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Feminismos é Igualdade

23
Nov19

Violência sobre as mulheres: A sociedade está errada!


umarmadeira

ARTIGO DE CÁSSIA GOUVEIA

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Na próxima segunda-feira, dia 25 de novembro, assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e em um país onde mais da metade da população é constituída por mulheres, será que somos só nós, feministas, que reconhecem a nossa sociedade como errada?

Ora vejamos: se todos os anos continuamos a evocar este dia e a homenagear as dezenas de mulheres assassinadas, a sociedade está errada e estamos a falhar.

O ano de 2019 está manchado por uma onda de sangue: 28 mulheres foram assassinadas. É esta a triste realidade do nosso país. Entre 2004 e 2019, 531 mulheres perderam a vida às mãos de assassinos.

A verdade é que a violência doméstica é um problema grave que afeta mais mulheres do que as estatísticas revelam. As vítimas não são simples números, são mulheres que não têm a proteção devida das leis existentes. Temos urgentemente que acabar com esta violência que atinge as mulheres dentro da própria casa.

A sociedade está errada quando silencia os gritos que ouve, a sociedade está errada quando diz que entre marido e mulher ninguém mete a colher “porque os problemas são deles, eles que resolvam”. Não! O problema não é deles, é nosso, é de todos e todas, e metam sim a colher! A violência doméstica é um crime público e a sociedade está errada quando ignora e não denuncia.

A sociedade está errada quando desculpa a violência doméstica com o desemprego, com o alcoolismo, com a toxicodependência, com problemas mentais, com o ciúme, entre muitas outras justificações que se vão ouvindo aqui e acolá.

Que forma de ignorância é esta? A violência não é exclusiva de certas classes sociais, a violência é transversal a qualquer classe e a qualquer idade! Que sociedade é esta, que insiste em inferiorizar as mulheres? Que sociedade é esta, que permite que uma mulher seja agredida e insultada? O que acontece com as queixas que são feitas? Que modelo social pretendemos, quando o agressor é levado a julgamento e o juiz atenua a pena, ou na maioria das vezes nada acontece e é a vítima que tem de fugir apenas com a roupa do corpo? Ou, por exemplo, quando um juiz cita a Bíblia para desvalorizar as vítimas de alegada violência doméstica, e quando um juiz afirma que "uma simples ofensa à integridade física, está longe de poder considerar-se uma conduta maltratante suscetível de configurar violência doméstica", aqui percebemos o quanto ainda há por fazer, aqui percebemos o quanto a nossa sociedade está errada.

A sociedade está errada, quando não é capaz de entender que as mulheres têm os mesmos direitos, que podem decidir sobre o seu corpo, que podem lutar por uma vida sem medos. A sociedade está errada, quando não aceita o empoderamento das mulheres.

É urgente a mudança de mentalidades, é urgente lembrar a cada instante o primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Enquanto este artigo não passar do papel à prática, continuaremos a viver numa sociedade machista, numa sociedade errada.

Enquanto a lei não for praticada pelos tribunais, continuaremos a ter vítimas silenciosas nesta sociedade errada que olha para o lado, insensível à dura realidade de mulheres magoadas e sem ajuda.

A sociedade precisa aceitar que temos um grave problema em mãos e que precisamos de agir. E não é depois, é já!

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18
Jan19

Situação das mulheres pelo mundo...


umarmadeira

ARTIGO DE CONCEIÇÃO PEREIRA

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Rahaf Mohammed Al-Qunun está está neste momento sob a protecção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, uma vez que fugiu da sua família que a obrigava a casar sem o seu consentimento. Ela pediu protecção porque, segundo a mesma, os pais a matariam por ter fugido de um casamento que a família planeou para ela. Quem tem uma família destas tem de fugir para bem longe e procurar a sua libertação.

O casamento por obrigação foi instituído há muitos milhares de anos, quando os humanos começaram a cultivar terras e os homens sentiram necessidade de deixar os seus bens aos seus descendentes. Daí se constituíram contratos de casamento, combinados entre os pais dela e dele, cujo fim prioritário era ser exclusiva daquele homem e dar-lhe filhos, que mais tarde seriam os seus herdeiros. O marido não tinha nada que respeitar essa exclusividade e poderia ter encontros sexuais com outras mulheres.

Passados tantos milhares de anos, ainda há sociedades em que os casamentos são arranjados pelos pais, com carácter obrigatório. Mais; Segundo notícias vindas a público, há famílias que vendem meninas, às vezes com menos de 10 anos, para receberem dinheiro e satisfazerem manias sexuais de homens monstruosos, que chegam a matá-las sob os seus actos sexuais. Em muitos países do mundo as meninas são submetidas à mutilação sexual e, se não morrerem dessa intervenção bárbara, terão muitos problemas quando derem à luz os seus filhos.

Já estamos a viver no Séc XXI, os humanos elevaram os seus inventos às mais diversas áreas, até no espaço, têm feito descobertas impensáveis nas áreas tecnológicas, por exemplo e, ao mesmo tempo, ainda subsistem mentalidades tão absurdas, muitas lavradas em leis, como obrigar raparigas a casar, vender meninas com 8 anos de idade, proibir raparigas de frequentarem a escola, como a Iala e por aí adiante.

Porquê? Como é que as mulheres, constituindo metade da Humanidade, promotoras da vida e, em grande parte, responsáveis pela educação dos filhos e filhas, ainda não foram capazes de se libertar, não apenas algumas em nome individual, mas em conjunto desfazerem as muitas tradições que permitem os maus tratos, violações e muitas outras barbaridades bastante arreigadas nas mentes de tanta gente?

Estão a aparecer alguns sinais que podem constituir uma brecha por onde se possa entrar e abrir caminho. Na Índia, país dividido por castas e tantas tradições maléficas e opressoras, mulheres manifestaram-se, cerca de 5 milhões, formando um cordão de muitos quilómetros. Nós, mulheres ocidentais, que já adquirimos mais direitos cívicos e sociais que as mulheres indianas, devemos apoiá-las e divulgar as suas lutas.

Em França, depois das manifestações dos coletes amarelos (homens) que assustou o Governo Francês, manifestaram-se mulheres de coletes amarelos, lutando como os homens, mas com uma grande diferença: não se confrontaram com a polícia nem causaram destruições. Uniram-se, manifestaram-se e apresentaram as suas reivindicações.

Estamos a viver momentos muito difíceis: racismo, discriminações várias, desigualdades profundas, violências dos mais fortes contra os mais fracos, as corrupções surgem diariamente donde menos se esperava, os salários mais baixos são muitíssimos distantes dos mais altos, a pobreza agrava-se cada vez mais porque os poderosos açambarcam tudo o que podem e o que não podem, deixando grande parte da humanidade desamparada.

E que fazemos nós, mulheres comprometidas por uma sociedade mais justa, equilibrada, sem machismo e onde todos e todas possam ser felizes? Se houver vontade, determinação, união de esforços, construiremos esse mundo onde possamos viver em PAZ, TRANQUILIDADE e AMOR entre os seus humanos. Vamos começar a construir esse mundo neste ano de 2019.

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27
Nov18

Armas de Guerra


umarmadeira

ARTIGO DE CONCEIÇÃO PEREIRA

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O Prémio Nobel da Paz de 2018 foi atribuído a um homem e uma mulher, um africano e uma asiática. Ela e ele lutam contra os ataques sexuais a mulheres em contexto de guerra. O médico congolez Denis Mukwege foi laureado este ano por reconhecimento ao apoio que tem dado a mulheres ultrajadas e mutiladas sexualmente por militares, na guerra civil que assola a República Democrática do Congo há cerca de 20 anos. Este médico e a sua equipa já trataram mais de 50 mil mulheres sobreviventes de violência sexual. Nádia Murab, iraquiana yazidi, foi raptada e torturada pelo Daesh, juntamente com outras mulheres, que foram violadas, vendidas como escravas em mercados jihadistas. Nádia conseguiu escapar e hoje, com 25 anos, vive na Alemanha e tornou-se uma porta- -voz do seu povo.

O mais terrível de tudo isto é ver que a religião também é usada como arma de guerra. Para os adeptos do Dasesh, os yazidis são hereges, como outrora se matava mouros em nome da religião cristã, se escravizou africanos em nome da sua cristianização, para não falar da inquisição, que matou homens e sobretudo muitas mulheres acusadas de bruxaria. É o medo que os homens maus têm das mulheres, porque elas podem ser mais capazes que eles, são elas que põem filhos no mundo, que cuidam, tratam das suas crianças e familiares e fazem-lhes frente com a sua beleza e mestria.

Desde os tempos mais remotos que os homens, por terem mais força física, impuseram a sua vontade sobre as mulheres, criaram leis, regras de conduta, sempre em seu favor. A mulher adúltera era apedrejada, mas o homem não tinha nada que respeitar a esposa, que podia ser repudiada, deixada ao abandono e muitas vezes vendia favores sexuais para sobreviver e podia ser apedrejada por isso. É caso para nos interrogarmos por que razão o machismo tem vencido sempre e só há pouco mais de um século apareceu o feminismo para lutar pelos direitos das mulheres.

O poder machista e ultraconservador usa todas as oportunidades para fazer valer a sua autoridade e quando agride uma mulher sexualmente não é pelo prazer sexual, mas para impor o seu poder de macho. Se uma mulher vender favores sexuais é uma puta, mas os que compram sexo são considerados homens de bem, viris, muito capazes de imporem autoridade e até comprarem o prazer.

Alguém me dirá que também há mulheres assim. Nós sabemos que há, mas são os homens machistas que têm este estatuto, este poder e que impõem as regras de conduta. Portanto, temos de combater o machismo, que tanto mal tem feito às mulheres durante séculos e séculos.

A atribuição de Prémio Nobel da Paz de 2018 a uma mulher vítima e que luta contra os jihadistas e ao médico que trata mulheres vítimas de violação sexual em contexto de guerra deve ser visto como um avanço civilizacional e um incentivo para a luta pela Paz, pelo Respeito, pela Tolerância e pela defesa dos Direitos Humanos para Homens e Mulheres.

NOTA- Sobre as violações sexuais sobre as mulheres em Portugal, ler o livro de Isabel Ventura “Medusa no Palácio da Justiça ou Uma História da Violação Sexual em Portugal”

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31
Out18

Basta de violência contra as mulheres...


umarmadeira

ARTIGO DE MANUELA TAVARES

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Aproxima-se o 25 de Novembro, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Este dia surgiu para não esquecer o assassinato das irmãs Mirabal – las Mariposas – vítimas da ditadura de Trujillo no dia 25 de Novembro de 1960. É um dia em que as mulheres em todo o mundo saem à rua dizendo: Basta de Violência.

Em Portugal, nos últimos 14 anos, foram assassinadas cerca de 500 mulheres às mãos de maridos, namorados, ex-companheiros. Este ano já foram assassinadas 21 mulheres. Esta catástrofe acontece porque as mulheres são consideradas como seres subalternos, propriedade dos homens com quem vivem ou viveram e não como seres humanos que merecem respeito. Por sua vez, os homens são educados segundo um modelo de masculinidade que lhes impõe determinada forma de ser e de agir, porque se assim não for não são “verdadeiramente homens”.

Trata-se de um problema estrutural na sociedade que exige alteração de mentalidades, mas que não pode esperar para que elas mudem. Tem de se agir, desde já! Denunciando, fazendo com que a justiça funcione no respeito pelos direitos das mulheres. Não podemos aceitar que acórdãos de tribunais em Portugal dêem sinais contrários à sociedade e às mulheres, desculpabilizando os agressores. Não queremos esta justiça penalizadora das mulheres que, por exemplo, face à agressão de uma mulher com uma moca cheia de pregos a decisão dos juízes seja a pena suspensa do agressor. Ou, mais recentemente que existam atenuantes para o crime de violação de uma mulher inconsciente.

Vivemos dias difíceis em que o avanço das ideias conservadoras e fascizantes no mundo podem levar ao recuo dos direitos das mulheres, assim como dos direitos humanos em geral, com agressões a pessoas com diferente orientação sexual, de diferentes etnias, imigrantes e todos os grupos mais vulneráveis socialmente.

Resistir e defender direitos é um lema que nos deve orientar neste tempo histórico, tal como outras mulheres o fizeram ao longo dos tempos.

bannerManuela

16
Jul18

Bem-vindas/os ao blog “Feminismos é Igualdade”


umarmadeira

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Este blog, implementado pela Associação UMAR, Núcleo da Madeira, tem como objetivos principais a partilha de opiniões por parte de um coletivo em relação à temática da Igualdade, e a divulgação de notícias relativas à nossa Associação.

A Associação UMAR, na Madeira, já existe desde a fundação da UMAR em 1976. É uma Associação Feminista, que luta pela Igualdade de Género, ou seja, pela igualdade de direitos entre mulheres e homens. O percurso desta associação, na Madeira, sempre foi de grande esforço e dedicação. Durante muitos anos, as reuniões entre associadas eram feitas em sedes emprestadas de outras associações, em cafés ou em casa das próprias. Apenas em dezembro de 2014, isto é, após 38 anos de existência na região, é que, graças à Câmara Municipal do Funchal, a UMAR conseguiu ter uma Sede.

Embora com poucos recursos financeiros para implementar projetos, a UMAR Madeira desenvolveu, ao longo destes anos, diversas iniciativas na área da Igualdade que importam referir:

  • Vários cursos de formação profissional e de desenvolvimento pessoal integrados em projetos nacionais da UMAR;
  • O livro “Ecos de Memórias”, desenvolvido no âmbito do projeto Memórias e Feminismos, que congrega histórias de vida de mulheres na Madeira (mulheres de diversas classes sociais, idades e de vários concelhos da região), com o objetivo de dar a conhecer a realidade destas mulheres, a importância do seu testemunho e sua história para a sociedade;
  • O Diagnóstico Social pela Igualdade de Género no Funchal, desenvolvido em 2015, com o apoio da Câmara Municipal do Funchal, é pioneiro na Região Autónoma da Madeira. A partir de 500 questionários anónimos, recolhidos em várias freguesias do Concelho, foi possível conhecer e caraterizar a realidade da igualdade de género no Funchal. As conclusões deste estudo permitiram à Associação uma maior abertura, não só a nível de desenvolvimento de iniciativas, como também na criação de materiais relativos a esta temática;
  • O livro “As imagens falam por elas”, que retrata, à base de 300 registos fotográficos, os 40 anos de história do ativismo na Madeira;
  • O projeto “Promovendo a Igualdade na Comunidade e nas Escolas”, desenvolvido em 2017, com a parceria da SECI/CIG*, possibilitou à Associação organizar um grupo de associdadas para receberem formação interna, com o objetivo de serem elas próprias a desenvolverem iniciativas, em nome da UMAR, nas diversas áreas da igualdade de género.
  • Ao longo deste ano e do próximo ano letivo, com a parceria da SECI/CIG, o projeto “Art’themis+” será implementado em algumas escolas da Região, que tem como objetivos a Prevenção Primária da Violência de Género e a Promoção dos Direitos Humanos nas escolas.

Posto isto, com a experiência que foi sendo adquirida ao longo dos anos, tornou-se necessário alargar o debate à comunidade e promover a responsabilidade cívica de todas/os.     

O blog “Feminismos é Igualdade!” vem, então, acrescentar ainda mais vida a estas questões da igualdade de género, uma vez que permite a discussão de ideias e de opiniões em relação a diversos assuntos.

O caminho para a Igualdade de direitos entre homens e mulheres foi, é e deve ser sempre uma luta constante no nosso dia-a-dia!

 

*Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade / Comissão para a Cidadania e Igualdade

 

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