundial torna-se, até, irônico. Neste período de crise, em que milhares de pessoas estão a morrer e outras milhares a perderem o seu emprego, em que as classes sociais menos desfavorecidas estão a sofrer consequências mais profundas, em que para muitas pessoas o estar em casa significa permanecer no sítio mais violento, falar sobre cidadania e sustentabilidade nunca foi tão importante. Mais do que nunca, é necessário que as crianças e jovens desenvolvam um pensamento reflexivo e crítico sobre o mundo que os/as rodeia. 

A cidadania é transversal a todo o currículo escolar, mas é essencial existir um espaço e tempo para que os/as alunos/as possam refletir e questionar sobre as problemáticas sociais. O desenvolvimento de um pensamento crítico ajudará a tornarem-se cidadãos e cidadãs ativos/as conscientes para o desenvolvimento de um mundo mais sustentável e de uma sociedade menos violenta e mais igualitária.

Não existe escola sem cidadania e ainda bem! A escola pública é um dos pilares da nossa sociedade democrática. E nós o que faríamos se a escola não formasse cidadãos e cidadãs?

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07
Set20

Avanço ou retrocesso?


umarmadeira

ARTIGO DE GUIDA VIEIRA

futuro-pos-pandemia

Este ano de 2020 está a colocar desafios novos em todos os sentidos. Ou em nome da pandemia que percorre o mundo, devido a um vírus para o qual não foi encontrada a cura, se aceita retroceder nas liberdades, direitos e garantias, das e dos cidadãos ou, então, levantamos a cabeça, arregaçamos as mangas e não deixamos que isso aconteça.

Eu opto sempre pelo caminho de agir e não deixar de trabalhar naquilo em que acreditamos. Se achamos que o mundo continua desigual no que toca aos direitos das mulheres e de todas as pessoas que se sentem discriminadas ou marginalizadas por serem diferentes, quer seja na cor, orientação sexual, deficiência, etc., temos que continuar o nosso trabalho.

Não pode ser como era antes da pandemia; então, encontremos as novas formas de comunicar com a sociedade, mas vamos à luta que já se faz tarde. Não deixemos que este problema sanitário nos retire os recursos para fazermos o nosso trabalho na prevenção de todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres e todos os seres humanos. Continuemos a exigir que o tema da importância da igualdade de género não saia das agendas de quem tem o poder nas mãos, porque são eles que também têm os recursos para apoiar quem trabalha nesta área.

Neste momento, a Região não tem nenhum plano aprovado contra a violência doméstica. O anterior já caducou com o governo que antecedeu. No entanto, os casos aumentam e, agora, de forma mais sorrateira, vão surgindo notícias de espancamentos de mulheres, de entradas nas urgências sem nunca mencionar o termo violência doméstica. Noticiam: “Uma mulher foi brutalmente agredida”; “Uma mulher foi às urgências com vários ferimentos na cara e no corpo”, etc., nunca mencionando o que causou essa situação. Fica nos segredos das quatro portas, para dentro, para onde estão e voltam a estar as mulheres.

Não há pandemia que possa parar o que tem que ser feito. Tenho ouvido muitas reivindicações, mas ainda não ouvi quem fale na necessidade de não baixar a guarda sobre este grave flagelo. Os Governos, Central e Regional, têm que colocar na agenda a prevenção e a ação contra a violência, como uma prioridade muito importante da sociedade. As Associações que trabalham nesta área não podem ficar despidas de recursos, porque o seu trabalho é uma ajuda fundamental para a efetivação dos direitos humanos que, se saiba, não foram suspensos devido à pandemia.

O trabalho voluntário das Associações tem limites, em vários sentidos. Os recursos humanos estão mais limitados, sobretudo das pessoas consideradas de risco, e há trabalho que tem que ser mesmo remunerado porque toda a gente precisa de ter recursos financeiros para viver.

Todo o trabalho na defesa dos direitos humanos devia ser considerado um investimento primordial dos orçamentos governamentais e devia ser distribuído por quem faz um verdadeiro trabalho para que a sociedade se torne mais tolerante, respeitadora, em que todos os seres humanos possam ser felizes e iguais. Alguns/umas continuam a dizer que isto é uma utopia, mas eu acredito piamente nela e agarro-me a ela para continuar a lutar por um mundo melhor e mais justo.

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