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Feminismos é Igualdade

27
Nov18

Armas de Guerra


umarmadeira

ARTIGO DE CONCEIÇÃO PEREIRA

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O Prémio Nobel da Paz de 2018 foi atribuído a um homem e uma mulher, um africano e uma asiática. Ela e ele lutam contra os ataques sexuais a mulheres em contexto de guerra. O médico congolez Denis Mukwege foi laureado este ano por reconhecimento ao apoio que tem dado a mulheres ultrajadas e mutiladas sexualmente por militares, na guerra civil que assola a República Democrática do Congo há cerca de 20 anos. Este médico e a sua equipa já trataram mais de 50 mil mulheres sobreviventes de violência sexual. Nádia Murab, iraquiana yazidi, foi raptada e torturada pelo Daesh, juntamente com outras mulheres, que foram violadas, vendidas como escravas em mercados jihadistas. Nádia conseguiu escapar e hoje, com 25 anos, vive na Alemanha e tornou-se uma porta- -voz do seu povo.

O mais terrível de tudo isto é ver que a religião também é usada como arma de guerra. Para os adeptos do Dasesh, os yazidis são hereges, como outrora se matava mouros em nome da religião cristã, se escravizou africanos em nome da sua cristianização, para não falar da inquisição, que matou homens e sobretudo muitas mulheres acusadas de bruxaria. É o medo que os homens maus têm das mulheres, porque elas podem ser mais capazes que eles, são elas que põem filhos no mundo, que cuidam, tratam das suas crianças e familiares e fazem-lhes frente com a sua beleza e mestria.

Desde os tempos mais remotos que os homens, por terem mais força física, impuseram a sua vontade sobre as mulheres, criaram leis, regras de conduta, sempre em seu favor. A mulher adúltera era apedrejada, mas o homem não tinha nada que respeitar a esposa, que podia ser repudiada, deixada ao abandono e muitas vezes vendia favores sexuais para sobreviver e podia ser apedrejada por isso. É caso para nos interrogarmos por que razão o machismo tem vencido sempre e só há pouco mais de um século apareceu o feminismo para lutar pelos direitos das mulheres.

O poder machista e ultraconservador usa todas as oportunidades para fazer valer a sua autoridade e quando agride uma mulher sexualmente não é pelo prazer sexual, mas para impor o seu poder de macho. Se uma mulher vender favores sexuais é uma puta, mas os que compram sexo são considerados homens de bem, viris, muito capazes de imporem autoridade e até comprarem o prazer.

Alguém me dirá que também há mulheres assim. Nós sabemos que há, mas são os homens machistas que têm este estatuto, este poder e que impõem as regras de conduta. Portanto, temos de combater o machismo, que tanto mal tem feito às mulheres durante séculos e séculos.

A atribuição de Prémio Nobel da Paz de 2018 a uma mulher vítima e que luta contra os jihadistas e ao médico que trata mulheres vítimas de violação sexual em contexto de guerra deve ser visto como um avanço civilizacional e um incentivo para a luta pela Paz, pelo Respeito, pela Tolerância e pela defesa dos Direitos Humanos para Homens e Mulheres.

NOTA- Sobre as violações sexuais sobre as mulheres em Portugal, ler o livro de Isabel Ventura “Medusa no Palácio da Justiça ou Uma História da Violação Sexual em Portugal”

bannerConceição

05
Nov18

Je suis Trump


umarmadeira

ARTIGO DE CLÁUDIO PESTANA

800

Kathryn Mayorga é hoje um nome amplamente conhecido pelos portugueses, e pelo mundo em geral por ter vindo a público afirmar ter sido vítima de violação de Cristiano Ronaldo. Não podia deixar passar a oportunidade de postular a minha visão sobre o sucedido nos últimos meses. A americana, como ficou simplesmente conhecida, tornou-se para milhões no rosto da infâmia, do desplante e do profano ao acusar o melhor jogador de futebol de todo o planeta de a ter sodomizado num quarto de hotel em Las Vegas há sensivelmente nove anos, altura em que Cristiano estaria a chegar a Madrid para abraçar uma feliz carreira no Real.

Sobre esta denúncia cabe-me explorar apenas dois factos que me parecem ser inquestionáveis:

Facto número 1: Cristiano Ronaldo é indubitavelmente o melhor jogador de futebol da nossa época e provavelmente o melhor de sempre (G.O.A.T.), tem sido um exemplo dentro e fora do campo ao contribuir financeiramente para diversas causas, tem sido igualmente uma das principais razões pela qual a Madeira tem vindo a estar na boca do mundo e eu quero que ele seja inocente partindo sempre do pressuposto de que toda a pessoa é inocente até prova em contrário.

Facto número 2: Com a denúncia pública, Kathryn Mayorga submeteu-se ao escrutínio dos jornais e ao julgamento popular sendo que este último demonstrou estar à altura da inquisição e da caça às bruxas e no caso particular do que foi possível ler nas redes sociais, digno de um reino sem lei.

O povo, soberano e sóbrio, metódico e justo como habitualmente não se coibiu de julgar na praça pública (ou nas redes sociais, o que é o mesmo). Com toda a sua sapiência e mesmo sem conhecerem os factos da noite em que tudo aconteceu, muita gente foi célere em afirmar que “A americana” era tudo e mais alguma coisa menos uma mulher que não quisesse ser violada por uma celebridade. Muitas das pessoas que se apressaram a lançar os mais diversos epítetos contra a senhora sem conhecimento de causa são as mesmas que se riem de Donald Trump quando este afirma que o aquecimento global é um embuste porque tem um dom natural para a ciência uma vez que teve um tio que foi professor de ciências numa prestigiosa universidade (sim, isto é verídico!).

Não obstante Ronaldo ser Ronaldo e eu sentir orgulho na sua carreira futebolística, abstenho-me de fazer julgamentos em praça pública contra uma mulher que diz ter sido violada. A violação é um acto de violência e não de amor propriamente dito e eu não estava presente no local e não assisti ao ocorrido logo não posso, em plena consciência, adjectivar seja lá quem for, mas conheço muita gente que o pode fazer, é caso para dizer que em algum momento das nossas vidas todos nós somos Trump dependendo da visão sobre o mundo.

O que se disse nas redes sociais serviu para demonstrar que Portugal, em particular, ainda é um país embebido num machismo cego. Resta-nos remar contra a maré até que a maré corra no nosso sentido.

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